República de Banânia já pode adotar um novo nome: Findomundistão
Para quem, como este escriba, antecipou todos os lances desse jogo, o resultado é ainda mais melancólico porque esperado
Para quem, como este escriba, antecipou todos os lances desse jogo, o resultado é ainda mais melancólico porque esperado. Pior: aquela que poderia ser o último refúgio da racionalidade — a imprensa — se estreita com os acusadores num abraço insano.
Até ontem à noite — e o Supremo hoje já está de folga —, os acusados ainda não tinham acesso à delação, embora, para todos os efeitos, Edson Fachin tivesse posto fim ao sigilo. Houve alguma notável trapalhada, aí no âmbito do Supremo, e o que veio a público foram os despachos do ministro.
De todo modo, saúde-se o fato de que, daqui a pouco, saberemos o que foi dito na Delação do Findomundistão. E os acusados poderão, ao menos, articular a sua defesa.
Qual é o saldo? Aquele que anunciei tantas vezes aqui:
1: desapareceu a figura do “articulador” da Grande Arte de assaltar o estado e a institucionalidade: o PT;
2: todo o sistema é culpado e corrupto; o PT foi apenas mais um dos autores;
3: caso se sopesem as imputações finais, chega-se à conclusão de que o PSDB, longe do poder por 14 anos, está ainda mais comprometido com a roubalheira do que o PT…;
4: Lula e Dilma estão, sim, enroscados, mas quem não está na elite política brasileira?;
5: as razões essenciais que levaram a população à rua contra o governo do PT se perderam — e ainda volto a esse assunto;
6: como estamos nos negando, como país, a olhar para o arcabouço legal, o próximo governo, qualquer que seja ele, e também a isto voltarei, já está comprometido;
7: nada terá desfecho fácil e rápido; infelizmente, viveremos uma crise, em sentido amplo, de longa duração.
Corolário: dentro ou fora da cadeia, culpado ou inocente, Lula poderá dizer: “Eu não disse que todos eram iguais?”.
Sim, ele disse.