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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Sob a gestão de Nelson Breve, EBC comete a maior delinqüência jornalística de sua história: noticia a existência de mortos no Pinheirinho que jamais existiram. E o que fizeram o UOL e Terra

Escrevi aqui outro dia que Nelson Breve, atual presidente da EBC — é o substituto de Tereza Cruvinel — começou sua carreira jornalística no Diário do Grande ABC, onde também comecei. Eu era redator-chefe quando ele entrou como repórter. Embora jornalista, tinha feito carreira em banco, mas queria mudar de ramo. Já era petista. Eu […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h42 - Publicado em 24 jan 2012, 05h31

Escrevi aqui outro dia que Nelson Breve, atual presidente da EBC — é o substituto de Tereza Cruvinel — começou sua carreira jornalística no Diário do Grande ABC, onde também comecei. Eu era redator-chefe quando ele entrou como repórter. Embora jornalista, tinha feito carreira em banco, mas queria mudar de ramo. Já era petista. Eu já não era. Até relatei uma conversa nossa. A minha síntese para ele foi esta: “Eu me interesso pela notícia, não por aquilo que grupos de pressão dizem ser notícia”. Acho que ele não aprendeu a lição.

A EBC mergulhou feio, nesta segunda, na delinqüência jornalística. Aliás, algo parecido jamais aconteceu! Nem na gestão de Tereza Cruvinel. Vimos, sim, atitudes reprováveis, como escalar repórteres da EBC para fazer perguntas-provocação ao então candidato da oposição à Presidência em 2010, José Serra — para Dilma, nunca! Mas veicular denúncias irresponsáveis, citando mortes inexistentes, aí, não! Isso nunca! Leiam a barbaridade veiculada pela Agência Brasil.

Por Bruno Bocchini e Flávia Albuquerque:
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto, disse hoje (23) que houve mortos na operação de reintegração de posse do terreno conhecido como Pinheirinho, na periferia da cidade. De acordo com ele, crianças estão entre as vítimas. “O que se viu aqui é a violência do Estado típica do autoritarismo brasileiro, que resolve problemas sociais com a força da polícia. Ou seja, não os resolve. Nós vimos isso o dia inteiro. Há mortes, inclusive de crianças. Nós estamos fazendo um levantamento no Instituto Médico-Legal [IML], e tomando as providências para responsabilizar os governantes que fizeram essa barbárie”, disse, em entrevista à TV Brasil.
Segundo Neto, a Polícia Militar (PM) e a Guarda Municipal chegaram a atacar moradores que se refugiavam dentro de uma igreja próxima ao local. “As pessoas estavam alojadas na igreja e várias bombas foram lançadas ali, a esmo”, declarou. O representante da OAB disse ter ficado surpreso com o aparato de guerra que foi montado em prol de uma propriedade pertencente à massa falida de uma empresa do especulador Naji Nahas. “O proprietário é um notório devedor de impostos, notório especulador, proibido de atuar nas bolsas de valores de 40 países. Só aqui ele é tratado tão bem”.
Desde o início da manhã de ontem (22) , a PM cumpre uma ordem da Justiça Estadual para retirar cerca de 9 mil pessoas que vivem no local há sete anos e 11 meses. O terreno integra a massa falida da empresa Selecta, do investidor Naji Nahas. A Justiça Federal decidiu contra a desocupação do terreno, mas a polícia manteve a reintegração obedecendo ordem da Justiça Estadual. A moradora Cassia Pereira manifestou sua indignação com a maneira como as famílias foram retiradas de suas casas sem que ao menos pudessem levar seus pertences. “A gente está lutando por moradia. Aqui ninguém quer guerra, ninguém quer briga, a gente quer casa, nossa moradia. Todo mundo tinha suas casas aqui construídas, e tiraram de nós, sem direito a nada. Pegamos só o que dava para carregar na mão”, disse.
O coronel Manoel Messias Melo confirmou que os policiais militares se envolveram em conflitos durante a madrugada, mas negou que a ação foi contra os moradores do Pinheirinho. “Foram vândalos e anônimos que praticaram incêndios na região. Tivemos 14 prisões e algumas apreensões de armas esta noite”, declarou. “Agora vamos cuidar do patrimônio das pessoas. O oficial de Justiça lacrou [os imóveis] e nós guardamos o imóvel durante a noite. O oficial de justiça vai arrolar os bens. As pessoas receberam um número. Todos os bens serão etiquetados, conduzidos a um caminhão e levados para um depósito judicial ou a um endereço [fornecido] pelo morador”, disse Melo. De acordo com o coronel, a PM vai permanecer no local até a reintegração de posse do terreno ser concretizada. “Entregue a posse ao proprietário ele deve tomar providências para guardar o local”. Procurada pela reportagem para falar sobre o assunto, a prefeitura de São José dos Campos não quis se pronunciar.

Voltei
Pois bem! Felizmente, não houve mortos na operação coisa nenhuma! Trata-se de uma mentira estúpida. Mas foi parar na homepage do UOL, na manchete, e do Terra Terra, onde se lia, com todas as letras: “OAB apura denúncias de mortes em ação da PM no Pinheirinho”.

A que ponto chegamos! Como se pode ler neste site do jornal “O Vale”, o tal Aristeu César Pinto Neto é, na verdade, advogado dos invasores, do Movimento dos Sem-Teto. A seção de São José dos Campos da OAB desautorizou o tal advogado e postou a seguinte nota em seu  site: “Informamos à toda mídia e demais órgãos de imprensa, que o único autorizado a fazer qualquer pronunciamento em nome da OAB Subeção de São José dos Campos é o seu Presidente Dr. Julio Aparecido Costa Rocha.”

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Muito bem! Agora noticia o Terra: “Prefeitura e PM negam mortes em ação no Pinheirinho”. Entenderam agora o que o Terra entende ser jornalismo? Ora, um diz: “Houve mortes”. Outro retruca: “Não houve mortes”. E pronto! Estão dadas as duas versões. Pronto! Mas houve ou não houve? Ah, gente… Mas esperem: “Há, ao menos, alguma prova, algum indício, alguma evidência?” Rigorosamente nada! Observem que não se trata de uma simples divergência de opinião! Fala-se aqui de… mortes!!!

Estamos diante do escancaramento de duas degradações: a da ética do poder, que permite e estimula aquele tipo de delinqüência. E da ética jornalística: nunca antes na história destepaiz a existência ou não de mortos numa operação foi mera questão de “lado” e “outro lado”.

Texto publicado originalmente às 22h13 desta segunda
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