Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Sobre Palavras Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
Continua após publicidade

Literalmente, mas nem tanto

“Estou literalmente frita”, diz a moça que acabou de perder o emprego, sem saber que desperta na imaginação de seu interlocutor quadros terríveis de violência medieval. Teriam os perpetradores de tal barbaridade usado azeite, manteiga ou óleo de girassol? Nenhuma das alternativas acima, claro. A moça desempregada quer dizer que está figuradamente frita, mas erra […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 06h10 - Publicado em 26 Maio 2013, 10h00

“Estou literalmente frita”, diz a moça que acabou de perder o emprego, sem saber que desperta na imaginação de seu interlocutor quadros terríveis de violência medieval. Teriam os perpetradores de tal barbaridade usado azeite, manteiga ou óleo de girassol?

Nenhuma das alternativas acima, claro. A moça desempregada quer dizer que está figuradamente frita, mas erra o advérbio e acaba usando um que tem o sentido oposto. O máximo que se pode dizer em sua defesa é que tem a companhia de multidões.

Não é de hoje que o advérbio “literalmente” vem sendo usado de forma liberal demais, como se seu papel fosse apenas o de intensificar, frisar, quando tem função bem diferente. Quer dizer “ao pé da letra” e indica que uma palavra ou expressão não deve ser compreendida, naquele caso, em sentido figurado.

De modo geral, emprega-se “literalmente” em duas situações: para destacar que uma transcrição ou tradução é meticulosamente fiel ao original ou quando – frequentemente com intenções cômicas, espirituosas – uma expressão que poderia ser compreendida em sentido figurado aparece em sua acepção mais básica, literal.

Continua após a publicidade

Alguns exemplos de uso adequado do advérbio, todos no campo da comédia ligeira: “O bombeiro hidráulico entrou pelo cano – literalmente”; “Escassez de seringas na saúde pública é o fim da picada – literalmente”; “Brasileiro vai para o espaço – literalmente”.

Como se vê, mesmo como recurso cômico o “literalmente” é de eficácia duvidosa. Tem sua hora, mas recomenda-se usar com parcimônia. A mesma parcimônia que exercito diante da moça “literalmente frita” e sinceramente aflita, contendo o impulso de lhe perguntar sobre o azeite, a manteiga e o óleo de girassol. Lições de português também têm sua hora.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.