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Temer sancionará o texto da dívida; falidos terão contrapartidas

Presidente não veta proposta da Câmara, mas Estados que optarem pela recuperação fiscal, que supõe calote temporário da dívida, terão de oferecer garantias

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 6 fev 2017, 17h35 - Publicado em 21 dez 2016, 16h17

O presidente Michel Temer pôs nos devidos termos a renegociação da dívida dos Estados, definida na noite de ontem pela Câmara e que agora vai para a sua sanção ou veto — e ele deve sancionar. O texto que o governo preferia ver aprovado trazia as contrapartidas nos Estados que optarem pela chamada recuperação fiscal. Os principais pontos previam o compromisso com um programa de privatizações, a criação de limites para a expansão dos gastos com funcionalismo, aumento da contribuição previdenciária dos servidores e repactuação de salários. Tudo isso desapareceu do texto.

E o que afirmou o presidente sobre o boato de que poderia vetar o texto? Leiam: “Até houve essa manifestação [sobre eventual veto ao texto aprovado] porque a primeira impressão que se deu ontem [terça] é que o governo foi derrotado, mas não é nada disso. O que fizemos foi exatamente um projeto de lei para confirmar a repactuação das dívidas com os Estados. Depois, em face da dificuldade de alguns, a Fazenda propôs a hipótese da recuperação fiscal, que é uma coisa assemelhada à recuperação judicial que se faz com o setor privado”.

É verdade. O presidente distingue aí duas coisas: uma é a renegociação geral com os Estados; outra, uma resposta àqueles que vivem uma situação verdadeiramente dramática, de insolvência, como é o caso do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Todas as unidades da federação terão alongada a sua dívida, pagando parcelas menores à União até 2018. A sua única obrigação é não elevar os gastos acima da inflação, seguindo o exemplo da PEC do Teto. Isso vale para todos.

Ocorre que há os Estados que vão entrar num regime especial, a exemplo desses três. Nesse caso, deixarão simplesmente de pagar as parcelas das dívidas por três anos. E foi nesse ponto que o desentendimento aconteceu. Ora, o nome disso é calote, certo? Os termos na renegociação para quem suspende o pagamento não podem ser os mesmos.

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Aliás, os governadores que lutaram contra o texto podem ter criado um problema para si mesmos: seria mais fácil deixar claro ao público doméstico que não tinham escolha; que eventuais medidas mais duras faziam parte de um conjunto que não era de sua vontade. Mas não adiantou. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, candidato à reeleição, se juntou à oposição e acabou aprovando o texto sem contrapartida nenhuma. O procedimento cria dificuldades por nada.

Sim, o presidente deve sancionar o texto, e, agora, os Estados que entrarem no regime de recuperação fiscal terão de negociar com a Fazenda caso a caso, o que torna tudo mais difícil para os dois lados. E Maia foi explícito: Temer que vete se não gostar.

Ora, não é assim que tem de tocar a música. Vocês perceberam o que fizeram os senhores deputados que aprovaram o texto, sem as contrapartidas? Comprometeram-se só com a parte, digamos, “boazinha” do projeto, que alonga a dívida para a maioria e permite o calote para alguns. Na hora do remédio de gosto desagradável, as contrapartidas, passaram o problema adiante.

O presidente, no entanto, reiterou nota da Fazenda, emitida logo depois da votação na Câmara, e disse: “No momento em que houver pedido de recuperação fiscal, nós vamos determinar que só se dá a recuperação se houver contrapartida, e essa contrapartida tem que estar muito bem alinhavada. A tendência maior é não vetar [o projeto]”.

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É isso mesmo. Ou o compromisso do governo federal com o controle das despesas vai pelo ralo. Tudo poderia estar já resolvido, mas a Câmara houve por bem criar dificuldades adicionais. A tarefa de pôr o estado brasileiro nos trilhos é longa e pedregosa. Isso demonstra o tamanho da irresponsabilidade daqueles que, a esta altura do campeonato, ficam flertando com teses como eleições diretas ou Constituinte.

O trabalho dos que querem afundar o Brasil para ganhar fábulas com a especulação é determinado. Mas nós vamos resistir.

 

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