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A ascensão de Magal e a receita do sucesso, segundo Paulo Coelho

VEJA de abril de 1979 traçou perfil de um "astro concebido sem pecado original"

Por Da redação
Atualizado em 5 ago 2017, 02h08 - Publicado em 5 ago 2017, 02h04
VEJA de abril de 1979
VEJA de abril de 1979 (Reprodução/VEJA)

Em 2017, o cantor Sidney Magal ganhará uma série de homenagens pelos cinquenta anos de carreira, incluindo o lançamento de um DVD, uma biografia e dois filmes, como revela VEJA desta semana. A reportagem observa que ele conseguiu mais do que sobreviver às idiossincrasias do mercado: “Virou um emblema pop, cuja influência vai de Wesley Safadão (herdeiro de seu rebolado) à MPB derramada de uma Ana Carolina — que, aos 7 anos, encantava as freguesas do salão de cabeleireiros onde a mãe trabalhava com uma versão de Meu Sangue Ferve por Você, um dos hits do cantor carioca”.

Magal foi feito de fato para durar, mostrava VEJA de 11 de abril de 1979. Intitulada “O garanhão de proveta”, a reportagem investigava a fulminante ascensão de “um astro concebido sem pecado original: sua gravadora planejou tudo para que ele seja eterno”. Na ocasião, o cantor entrava em cartaz em 80 cinemas do país com o filme Amante Latino, com roteiro de Paulo Coelho, muitos anos antes de sua carreira de escritor deslanchar. Nele, Magal perseguia bandidos, beijava a célebre Sandra Rosa Madalena e acabava salvando um acampamento cigano e uma escola ameaçados de despejo por uma imobiliária. A trama explorava a mitologia desenhada para promover o cantor, segundo a qual descendia de ciganos húngaros. “É um tataravô, algo assim”, despistava Magal.

O sucesso do cantor veio de sua união com o empresário e produtor Roberto Livi, que o ajudou com o repertório e inventou a origem cigana. “Ele é um diamante bruto. Tem carisma, voz, dança”, dizia a VEJA o argentino radicado no Brasil. “Eu apenas lapidei.” Livi o viu se apresentar pela primeira vez numa pizzaria na Barra da Tijuca. “Já se apresentava de uma maneira agressiva, coreografada, as mãos gesticulando frenéticas na frente do rosto a insinuar paixões furiosas”, relatava VEJA. O empresário traçava todos os passos do cantor, disciplinava a relação com as fãs, orientava o contato com a imprensa e o aconselhou até na compra de seu apartamento.

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Coelho, por sua vez, além de roteirizar o filme protagonizado por Magal, assinou versões de músicas latinas que entraram para o repertório do cantor e, como executivo de gravadora, produziu um relatório em 1977 sobre as oportunidades que se abriam para fixar o amante latino no céu de estrelas da música brasileira. Das sugestões, constava o figurino sensual, um ensaio nu e o comportamento “difícil no geral, mas afável no contato com as pessoas”, como registrou a reportagem publicada dois anos depois:

“Em nossa opinião, a formação de um ídolo é uma das muitas coisas que estão faltando no panorama atual da MPB. O lugar dos Jerry Adriani, Wanderley Cardoso e outros ainda não foi ocupado por ninguém. A mitologia fonomecânica está toda concentrada na música jovem e no samba, o que não deixa de ser uma estratégia certa, mas extremamente radical. Já que nosso cast de samba não é tão forte assim, e que apresentamos graves falhas no acesso a novas composições, podemos, sem grandes pavores da concorrência, enfocar a formação de um ídolo popular.

Este ídolo deve ser garantido por um tripé básico de considerações: a) a estampa; b) o comportamento; c) o carisma.

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a) A estampa de Sidney deve ser trabalhada no sentido de apresentar-se um pouco acima da massa, mas com ligações eminentemente populares. É preciso não esquecer que erramos com o afastamento completo de João Ricardo, quando quisemos traçar sua estampa. As roupas devem ser marcantes, sempre tendendo para o lado sexual: podemos usar com muita frequência a cor preta e, em alguns casos, o Sidney sem camisa. Futuramente, creio que um dos objetivos é conseguir que Sidney seja fotografado nu, como o goleiro Leão, numa revista feminina.

b) O comportamento deve ser sempre com tendências eminentemente populares. Deve ser difícil no geral, mas afável no contato com as pessoas. Declarações eminentemente de classe média: recomendamos a Sidney que leia com atenção e muita frequência todas as declarações dos artistas da TV Globo. Sugerimos que siga esta linha.

c) O carisma é o ligeiro toque que faz com que uma pessoa comum seja respeitada como ídolo. Assim como o item anterior sugere uma extrema atenção popular, esta atenção deve ser sempre mantida com o adendo de um aparato de mito. Não devemos forjar a situação, como muitas vezes já foi proposto na companhia, com relação a outros artistas (carros, cores, etc.), mas deixar que tudo vá acontecendo naturalmente, que sua distância carismática se afirme aos poucos, já que os itens anteriores são suficientes para permitir uma ascensão do cantor”

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