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Marisa Letícia: do ABC a Brasília, de Brasília ao Guarujá

Simples, forte e mandona. Assim Marisa Letícia foi descrita em reportagem de VEJA de 1994, quando aspirava se tornar "primeira-companheira"

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 21h03 - Publicado em 2 fev 2017, 01h57
VEJA de 30/10/2002
VEJA de 30/10/2002. Clique aqui para ler a reportagem. (Reprodução)

Tímida em público, durona em particular. Foi assim que reportagem de VEJA de 30 de outubro de 2002 descreveu Marisa Letícia Lula da Silva após a vitória do marido nas eleições daquele ano. Assim como Lula, Marisa também tivera o visual reformulado: “Cabelos cortados e tingidos em salão da elite, guarda-roupa orientado por profissional do ramo, rugas aparadas na mesa de cirurgia”. Mas o jeito de ser continuava exatamente o mesmo:

“Em lugar da antropóloga Ruth Cardoso, entra uma dona-de-casa que começou a trabalhar aos 9 anos e estudou até a 7ª série. Poucos meses antes da largada da campanha, durante o feriado de fim de ano, foi vista num dia de praia em toda a desafetação suburbana de uma bermudinha branca e camisetão idem. ‘Ela é uma mulher simples, uma caipira como eu’, compara uma de suas cinco irmãs, membro de uma família numerosa em que a súbita semelhança da nova primeira-dama com a prefeita Marta Suplicy, a arrumadíssima prefeita de São Paulo, é recebida com divertida admiração. Marisa fuma, gosta de tomar uma cervejinha, é católica devota. Tímida em público, é mandona na intimidade, simpática e afetuosa com o círculo mais próximo, gélida com quem não passa por seu crivo. É esse crivo que separa os ‘amigos de verdade’, aqueles que serão admitidos no convívio familiar, dos que se aproximam ‘por interesse’. Estes sem dúvida estão se proliferando em velocidade vertiginosa e, previsivelmente, continuarão a fazê-lo pelos próximos quatro anos. A eles, um aviso: quando virem dona Marisa com a expressão séria e cantos da boca apontando para baixo, cuidado com os excessos de bajulação.”

VEJA de 13/09/1989
VEJA de 13/09/1989. Clique aqui para ler a reportagem (Reprodução)

Que fosse um pessoa simples, ela mesma fazia questão de frisar. “Nem o Lula pode me mudar”, disse em 1989, conforme registrou reportagem de VEJA com as mulheres dos principais candidatos da primeira eleição presidencial após a ditadura militar: “No início, quando comparecia a reuniões sociais, ela não sabia direito como se comportar. ‘Em jantares e coquetéis, eu ficava olhando as pessoas comerem primeiro’, conta ela. ‘Depois, fazia tudo igual.'”

Derrotado por Fernando Collor, Lula voltou a carga em 1994, e Marisa novamente enfrentou os holofotes como candidata a ‘primeira-companheira’ – a expressão politicamente correta então escolhida pelo PT. “Simples, forte e mandona”, descrevia reportagem de VEJA de 21 de setembro daquele ano:

VEJA de 21/09/1994
VEJA de 21/09/1994. Clique aqui para ler a reportagem (Reprodução)

“Marisa é capaz de tirar os sapatos em público, cansada do ritmo massacrante da campanha. Clareia os cabelos e mantém as unhas bem-cuidadas, mas para se vestir recorre a costureiras de bairro ou lojas de São Bernardo, onde compra tudo de uma vez para não perder tempo. Gosta de horóscopo e de roupas vermelhas, como Nancy Reagan, por motivos supersticiosos. Estudou até a 7ª série e se dá por satisfeita. ‘Fui me educando pelos acontecimentos’, diz Marisa, cujo currículo oficial inclui apenas um breve curso de formação política na Pastoral Operária de São Bernando, em 1980. Durante uma semana, ela exigiu que Lula ficasse em casa com as crianças, à noite. Lula reclamou.

(…)

Marisa não tem nenhum traço da mulher de político que se angustia com um marido ausente, exausto ou ligado em outra sintonia. ‘Às vezes, quando o Lula está muito cansado, eu insisto. Dou uma força, vejo a agenda, digo que ele tem de cumprir’, contra Marisa, que só fica irritada mesmo quando o marido decide descansar em casa com a família mas pendura-se no telefone.”

