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Oriente Médio

Não bastasse o terror, o erro também conspira tragicamente contra qualquer solução no Oriente Médio. O ataque israelense ao vilarejo de Qana, que matou 60 civis, dos quais 34 seriam crianças, é desses acontecimentos trágicos que, além do mal que significam em si, concorrem para lançar um nuvem de desinteligência sobre os fatos. Dentre muitas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 23h23 - Publicado em 31 jul 2006, 06h35
Não bastasse o terror, o erro também conspira tragicamente contra qualquer solução no Oriente Médio. O ataque israelense ao vilarejo de Qana, que matou 60 civis, dos quais 34 seriam crianças, é desses acontecimentos trágicos que, além do mal que significam em si, concorrem para lançar um nuvem de desinteligência sobre os fatos. Dentre muitas opiniões, duas tendem a criar polaridades: 1) Israel é assim mesmo e gosta de matar civis; 2) foi um acidente decorrente de um erro.
O ex-porta voz do Exército Israelense Nachman Shai fez a análise mais correta, conforme se lê no Estadão desta segunda. A pressão internacional, que cresceu muito depois do ataque em Qana, pode levar Israel a uma derrota no Líbano. Isso porque o Exército ainda não conseguiu tudo o que queria com a operação militar. Segundo Shai, o fim das incursões israelenses, agora, significaria o fortalecimento do Hezbollah no Líbano. “Temos que dizer ao mundo e a nós mesmos: ‘Perdão, não tínhamos a intenção de matar civis, muito menos crianças.’ Mas precisamos continuar tentando acabar com a infra-estrutura do Hezbollah“.
Pressionado, Israel aceitou uma trégua de 48 horas. Tem agora de lidar com a opinião pública mundial, que já era francamente antiisraelense antes desse desastre. As coisas pioraram. Já havia muito pouca disposição para se reconhecer a sua superioridade moral nesta guerra, travada contra um grupo terrorista que está a serviço de dois países que defendem abertamente a sua destruição. O mote sob o qual se escondia a opção anti-Israel era o “uso exagerado da força”. Sem que se tenha dito, até agora, o que seria o seu emprego moderado, quando é óbvio que o Hizbollah usa a infra-estrutura libanesa para organizar seus ataques.
Ocorre que 34 crianças morreram. A versão se torna sanguinolentamente verossímil. Caso Israel recue sem provocar mais baixas no lado inimigo, que continua com óbvio poder de fogo, terá perdido essa batalha. E a terá perdido para um erro, para si mesmo. Suas crianças é que passarão a correr mais riscos. E isso remete a outro dado ignorado: só não há mais mortos em Israel porque os terroristas ainda não dispõem do armamento necessário. Se um dia o tiverem, demonstrarão pela vida humana — em particular a de judeus — o mesmo respeito que demonstram pela de seus iguais no Iraque. Todos os dias, sunitas e xiitas mandam aos ares adultos e crianças no país. A morte praticada “entre eles” talvez pareça ao mundo algo menos desumano, menos degradante. Não é.
Essa tragédia não elimina o motivo por que o Líbano está sendo alvo de bombardeio. O mundo está chocado. E é justo que assim seja. Que agora se indigne também contra o terrorismo, que está na origem destas e de muitas outras mortes.

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