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Mesmo que Putin acabe anexando a Crimeia, ele perdeu, mas a inépcia de Obama e dos líderes europeus pode fazer dele um vencedor

Apurados 75% dos votos até esta madrugada, consta que nada menos de 95,7% dos que votaram optaram por anexar a Crimeia à Federação Russa. Assim, a república continuaria a ser autônoma, podendo legislar por conta própria sobre muitos assuntos, como hoje, mas subordinada à Rússia, não mais à Ucrânia. Os números são dignos de uma […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h15 - Publicado em 17 mar 2014, 05h25

Apurados 75% dos votos até esta madrugada, consta que nada menos de 95,7% dos que votaram optaram por anexar a Crimeia à Federação Russa. Assim, a república continuaria a ser autônoma, podendo legislar por conta própria sobre muitos assuntos, como hoje, mas subordinada à Rússia, não mais à Ucrânia. Os números são dignos de uma eleição na Coreia do Norte, onde o ditador Kim Jung-Un vence tudo com 100% de adesão.

Seriam os números verdadeiros? Não há por que duvidar de que a anexação à Rússia conta, sim, com a aprovação da maioria — afinal, a península conta com 58% de pessoas de origem russa. Cerca de 25% são ucranianos, e estimam-se em 12% os tártaros. Os tais 95,7% fazem sentido?

Façamos uma conta elementar. A imprensa russa afirma que 82% das pessoas aptas a votar compareceram. Sendo verdade, 18% não quiserem participar do pleito. É de supor que sejam pessoas contrárias à anexação. Assim, de cada 100 moradores da Crimeia que poderiam votar, só 82 teriam comparecido. Dada a percentagem oficial, o que se está a afirmar é que 78,5 de cada grupo de 82 deram um voto pró-Rússia. É evidente que a adesão parece um tanto exagerada. Vamos ver: ainda faltam os outros 25% dos votos.

Vladimir Putin preparou o terreno. Tanto o Parlamento da Rússia como o Parlamento local da Crimeia aprovaram a anexação, esperando apenas o referendo legitimador. Uma comissão de representantes da república autônoma já se prepara para levar o resultado a Moscou. O presidente russo pode agora, sem disfarce, enviar tropas à Crimeia, consolidando, então, a anexação. Se o fizer, é possível que não encontre resistência.

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Estados Unidos e União Europeia dizem não reconhecer a consulta como legal — e, pois, não reconhecem também seu resultado. Prometem severas sanções à Rússia. Mas quais? De saída, descartem-se as armas. É improvável que a Crimeia provoque um confronto militar entre, de um lado, a Rússia e, de outro, as potências ocidentais.

A verdade lastimável em tudo isso é que nem a Europa nem os Estados Unidos contavam com a agressividade de Putin nessa questão. Imaginaram que ele protestaria, sim, mas que, na hora “h”, não iria às últimas consequências. E ele foi. A Rússia não é o Irã. Não se trata de um país que possa ser marginalizado no concerto das nações, até porque tem lá o seu assento no Conselho de Segurança da ONU.

A verdade é que a situação jamais deveria ter chegado a esse ponto. Adianta pouco agora chorar sobre o leite derramado. Viktor Yanukovich já era carta fora do baralho quando foi deposto pelo Parlamento da Ucrânia. As eleições regulares certamente levariam para o poder um governante pró-Ocidente. Nessa hipótese, a perda para Putin teria sido total. Deram-lhe a chance de exercitar o nacionalismo russo, posar de grande herói e ainda sair com a Crimeia de troco. Mesmo que acabe anexando a república, ele perdeu. Mas a inépcia de Obama e dos líderes europeus tende a fazer dele um vencedor.

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