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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Podem vir quente que eu estou fervendo. Ou: Aos meus leitores, com açúcar, afeto e pimenta!

Blogueiros a soldo do oficialismo, que pagam as contas com o nosso dinheiro, criaram o mito de que ofendo as pessoas. Já aconteceu, sim, aqui e ali, coisa rara, mas em questões pessoais — e nunca sem ter sido atacado antes. Mas deixei isso de lado. Quando se trata de um tema público, nunca! Nada […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h57 - Publicado em 9 dez 2011, 07h00

Blogueiros a soldo do oficialismo, que pagam as contas com o nosso dinheiro, criaram o mito de que ofendo as pessoas. Já aconteceu, sim, aqui e ali, coisa rara, mas em questões pessoais — e nunca sem ter sido atacado antes. Mas deixei isso de lado. Quando se trata de um tema público, nunca! Nada de ofensas! Ao contrário: devo ser o jornalista que mais argumenta no país. Marcelo Coelho, colunista da Folha, acusou certa feita essa minha mania de fazer vermelhos-e-azuis de ser uma tática policialesca ou algo assim. Não lembro direito. Sei o que respondi. Eu recorro a isso em respeito àquele de quem divirjo e aos leitores. Feio é fazer como Márcio Sotelo Felippe, ex-procurador-geral do Estado de São Paulo, marido de uma juíza “para a democracia”, que me acusa de jogo bruto, mas não cita uma só passagem do meu artigo que o evidencie, reproduz de forma distorcida o texto de referência que nos pôs em confronto e, para mostrar que é um homem suave, acusa-me de recorrer a práticas nazistas, sugerindo que eu seja censurado. Ele não é mesmo um exemplo de democracia?

Eu não ofendo ninguém! Gostem ou não, faço análise política, mais acerto do que erro — tudo está disponível para consulta —, cito textos de referência (quem não gostar ou discordar que diga onde está a impropriedade) e tempero o texto opinativo com pitadas de crônica, apelando a algum humor. Nem todo mundo acha engraçado. Fazer o quê? E chamar Lula de “Apedeuta” não é ofensa? Não! Como não era quando a imprensa americana chamava George W. Bush de ignorante. Há vários livros sobre os “bushismos”, as suas batatadas. Atenção! Foram publicados enquanto ele era presidente! As bobagens que Lula disse ao longo da carreira ainda não foram devidamente coligidas e confrontadas com os fatos. A mais engraçada e aquela em que ele explica que, caso a Terra fosse quadrada, a poluição não seria um problema… global!

Comecei a chamar Lula de “O Apedeuta” para irritar mesmo, para provocar. Quantas foram as ironias feitas com FHC porque ele era um professor? Sacanear alguém com formação intelectual é coisa de progressistas, mas só um reacionário sacanearia alguém que faz a apologia da ignorância? Ora… “Ah, mas Lula não estudou porque não pôde…” Vêm dizer isso pra mim? Justo pra mim? Não cola! De resto, nunca o critiquei por sua baixa escolaridade, mas por sua ignorância saliente e propositiva. E o fiz sem nunca deixar de reconhecer a sua notável inteligência política — e muitos leitores sempre me criticaram por isso.

Eu não ofendo ninguém. O que faço é confrontar as falas das personalidades políticas com o seu próprio discurso e, freqüentemente, com os fatos. Critiquei aqui duramente, por exemplo, uma intervenção da psicanalista petista Maria Kehl no programa Roda Viva. Ela contou uma inverdade escandalosa sobre a reivindicação dos invasores da USP e fez uma apreciação do trabalho da Polícia de São Paulo que considerei injusta porque contra os fatos. Mas eu não fiquei só nisso, não! Eu escrevi um outro post com dados oficiais do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, dados esses coligidos pelo governo federal. Provei com números que ela estava errada e que seu discurso era mero proselitismo partidário. Ela ficou ofendida? Que venha a público dizer que estou errado! Seus admiradores ficaram bravos? Excelente! Em vez de recorrer a surrados clichês da desqualificação do adversário — “reacionário, direitista…” —, tentem evidenciar que quem mente sou eu, não ela. Mas o façam com números, como fiz.

