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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Cobaia, mas pode chamar de porquinho-da-índia

A palavra “cobaia” é uma daquelas em que o sentido figurado se impôs de tal forma ao literal que grande parte dos falantes, talvez a maioria, nem sequer sabe que este existe. Substantivo feminino registrado em dicionários de português desde o início do século XIX, “cobaia” tinha – e tem – como primeira acepção a […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 02h15 - Publicado em 27 jan 2015, 15h52

porquinho-da-índiaA palavra “cobaia” é uma daquelas em que o sentido figurado se impôs de tal forma ao literal que grande parte dos falantes, talvez a maioria, nem sequer sabe que este existe.

Substantivo feminino registrado em dicionários de português desde o início do século XIX, “cobaia” tinha – e tem – como primeira acepção a de “porquinho-da-índia” (Cavia porcellus), pequeno roedor nativo da América do Sul que acabaria ganhando o mundo como animal doméstico.

A origem provável da palavra é o termo indígena çabujê, “rato que se come” (o porquinho-da-índia era uma iguaria muito apreciada pelos índios brasileiros). Os portugueses o transcreveram como çabuja, que no latim científico acabou virando cobaya.

A palavra latina passou também ao francês cobaye, nome menos usado do bichinho popularmente conhecido como cochon d’Inde. O espanhol registra conejillo de Indias (“coelhinho das Índias”) e o inglês, guinea pig (“porco da Guiné”).

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É impossível compreender toda essa variedade sem os mal-entendidos geográficos que são comuns na história das palavras. A Guiné pode ter entrado na dança por um erro na interpretação da palavra “Guiana” ou devido às rotas triangulares (América do Sul-África-Europa) dos navios comerciais que introduziram a cobaia na Inglaterra – os estudiosos se dividem sobre isso.

Quanto à Índia, basta lembrar que o Novo Mundo teve durante muito tempo na Europa o nome de Índias Ocidentais, em que o adjetivo “ocidentais” corrigia – sem apagá-lo por completo – o equívoco geográfico original cometido por Cristóvão Colombo ao chegar por aqui. A palavra “índio” para designar o americano nativo tem a mesma explicação.

Muito usado em experimentos científicos, sobretudo na pesquisa de vacinas, o simpático animalzinho passou nas primeiras décadas do século XX, em todas as línguas mencionadas acima, a emprestar seu nome a “qualquer animal ou pessoa que seja objeto de experiências”. A data para o surgimento dessa acepção figurada em português é obscura. Em inglês, segundo o dicionário de Douglas Harper, seu primeiro registro é de 1920.

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