Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

PSDB x PT: sobre verdades, mentiras e equívocos

O Jornal Nacional e o Jornal da Globo, confrontando as imagens do SBT com outras feitas pelo celular de um repórter da Folha, evidenciaram com clareza inquestionável que a agressão que forçou o tucano José Serra a interromper a caminhada no Rio não foi aquela exibida pelo SBT, a da bolinha de papel. Ontem à […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h51 - Publicado em 22 out 2010, 16h25

O Jornal Nacional e o Jornal da Globo, confrontando as imagens do SBT com outras feitas pelo celular de um repórter da Folha, evidenciaram com clareza inquestionável que a agressão que forçou o tucano José Serra a interromper a caminhada no Rio não foi aquela exibida pelo SBT, a da bolinha de papel. Ontem à noite, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, como se vê em filme abaixo, reconhecia isso. A verdade não impediu o PT de contar mentira no horário eleitoral. Insistiu na versão da bolinha de papel, acusando o adversário de mentir.

É o lixo! É o fim da linha! É o vale-tudo, levado ao ar, desta feita, com a colaboração de uma emissora de TV. Consta, não vi, que o jornalismo do SBT reconheceu o seu equívoco ou algo assim. O fato é que a farsa já havia ganhado corpo, e a escória moral mobilizada em favor da mentira e da desqualificação já havia sido mobilizada. O que isso significa? Eles não têm limites. No seu programa, o PSDB conta não a sua versão — porque não estamos diante de uma divergência de pontos de vista —, mas a verdade.

O que o PT faz com os episódios do Rio não é diferente do que faz com as privatizações. Mente sobre isso com igual desenvoltura e mau-caratismo. Assim como o partido sabe que não foi apenas uma bolinha de papel que atingiu o tucano, sabe que não existe uma só evidência para afirmar que, se eleito, o adversário pretende privatizar o pré-sal e a Petrobras. E daí? O partido não tem o menor compromisso com os fatos.

Baixaria
Tenho tratado da questão aqui há mais de um mês, desde o primeiro turno: boa parte do jornalismo critica os tucanos por estarem supostamente explorando a questão religiosa — embora este tenha sido um debate iniciado pelas igrejas —, mas não critica os petistas por mentirem sobre as privatizações. Ainda que o PSDB tivesse levado ao ar “as posições” (no plural) de Dilma Rousseff sobre o aborto, por exemplo, não estaria recorrendo a nada mais do que a verdade.

Ocorre que a campanha tucana, até agora, é refém do politicamente correto, dos “censores” bem-pensantes de certa imprensa escrita, que exigem que o PSDB dispute o Troféu Fair Play, e de seus próprio bom-mocismo amanhecido. Do PT não se esperam nem educação nem decoro, tampouco a verdade — afinal, “eles são assim mesmo”. Chega-se, pois, ao absurdo lógico segundo o qual os tucanos não podem recorrer a certos fatos para retratar o PT porque seria coisa de “conservadores e reacionários”; já os petistas podem mentir à vontade.

Continua após a publicidade

Pegue-se o exemplo da pauta religiosa, que certo jornalismo esquerdofílico tentou eliminar do debate a golpes de censura moral. Digam-me uma só democracia — umazinha miserável que seja — em que o aborto e questões ligados à vida e à moral não sejam temas de debate e confronto de idéias. Não existe! Ninguém seria capaz de citar. É MENTIRA QUE OS TUCANOS TENHAM LANÇADO ESSA QUESTÃO. Poder-se-ia dizer que até foram surpreendidos por ela. A campanha na TV buscou associar Serra discretamente à disciplina cristã, mas não mais do que isso. Ao contrário: o horário eleitoral fugiu do tema. Na segunda semana do segundo turno, a campanha estava de volta à maximização do minimalismo administrativista…

Pegue-se uma pauta fundamental em qualquer democracia: obediência à lei. Como o PSDB tratou, por exemplo, a questão do MST, que diz respeito a milhões de pessoas e está diretamente ligada à segurança jurídica e garantias previstas até na Declaração Universal dos Direitos Humanos? Simplesmente não tratou. Não seria delicado tratar do direito à propriedade. Ficaria com a fama de “reacionário”…

Verdade e mentira
Volto ao caso das privatizações. A resposta ao terrorismo petista, inclusive no direito de resposta que o PSDB conseguiu no horário da Dilma, é pífia: trata-se da questão de modo temeroso e defensivo. É claro que não dá para debater conceitualmente a questão. O eleitor tem o direito de saber os números da Petrobras de 1995, primeiro ano do governo FHC, e de 2002, último ano; tem o direito de saber a evolução da produção de petróleo nesse período. Veja-se o caso da Vale do Rio Doce: a mais entusiasmada defesa da privatização, até agora, foi feita por um petista, irmão de José Genoino, em nome do PT. O partido disse “não” a uma proposta de plebiscito propondo a reestatização.

Não obstante, a satanização corre solta, sem resposta. O que explica? Só pode ser uma leitura torta, vesga, paralisante, de pesquisas qualitativas que indicam que o eleitor não gosta de privatizações etc. O PT tem os mesmos dados. Assim, enquanto Lula e sua turma usam a percepção média para fazer terrorismo, o PSDB usa essa mesma percepção para correr do tema, como se não tivesse virtudes a exibir. Há também muito de vaidade: “Nossa campanha não vai ceder à pauta da campanha do adversário”. Marqueteiros têm um ego maior do que a própria obra.  Não se trata de ceder à pauta, mas de fazer o bom debate.

Continua após a publicidade

Invertendo?
Alguém poderia dizer: “Pô, o PT faz aquele programa pilantra, e você bate no PSDB?” Não estou batendo em ninguém. Apenas deixo claro, com exemplos, que um dos lados não encontra fronteira nem na mentira ao fazer a sua pregação e que o outro tem receio de recorrer até mesmo à verdade. A boa máxima de Serra no discurso de lançamento de campanha nem de longe pautou seu programa de televisão: “Quanto mais mentiras disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles”. Só a primeira parte do período composto aconteceu. A reação proporcional não se deu.

Eu continuo não sabendo quem vai ganhar a eleição. Os que sabiam tudo no primeiro turno quebraram a cara. O que sei é que o PSDB precisa — agora, em  2014, em 2018 — ganhar ou perder contando a verdade. E não apenas a verdade sobre o adversário, mas também a verdade sobre si mesmo.

E isso não é feito. Há pelo menos três eleições a propaganda do PSDB é refém daquilo que o PT acha dele, em vez de ser dono de sua própria história e dizer com clareza o que acha de si mesmo. Ou recupera a narrativa sobre si mesmo ou nada feito.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.