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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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‘Chegado’ ou ‘chego’ é a dúvida que gerou mais cliques – e fim de papo

‘Sobre Palavras’ se despede republicando artigo que teve perto de 306 mil acessos

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 00h26 - Publicado em 23 set 2015, 16h04

images-1O Sobre Palavras é atualizado hoje pela última vez e, como atração final, revela o post de maior audiência de seus mais de cinco anos de história. Num total de 6,9 milhões de acessos, o campeão de cliques – com 305.895 – foi o artigo “‘Eu tinha chegado’ ou ‘eu tinha chego’?”, que publiquei no dia 8 de setembro do ano passado em resposta à leitora Luana Teixeira.

Despeço-me de todos os leitores fiéis que fizeram o sucesso da coluna renovando uma última vez o convite para que continuemos em contato por meio de meu novo site dedicado a questões polêmicas do português brasileiro, o Melhor dizendo, e de sua página no Facebook. Muito obrigado a todos e até logo!

*

“Ouço muito essa frase, mas confesso que ela me causa dúvidas: o certo é ‘eu não havia chegado’ ou ‘eu não havia chego’? O termo chegar, nos dois casos, acaba soando estranho, mas um deles estaria correto?” (Luana Teixeira)

Sem dúvida, Luana: o correto é “chegado”, o único particípio do verbo chegar que a norma culta admite no Brasil e em Portugal. Existem verbos de duplo particípio, chamados abundantes, como aceitar e gastar (leia mais sobre eles aqui), mas chegar não pertence ao clube.

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O particípio “chego” é uma criação popular documentada por linguistas em diferentes regiões de nosso país, em frases como “Na hora da briga, eu ainda não tinha chego”. Em versão substantivada também tem forte presença na língua oral informal, numa expressão como “dar um chego”, isto é, “dar um pulo, uma passada” em algum lugar. Mesmo assim, “chego” não encontra acolhida entre os gramáticos nem tem tradição de uso pelos ditos “bons autores”.

Caso semelhante e também condenado na norma culta é o de “trago”, particípio informal de trazer, de uso igualmente corriqueiro em frases como “Perguntei se ela tinha trago (por ‘trazido’) o presente”. Registram-se outras criações populares parecidas, ainda que menos disseminadas, como “perco” (particípio de perder) no Brasil e “caço” (particípio de caçar) em Portugal.

Vale notar que existe uma regularidade na formação desses “particípios irregulares” sem pedigree: como ocorre com os (legítimos) “aceito”, “gasto”, “pago” e outros, a forma do particípio popular coincide com a do presente do indicativo da primeira pessoa do singular: eu chego, eu trago, eu perco, eu caço…

Não é improvável que, com o tempo, algumas dessas formas emergentes acabem encontrando abrigo na língua culta. O mundo dos particípios irregulares sempre conviveu com uma boa dose de instabilidade. “Pego”, particípio irregular do verbo pegar, é aceito pelos gramáticos no Brasil, mas não em Portugal. Pode ser que um dia “chego” siga os passos de “pego”, mas, enquanto isso não ocorrer, Luana deve escrever “Eu não havia chegado” – e fim de papo.

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