É claro que tenho convicções políticas!
É claro que não sou de esquerda!
É claro que me identifico com a direta democrática — nunca escondi isso de ninguém! POr que o faria?

Enquanto alguns que me acusam estavam no conforto do lar ou puxando o saco da ditadura, eu a estava combatendo, correndo riscos. E assim fiz porque quis e porque achei o certo. Não me deixo patrulhar por vagabundos — notem: uso a palavra “vagabundos”, mas deixarei claro por quê! que ganharam dinheiro puxando o saco de Sarney, de Collor, de Itamar, de FHC, de Lula e agora de Dilma. Que palavra pode definir essas pessoas? “Vagabundos” me parece apropriada. Como são “vagabundos” aqueles que se penduram nas tetas do governo para atacar os “inimigos do regime”.

Convenham: independentemente do mérito e desde que dentro das regras do jogo democrático, será sempre mais corajoso criticar o poder do que lhe puxar o saco. Ou há algo de errado nesse raciocínio? Sim, elogiar um governo quando ele acerta também é de rigor. Também pode ser corajoso, especialmente quando se é um crítico. E eu já elogiei. “Ah, mas bem pouco…” Queriam o quê?

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Uma psicanalista me censura
Recebi de uma psicanalista de expressão em seu meio uma mensagem me censurando pelas críticas que fiz a Maria Rta Kehl. Ela deixou claro que sua restrição nada tinha a ver com a “contestação objetiva” que fiz ao que a petista havia dito sobre a polícia. Segundo a missivista, com quem tenho alguma proximidade por razões que não vêm ao caso, isso foi até positivo. Ela não gostou foi de outra coisa. Eu transcrevi no post a fala de Maria Rita e demonstrei que ela tem um raciocínio tortuoso, confuso. Em sua intervenção, afirmou que iria fazer uma “pergunta dupla”, que tentaria “juntar as pontas” de ambas, que eram, na verdade “duas coisas paralelas”… Mais adiante, completamente perdida no raciocínio, ao fazer a segunda insagação, considerou: “Por outro lado, parece que não tem a ver, mas acho que tem…”

Bem, eu observei que Maria Rita seria a primeira pessoa na história a “juntar as pontas das paralelas”, que isso era uma verdadeira revolução geométrica  e notei: “Além de militante petista — e era nessa condição que estava no Roda Viva -, Maria Rita é psicanalista. Consta que é lacaniana. Huuummm… A linguagem exerce, assim, papel importante no seu ofício. (…) É o que chamo linguagem da “lacanagem”. Estamos no meio de um tumulto mental, mas o propósito, é evidente.”

“Ao fazê-lo, Reinaldo, você tenta desqualificá-la profissionalmente, o que é uma desnecessidade”, escreveu a missivista. Bem, lamento discordar. Começo esclarecendo que “lacanagem” é uma ironia que faço com os lacanianos há muito tempo. É, não sou exatamente fã de Lacan, mas isso não cabe agora aqui. Ora, por que Maria Rita estava lá? Porque petista? Há outros mais qualificados intelectualmente para debater política com um ex-presidente. Suponho que estivesse por sua outra especialidade: a psicanálise. Sendo assim, qual é o grande pecado de cobrar algo a alguém que seja pertinente a sua área?

O problema é outro
Não! O problema é outro! As personalidades de esquerda e a militância de modo geral se acostumaram a jamais ser contestadas pela imprensa. Ao contrário. Publiquei ontem aqui um post sobre as barbaridades ditas por Marina Silva antes e depois da aprovação do novo Código Florestal. Ela falou, está falado. Separaram-se as esferas de opinião em dois blocos: o das pessoas que estão sempre certas e o das pessoas que estão sempre erradas. Algumas, como quer Rui Falcão, “estão acima de qualquer suspeita”, e outras, como diria Louis, o policial corrupto do filme Casablanca, são “os suspeitos de sempre”.

