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No caso da Ucrânia, melhor a prudência. Nem todo mundo por ali é mocinho…

Então tá. Fique muito animado com o que aconteceu — e está acontecendo — na Ucrânia quem quiser. Eu me reservo o direito, quando menos, à prudência. Reconheço, e já tratei deles aqui, os motivos que resultaram na tal revolução, as razões históricas para o ressentimento contra a Rússia etc. Mas não se pode dizer […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h22 - Publicado em 25 fev 2014, 16h52

Então tá. Fique muito animado com o que aconteceu — e está acontecendo — na Ucrânia quem quiser. Eu me reservo o direito, quando menos, à prudência. Reconheço, e já tratei deles aqui, os motivos que resultaram na tal revolução, as razões históricas para o ressentimento contra a Rússia etc. Mas não se pode dizer que o que se viu por lá contribua para construir uma sociedade, vá lá, pacífica. A Ucrânia não era uma ditadura, como é a Venezuela — ninguém teve tempo de contar isso a Dilma ainda (ver post desta manhã). Viktor Yanukovich era o presidente legal e legítimo — refiro-me à legitimidade democrática — do país e foi destituído num estranho golpe parlamentar, depois dos confrontos de rua.

Agora, o novo poder — um saco de gatos que inclui, sim, forças políticas moderadas, pró-Ocidente, mas também populistas delirantes e até neonazistas — diz querer que o presidente deposto seja processado pelo Tribunal Penal Internacional, que pune crimes de guerra e contra a humanidade e genocídio. E, é evidente, apesar dos 82 mortos, não aconteceu nada disso no país. Os que se manifestavam contra Yanukovich não recorreram exatamente a métodos pacíficos, a exemplo do que fazem, até agora, os opositores venezuelanos. Se a revolta armada contra uma tirania merece um tipo de consideração, é certo que esse mesmo metro moral não pode ser usado para avaliar quem se insurge contra um governo instituído segundo as regras da democracia. Nem toda rebelião faz um país avançar no caminho da civilidade. Tenho minhas dúvidas sobe a Ucrânia. E tomara que sejam infundadas.

A metade “russófila” da Ucrânia não está comprometida com a “revolução”. Um dos novos líderes do país é um boxeador que tem um partido cujo nome quer dizer “soco” ou “murro”. Yulia Tymoshenko, com aquela trancinha na cabeça e um ar, assim, de camponesa recatada, nem parece uma das neomilionárias do desmoronamento do sistema soviético — havendo fundadas suspeitas, que nada têm a ver com a perseguição de adversários, de que mantenha uma fortuna no exterior. A exposição dos “luxos” da casa de campo de Yanukovich, guardada por um miliciano, não convida o observador prudente a ter muitas esperanças. As ruas ainda estão tomadas por milícias que falam em nome de um incerto “governo” e dizem que permanecerão mobilizadas até as eleições de 25 de maio.

Muito bem: e se o resultado não for exatamente do seu agrado? E se o novo governo descobrir que tem de contemplar também aquela metade do país que não se identifica nem se sente representada por estes que se querem revolucionários? De resto, admita-se que, mesmo na Ucrânia europeia, deve haver muita gente que não se identifica com esses métodos.

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O risco, e não se deve descartar essa hipótese, a seguir a marcha da insensatez, é a Rússia, digamos assim, “aceitar” a anexação de parte do território do país — ou uma revolta russófila da metade oriental do país seria automaticamente considerada ilegítima? A questão é simples: e se os extremistas dessa posição resolvessem recorrer aos mesmos métodos dos radicais da outra metade?

De resto, a Ucrânia tem demandas que uma Europa que ensaia sair da crise talvez não possa suprir. E a pior coisa que pode acontecer é experimentar a rejeição daqueles que eram apontados como a solução de todos os males. A verdade é que a Europa queria tudo, menos uma Ucrânia caindo no seu colo.

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