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Grau de engajamento da Globo numa tese — “Fora Temer” — é inédito

A mim me incomoda ver a própria política sendo demonizada, e tratarei desse assunto em particular, pela principal emissora do país

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 20 Maio 2017, 06h41 - Publicado em 19 Maio 2017, 22h26

Não me lembro de ver os veículos e canais ligados às Organizações Globo engajados com tanto vigor numa tese. No caso, a deposição de Michel Temer. Sim, há exceções. Trato da regra.

Por quê? Bem, não especulo sobre motivos. Até porque, note-se à partida, eu estou entre aqueles que defendem que os meios de comunicação têm o direito de expressar a opinião que lhes der na telha — desde que esta esteja assentada em fatos. “E se não estiver, Reinaldo?” Nem assim apoio a censura. Que cada um arque com o peso de suas opiniões se incidir em crime.

Falo ainda mais. Lamento muito que o sistema de radiodifusão, no país, dependa de concessões públicas. Por mim, seria uma atividade como outra qualquer, com a possibilidade de estrangeiros competirem com os nacionais em igualdade de condições.

Não é assim com automóveis? “Ah, não são a mesma coisa”. Claro que não! Os danos decorrentes de uma opinião podem ser bem mais duradouros do que os decorrentes de um acidente de carro. Por isso, quanto mais pluralidade, melhor.

Mas, creiam, há quem seja liberal em quase tudo, menos nisso. Liberalismo é como gravidez: não existe pela metade. Mas volto ao leito.

São 21h51 neste ponto em que estou do texto. O “Jornal Nacional” continua do ar. A grande estrela foi Joesley Batista, o nababo que está se divertindo em Nova York. Ele acusava Deus e o mundo com impressionante desfaçatez. Até aí, vá lá.

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O que me causou óbvia estranheza é que o “Jornal Nacional” decidiu fazer três perguntas “a especialistas” (como se anunciou) para saber se Temer havia cometido crime de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Quantos foram ouvidos? Três. E os três contra Temer! Quando menos, convenham, dever-se-ia evidenciar que o assunto é controverso. Ou erro? Ou o JN não encontrou ninguém que dissesse o contrário?

De vez em quando se percebiam um “outro lado” aqui e outro ali. Mas a pegada editorial da emissora é aquela presente em quase todos os seus produtos, com honrosas exceções: Temer tem de cair. Seguindo-se a Constituição, ter-se-ia eleição indireta; não seguindo, pode-se apelar ao golpe das diretas.

O que quer a Globo? Consta que quer Cármen Lúcia em eleição indireta. Ela estaria acima do lixo político. Essa aspiração a uma pureza que transcende as mundanidades existe desde Dionísio II, um dos tiranos de Siracusa (sec. IV a.C.). Sempre dá errado. Como deu em 1964.

Reitero: a Globo tem o direito de ter a opinião que quiser. Até porque, como se vê, no que concerne a Temer, é explícita, não sorrateira.

A mim me incomoda, aí sim, é que a emissora não polemize minimamente nem sobre a óbvia ilegalidade de gravar clandestinamente o presidente da República.

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A mim me incomoda que não se deixe claro que tais gravações não podem ser usadas nem pela Justiça nem pelo juiz.

A mim me incomoda que a delação de um assumido criminoso passe a ser vista como o elemento que vai definir se Temer fica ou vai. ATENÇÃO: DELAÇÃO DE INOCENTES É UMA CONTRADIÇÃO NOS PRÓPRIOS TERMOS, EU SEI. Mas não pode ser ela a ditar o ritmo dos acontecimentos.

A mim me incomoda ver a própria política sendo demonizada, e tratarei desse assunto em particular, pela principal emissora do país.

Acho que se trata de um erro grave e de uma aposta arriscada no “vamos nos livrar de tudo o que está aí e começar do zero”.

Eis outra ideia que nunca deu certo. Ao contrário: costuma ser a mãe de todas as tragédias.

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