São Francisco 1: especialistas discordam sobre transposição
Por Guilherme Scarance, no Estadão:Se gera dúvidas e conflitos no âmbito político, a transposição do Rio São Francisco não é menos polêmica entre os estudiosos do tema. Uma parte vê uma nova e grave ameaça ambiental, embalada pela reedição da indústria da seca, com prejuízos para a população miserável, que corre o risco de não […]
Se gera dúvidas e conflitos no âmbito político, a transposição do Rio São Francisco não é menos polêmica entre os estudiosos do tema. Uma parte vê uma nova e grave ameaça ambiental, embalada pela reedição da indústria da seca, com prejuízos para a população miserável, que corre o risco de não ver “a cor da água” prometida pelo presidente Lula. Do outro lado, o raciocínio é oposto: a obra não só levará água para regiões castigadas, como abrirá portas para o desenvolvimento do Nordeste, sem abalos ecológicos e a custo razoável. Um empreendimento arriscado ou um precursor do progresso? Eles não se entendem. Estudioso da hidrologia do Nordeste há três décadas e da transposição há 13 anos, o engenheiro agrônomo João Suassuna, pesquisador titular da área de ciência e tecnologia da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, é crítico ácido da obra. “Tecnicamente, é muito ruim, porque não vai atender aos objetivos: ou seja, abastecer 12 milhões de pessoas”, afirma. Segundo ele, o principal objetivo será atender ao agronegócio, à irrigação, à criação de camarão e às indústrias. “A população que passa sede não vai ver a cor da água.” A mesma posição é compartilhada pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Apolo Heringer Lisboa (…)
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Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), não concorda. “O semi-árido precisa de água para o seu desenvolvimento econômico e social”, diz. “A água tem de vir de outro lugar. Um deles é o São Francisco, provavelmente o mais barato.” Para ele, quem diz que a água não chegará para a população que passa sede “não sabe o que está dizendo”
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