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Fascistoides pró e contra impeachment se agridem, e imprensa atira nos pacíficos

Fica evidenciada mais uma vez a força de uma tautologia: defensores do golpe fazem mal à democracia

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 00h04 - Publicado em 18 nov 2015, 20h19

Olhem aqui: lá no gramado do Congresso Nacional há um grupo pequeno que defende intervenção militar no Brasil. O nome disso é golpe. Logo, são defensores do golpismo. Como golpistas são as esquerdas e os petistas, que recusam o impeachment não porque neguem que Dilma tenha cometido crime de responsabilidade, mas porque não reconhecem a Constituição e as leis que temos.

Esse grupo nada tem a ver com o MBL, o Movimento Brasil Livre. Ao contrário: os coordenadores do MBL expulsaram da área que ocupam um grupo que chegou com essa conversa. Que fossem acampar em outra parte do gramado. E foi o que se fez.

Muito bem! Nesta quarta, Brasília recebeu, em cumprimento a uma antevisão minha, neste espaço, uma marcha de mulheres negras. Sim, elas protestavam contra Eduardo Cunha e o PL 5.609, que criaria dificuldades para o aborto — o que é mentira. Por que defensoras do assassinato de fetos brancas e negras não podem marchar juntas? Bem, não sei. O feto branco que vai para o lixo é diferente do feto negro? “Ah, as mulheres são diferentes”… Então tá. Adiante.

As ditas mulheres negras trocaram ofensas com a turma que defende a intervenção militar — muito longe, diga-se, da área em que estava o MBL. Dois policiais civis deram tiros para o alto. Um é do Distrito Federal; outro, aposentado, é do Maranhão. Chama-se Marcelo Tadeu e já tinha sido detido na semana passada com um revólver e algumas armas brancas. As marchadeiras acusam os defensores do golpe de ataques racistas.

Bem, o fato é que houve confronto, e a Polícia Militar precisou recorrer a gás de pimenta e balas de borracha para conter os ânimos.

Como informa a VEJA.com, “na confusão, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) foi atingido por spray de pimenta. Também foram arremessadas bombas de fabricação caseira. A Polícia Legislativa teve de reforçar a segurança e interveio no tumulto entre manifestantes, integrantes da CUT e da marcha. As mulheres e os grupos anti-Dilma trocaram agressões e provocações. Elas conseguiram arrancar faixas contra o governo e derrubaram o boneco inflável em homenagem ao general Antonio Hamilton Mourão, afastado do Comando Militar do Sul depois de criticar a presidente e conclamar a tropa ao ‘despertar da luta patriótica’”.

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Descuido ou má-fé?
Qual é o ponto? Muitos veículos de comunicação noticiaram que o confronto das ditas mulheres negras havia se dado com o MBL, que é pacífico e contra o golpismo dos militaristas e dos petistas.

Vamos ver. O MBL pediu autorização para se instalar no gramado do Congresso — Eduardo Cunha, presidente da Câmara, concedeu; Renan Calheiros, que preside o Senado, não. Os mais variados grupos foram chegando, inclusive este que, tudo indica, abrigava um sujeito armado. Escrevi a respeito na sexta, quando o tal policial foi preso pela primeira vez. Lá se pode ler:
Nota: as barracas ocupadas pelo MBL são diariamente vistoriadas pela polícia. Os jovens que lá estão fazem questão de que assim seja. Se algo de estranho for encontrado no acampamento, não pertence ao grupo. Não custa notar que Eduardo Cunha liberou o gramado a quem quiser se instalar. O MBL pediu autorização formal à Câmara e ao Senado.

acampamentos

Estão querendo misturar alhos com bugalhos. As esquerdas toleram black blocs em seus protestos, mas o MBL não tolera golpistas de nenhuma natureza. Até porque, como a gente nota, eles atrapalham a luta dos defensores da democracia.

Ora, que a Polícia Militar do DF e a Polícia do Legislativo cumpram a sua função. Se for o caso, que investiguem cada barraca. O MBL e outros grupos pacíficos nada têm a temer.

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Renan aproveitou para afirmar que não concorda com acampamento. Cunha também se pronunciou: “Autorizei a permanência deles dentro de determinadas condições. Claro que não concordo com todos esses confrontos que estão acontecendo. Mas sempre, em certo momento, tem gente infiltrada. Tem de tudo aqui a todo momento. Independentemente de estar acampado ou não, pode acontecer. Esse episódio de hoje é estranho”.

A dita Marcha das Mulheres Negras soube com quem mexer, não é? Guilherme Boulos mobilizou seus milicianos, na semana retrasada, para bater nos membros do MBL, mas não obteve os resultados que esperava.

Já golpistas contra o impeachment em contato com golpistas em favor do impeachment, ah, isso dá liga, não é mesmo? Uma liga com potencial explosivo.

Acho bom os jornalistas aprenderem a distinguir quem é quem naquele gramado. Ou só restará aos ofendidos apelar ao direito de resposta, já que não podem ser beneficiados pelo direito à informação correta.

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