Quem é mesmo o branco de direita? Jorge Furtado, o esquerdista, é um filho da ARENA convertido ao PT
Jorge Furtado, o cineasta gaúcho que decidiu sair em defesa do capilé oficial para Maria Bethania, diz que só a direita branca de São Paulo protestou. Pois é… De direita branca, esse rapaz entende — no caso, a direita branca do Rio Grande do Sul. Sua mãe, Dercy Furtado, foi, durante muitos anos, deputada estadual […]
Jorge Furtado, o cineasta gaúcho que decidiu sair em defesa do capilé oficial para Maria Bethania, diz que só a direita branca de São Paulo protestou. Pois é… De direita branca, esse rapaz entende — no caso, a direita branca do Rio Grande do Sul.
Sua mãe, Dercy Furtado, foi, durante muitos anos, deputada estadual no Rio Grande do Sul pela… ARENA. Sim, a Aliança Renovadora Nacional, o tal partido da ditadura. Sua atuação, consta, esteve ligada à defesa dos direitos das mulheres, o que ela poderia ter feito, também, no MDB, não é? Mas a família escolheu o partido da ditadura.
Talvez fosse coerência ideológica mesmo, já que o marido, também Jorge, pai do Jorge de esquerda, foi secretário-geral do Ministério do Trabalho e da Educação. Sempre durante a ditadura!
Não estou satanizando ninguém por ser filho desse ou daquele. Até porque é Furtado quem parece achar que ser de direita é um crime, não é mesmo? Lembro que a sua filiação, no entanto, pode lhe ter sido providencial. Consta que ele estudou muita coisa, tinha muita pressa e tal, mas não concluiu nada: medicina, psicologia, jornalismo, artes plásticas… Resultado: terminou numa empresa pública (ama o estado faz tempo): no início dos anos 80, foi para a TV Educativa do Rio Grande do Sul. Foi empregado na gestão de José Augusto Amaral de Souza, governador biônico da ARENA, aliado político de seus pais. Entre 1984 e 1986, foi nomeado diretor do Museu de Comunicação Social de Porto Alegre. O governador, aí já eleito diretamente, era Jair Soares, ex-ARENA, então PDS. Outro aliado de seus pais.
Dali o homem deslanchou. Como se vê, a direita branca gaúcha teve papel decisivo no início de sua carreira, não é mesmo? Se é para falar nesses termos, este senhor tem mais é de dobrar a língua. Fico sabendo não mais do que marginalmente das “esquerdices” de Furtado e costumo ignorá-las. Deixaria essa parte de sua biografia de lado se não tivesse sido ele a escolher os argumentos.
E não deixo de lhe dar os parabéns: ele é, à sua maneira, esperto; eu não. Quando Furtado era protegido por sua família, íntima do regime militar, eu tentava… derrubar o regime militar. A ditadura se foi, e o PT chegou lá. A família Furtado continua íntima do poder. Conclusão: ele tem vocação para ser governo; eu tenho vocação para ser oposição.