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“O que você acha de um homem que esquarteja duas mulheres?”

Foi assim que Francisco Costa Rocha, o Chico Picadinho, respondeu aos repórteres que lhe perguntaram se era louco, no momento de sua prisão, em 1976

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h58 - Publicado em 28 mar 2017, 23h13

Preso há mais de 40 anos, Francisco Costa Rocha, o Chico Picadinho, teve a sua soltura determinada pela juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da 1ª Vara de Execuções Penais de Taubaté. Por lei, 30 anos é o tempo máximo que um condenado deve passar atrás das grades, independente da pena determinada em seu julgamento. Para mantê-lo em regime fechado, o Ministério Público recorreu a um antigo decreto assinado por Getúlio Vargas que autoriza estender indefinidamente o recolhimento de psicopatas. Mas para o próprio MP, Francisco já quitou sua dívida. Sua libertação deve agora ocorrer de forma assistida e gradual, sob os cuidados da área técnica de saúde mental da Secretaria de Estado da Saúde.

VEJA de 11/10/2000. Clique aqui para ler a reportagem
VEJA de 11/10/2000. Clique aqui para ler a reportagem (Reprodução)

Entende-se a relutância da Justiça em libertá-lo. “Em 1966, ele trabalhava como corretor de imóveis e parecia uma pessoa normal até matar e esquartejar a bailarina austríaca Margareth Suida em seu apartamento no centro de São Paulo. No local, as paredes estavam cobertas de manchas de sangue e havia pedaços de cartolina com desenho de mulheres nuas pelo chão. No vaso sanitário, pedaços do corpo. Preso, Chico foi condenado a dezoito anos de cadeia, mas foi libertado por bom comportamento ao final de quase metade da pena. Dois anos depois de sair, matou a prostituta Ângela de Sousa Silva, criando no cenário do crime um ambiente igual ao que a polícia encontrou após o primeiro homicídio”, lembrou VEJA de 11 de outubro de 2000.

Naquele ano, Francisco teve autorizada sua primeira saída às ruas desde a prisão em 1976. Acompanhado de um agente penitenciário e de uma assistente social, foi visitar a mãe, dona Nancy Rocha, em Campo Grande, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro. “Chorou nos braços dela e foi cumprimentado pelos vizinhos”, narrava a reportagem de VEJA. Ao fim do dia, estava de volta à Casa de Custódia de Taubaté, no interior paulista.

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“Manter esse homem preso é uma forma de protegê-lo”, disse à época o então desembargador Álvaro Lazzarini, um dos juízes que negaram o pedido de liberdade apresentado por advogados de Chico. “Não podemos esquecer o que aconteceu com o Bandido da Luz Vermelha”, explicou o magistrado, lembrando o caso de João Acácio Pereira da Costa, que deixou a prisão após 30 anos e, quatro meses depois, foi assassinado ao meter-se numa briga de bar.

Então, como agora, Picadinho demonstrava bom comportamento atrás das grades. “Chico Picadinho vive em uma cela individual de 8 metros quadrados, com cama e lavatório. Gasta a maior parte das horas que pode ficar fora da cela pintando quadros em um ateliê da casa. Apresenta bom comportamento, relaciona-se bem com todo mundo e jamais tem surtos psicóticos”, narrava a reportagem.

Como se comportará em liberdade? Não há como garantir, diz o promotor Luiz Marcelo Negrini, mas o histórico de bom comportamento e a idade (74 anos) indicam que há “pouca probabilidade” de Chico reincidir no crime.

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A prisão de Picadinho, em 1976. Clique para ler a repotagem de VEJA
A prisão de Picadinho, em 1976. Clique aqui para ler a reportagem de VEJA (Reprodução)

“Como se eu estivesse saindo de um pesadelo”

Se o primeiro assassinato cometido por Picadinho, nos anos 1960, já indignou o país, a repetição do crime, nos anos 1970, teve contornos ainda mais chocantes. Ao policiais, segundo reportagem de VEJA de 3 de novembro de 1976, o assassino contou ter encontrado sua vítima em uma lanchonete e a levado ao apartamento da Avenida Rio Branco, no centro de São Paulo, onde morava. Meia hora depois de subir, Ângela estava morta. “Primeiro eu a esganei, com as mãos. Depois coloquei o corpo na banheira e cortei. Mais tarde, tive sono e dormi. Quando acordei, foi como se eu estivesse saindo de um pesadelo”, narrou.

Francisco arrumou o apartamento, que dividia com um amigo, deixou um bilhete (“Fui viajar, amizade”) e fugiu de São Paulo. Foi preso em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, lendo uma reportagem sobre o crime. Alegou “embriaguez patológica”. Na delegacia, instado pelos repórteres a explicar os motivos que o levaram a esquartejar Ângela, afirmou: “Eu também gostaria de saber”. E quando perguntaram se era louco, devolveu: “O que você acha de um homem que mata e esquarteja duas mulheres?”

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