Eu estou entre os poucos — não sou o único — que resolveu afrontar essa lógica. Os difamadores, em vez de ler o que escrevo, atacam-me pelo que nunca escrevi. Querem ver? Eu nunca escrevi que pessoas presas pelo regime militar e que morreram ou foram seviciadas não devam receber indenização — ou seus familiares. Nunca! Ao contrário: afirmei que, nessas condições, é justo e imperioso. Mas escrevi, sim, e acho, sim, que indenizar alguém que pegou em armas — porque quis — para derrubar o regime e instalar o socialismo no país, não se encaixando na condição acima, é indecoroso. Eu nunca defendi as ações dos porões — ao contrário: fui vítima de um agente da repressão. Mas escrevi, sim, que as esquerdas armadas nunca quiseram democracia e que é um impostura, uma mentira factual, afirmar o contrário. Fatos, fatos, fatos… Por que, até hoje, não surgiu um só documento daqueles esquerdas defendendo a democracia? Porque não existe! Mas existe, sim, o “Minimanual da Guerrilha urbana”, de Marighella, transformado em “herói do povo brasileiro” pela Comissão de Anistia, defendendo o terrorismo. Fatos, fatos, fatos… O mundo dos fatos!

Outras verdades
As esquerdas não suportam ser contestadas porque acham que detêm o monopólio do bem! Há anos defendo que viciados em crack sejam compulsoriamente retirados das ruas e internados. Andrea Matarazzo, um dos pré-candidatos do PSDB à Prefeitura, sempre pensou o mesmo. Ele, um político, e eu, um jornalista, fomos demonizados por um desses padres de passeata que não saberia rezar um “Pai Nosso” — eventualmente fã do “vinde a mim as criancinhas” (não gostam do meu humor? Que pena!) — e tachados de “higienistas”. A proposta foi agora incorporada pelo tal programa do governo federal de combate ao crack e defendida com entusiasmo pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, do PT. Pronto! O que antes era “higienismo de direita” passou a ser agora uma proposta ousada, corajosa, sei lá o quê? Cadê o padre vermelho? Cadê o amigo das criancinhas? Cadê as ONGs fazendo barulho? Eu me nego a ser patrulhado por esse tipo de vigarice intelectual.

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Além do ódio à contestação, há duas outras coisas que odeiam em mim. Uma delas é o fato de que não sou, de fato, um sujeito nem-nem, que pensa com escusas, pedindo licença. Não sou exatamente suave e não tentarei dizer o contrário. Mas o que realmente os deixa enfezados é o fato de quem não conseguem quebrar a lógica com a qual opero; não conseguem, em suma, é articular o contra-argumento. Então preferem sair gritando por aí: “Reinaldo me ofendeu! Reinaldo ofende as pessoas! Reinaldo só sabe xingar!”

Uma ova! Se Reinaldo vivesse do xingamento, não haveria motivo para braveza e para rancor. Bastaria xingá-lo também. E pronto! Ao contrário: o Reinaldo que mais os ofende é justamente o Reinaldo que não ofende ninguém! Até tentam me arrastar para a baixaria, mas eu não vou. No esgoto, eles ganham! Na língua pátria, ganho eu.

É pouco provável que os milhares de leitores deste blog venham aqui, todos os dias — inclusive os petralhas — em busca de duas ou três ofensas. Vêm em busca de argumentos. Há até quem o faça só para poder defender o contrário. Pode haver evidência maior de Reinaldo-dependência?

E não! Eu não vou parar! Também não vou mudar! Nem vou “pegar mais leve”. É o que eu tenho a fazer de mais digno para e com os meus, bem…, muitos milhares de leitores! Podem formar correntes à vontade! Mal sabem os difamadores que, ao proceder assim, fortalecem o blog porque outros tantos vão chegando. A corrente do bem é maior.

Podem vir quente que eu estou fervendo!

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