Barracos no mundo virtual, ontem e hoje
Pancadaria digital acompanha a história de toda ferramenta que pode aproximar pessoas com pouco ou nada em comum, como, atualmente, os grupos de WhatsApp
Reportagem de VEJA desta semana foca os barracos nos grupos de WhatsApp, onde a proximidade virtual de pessoas com pouco ou nada em comum favorece ‘bate-polegares’ furiosos. Os embates são resultado, dizem os entendidos, do uso inadequado da ferramenta. Regras de conduta são fundamentais para que o ambiente virtual não vire uma terra sem lei. A edição que chega agora às bancas traz um manual de sobrevivência no aplicativo. Mas os barracos do mundo virtual são muito mais antigos que o WhatsApp.
Em 2008, reportagem de VEJA sobre o vale-tudo na internet tratava, em particular, da tentação de ‘fazer justiça com o próprio mouse’. O palco dos barracos: o finado Orkut, o YouTube e até o eBay, a que amantes traídos ou abandonados recorriam para expor ou difamar a antiga paixão, valendo até o leilão da calcinha da outra que uma esposa encontrou em sua cama – junto com a embalagem de preservativos. Leia trecho da reportagem:
Os preservados muros de Pompéia confirmam: nos tempos do Império Romano, quando escrever nas paredes era uma forma de comunicação instantânea, até dor-de-cotovelo terminava grafitada. “Quem ama desce ao inferno”, começa um dos raros versinhos publicáveis, contra uma certa “Vênus” (a cidade inteira devia saber quem era), que “partiu meu pobre coração”. Nisso, os tempos não mudaram. O primeiro sentimento de quem se sente traído num relacionamento amoroso é o de se vingar. O segundo, e aí está a transformação, é ir para a internet. Com efeito instantâneo e praticamente indelével, o muro eletrônico pode aplacar os piores instintos, embora não seja emocionalmente muito saudável, quando não incorre na ilicitude. A facilidade da vingança pela rede é uma tentação. “A prática de fazer justiça com o próprio mouse tem resultado muito mais rápido e abrangente”, diz a advogada Patricia Peck, de São Paulo, com a experiência de quem se especializou em crimes pela web.
Três anos antes, ao tratar da escalada das imagens digitais – e da proliferação dos fotochatos -, reportagem de VEJA reuniu algumas recomendações de bom comportamento virtual.
O fotógrafo, por exemplo, era (e continua sendo) aconselhado a:
- 1. Sempre pedir autorização ou avisar antes de disparar sua máquina na cara das pessoas
- 2. Tirando seu próprio e fofo bebezinho, nunca fotografar uma pessoa comendo ou dormindo
- 3. Antes de mandar fotos para os amigos, conferir se estão mesmo interessados
E para os usuários de internet:
- 1. Num site de bate-papo on-line, quando alguém define seu status como “ocupado” é porque não quer ser incomodado. Adie a conversa
- 2. Em computadores de uso compartilhado é possível que, sem querer, você abra o e-mail ou a caixa de diálogo de outra pessoa. Resista à tentação e clique em Sair imediatamente
- 3. Ao mandar piadas para os amigos, selecione bem. E tenha absoluta certeza de que eles gostam de receber
- 4. Aliás, reflita: precisa mesmo compartilhar piadas?