Capa VEJA - Marisa Letícia Lula da Silva - 21/05/2003
VEJA d 21/05/2003. Clique aqui para ler a reportagem. (VEJA)

Mais do que uma forcinha, Marisa teve papel de relevo na campanha vitoriosa de 2002, como narrou reportagem de capa de VEJA de 21/05/2003:

“Depois de ter ficado três campanhas presidenciais escondida nos bastidores, no fundo dos palanques em que o marido arengava às massas, ela apareceu como nunca na última disputa eleitoral. Recebia afagos públicos do marido, debruçava-se à frente dos palanques, acenava aos eleitores e distribuía sorrisos. Sua súbita aparição, com a estampa recauchutada e o figurino escolhido por uma especialista, foi uma estratégia de marketing eleitoral, concebida pelo publicitário Duda Mendonça. O bruxo do marketing petista queria explorar o fato de que Luiz Inácio Lula da Silva mantinha um sólido casamento de 29 anos — e isso poderia ter um triplo efeito eleitoral: transmitir a imagem de um homem confiável, humanizar a figura de um político conhecido pela barba e pela carranca e, por fim, amenizar a resistência do eleitorado feminino ao candidato.”

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Em Brasília, cidade pela qual nunca morrera de amores, Marisa tentou marcar presença e engatou uma agenda cheia. “Em apenas cinco meses, já foi vista em público mais do que algumas primeiras-damas durante um mandato inteiro”, dizia a reportagem. “Marisa comparece aos tensos salseiros da bancada petista. Testemunha negociações políticas do presidente. Até a uma reunião ministerial já foi, com direito a assento à mesma mesa oval em que se debruçam os ministros. No Palácio do Planalto, ocupa um gabinete colado ao do marido.”

A reportagem relatava também os prazeres e desprazeres da primeira-dama. Seus gostos: “Fumar seu cigarrinho (detesta revelar que é fumante e não se deixa fotografar com um cigarro entre os dedos), tomar uma cervejinha (sua bebida predileta), jogar cartas (adora buraco e mexe-mexe, versão simplificada do jogo) e papear (desde que não seja sobre política)”. As chateações: comentários sobre o lifting feito no ano anterior (e que ela jura que nunca fez); comparações com D. Ruth Cardoso; cobranças para falar em público; o assédio de mulheres (com agravante no caso de atrizes famosas) a Lula; entre outras chateações.

VEJA de 24/2/2016
VEJA de 24/2/2016. Clique aqui para ler a reportagem. (Reprodução)

Aos poucos, porém, Marisa desacelerou. Em meio ao escândalo do mensalão, VEJA registrou que o Planalto reforçara a blindagem, temendo que ela se tornasse alvo da oposição. “A primeira-dama inclusive já está mais recolhida, aparecendo menos nas cerimônias públicas”, dizia nota da coluna Radar. Passaria os demais anos do governo petista esquecida. Até o petrolão: em 2015, seu nome voltou ao noticiário em meio às suspeitas que cercam a reforma de um sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, e de um tríplex no Guarujá, no litoral do Estado. “Mensagens descobertas no aparelho celular do empreiteiro da OAS Léo Pinheiro, um dos condenados no escândalo de corrupção da Petrobras, detalham como a empresa fez as reformas e mobiliou os imóveis do Guarujá e de Atibaia, seguindo as diretrizes do ‘chefe’ e da ‘madame'”, revelou VEJA de  24/02/2016. Segundo os policiais, “chefe” era Lula, e “madame”, Marisa.

Ao aceitar denúncia contra Marisa, Lula e mais seis pessoas, o juiz Sérgio Moro lamentou a inclusão do nome da ex-primeira-dama no rol de acusados e ponderou que “há dúvidas relevantes” sobre o seu envolvimento no esquema. No despacho, escreveu: “Lamenta o juízo em especial a imputação realizada contra Marisa Letícia Lula da Silva, esposa do ex-presidente. Muito embora haja dúvidas relevantes quanto ao seu envolvimento doloso, especificamente se sabia que os benefícios decorriam de acertos de propina no esquema criminoso da Petrobras, a sua participação específica nos fatos e a sua contribuição para a aparente ocultação do real proprietário do apartamento é suficiente por ora para justificar o recebimento da denúncia também contra ela e sem prejuízo de melhor reflexão no decorrer do processo.”

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