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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Fanáticos da bicicleta, ponham os pés do chão!

Abaixo, selecionei trechos das algumas das reações iradas — as iradas brandas — de alguns fanáticos da bicicleta. Os votos para que eu morra de câncer na cabeça, atropelado ou num acidente de automóvel, decidi ignorar. Não corrigi os textos que me chegaram. Escreve “Evandro Mucha” Lixinho… Garanto que nem sabe andar de bicicleta… Jornalistazinho […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h23 - Publicado em 7 mar 2012, 07h45

Abaixo, selecionei trechos das algumas das reações iradas — as iradas brandas — de alguns fanáticos da bicicleta. Os votos para que eu morra de câncer na cabeça, atropelado ou num acidente de automóvel, decidi ignorar. Não corrigi os textos que me chegaram.

Escreve “Evandro Mucha”
Lixinho… Garanto que nem sabe andar de bicicleta… Jornalistazinho vagabundo você, hein? No mínimo,tomou uma rabada do chefe, queria chegar em casa logo e os manifestantes o fizeram ficar parado no transito! Se estivesse de bicicleta, teria ido embora sem aborrecimentos. Lixo!
***Huuummm… Sei andar de bicicleta. Olhem com que prazer este amante da humanidade imagina a minha suposta humilhação. Digamos que eu quisesse chegar em casa logo… O Mucha acha que tem o direito de me impedir. Gosta de plantinha. Gosta de bichinho. Gosta de matinho. Gosta do planeta. Só não gosta de gente!

Guilherme Tampieri, depois de me chamar de “pseudoformador de opinião, entre outras ofensas, escreve:
“Lhe garanto, meu caro, bicicleta (usada pela maioria das pessoas)+capacete+luvas+retrovisores+refletores (faróis) não custa mais que a prestação do seu veículo ou do que da maioria da nova frota de carros que está nas capitais brasileiras”.
Pois é, Guilherme. Eu me referia aos pobres que estavam dentro dos ônibus, cujos direitos os manifestantes também desrespeitaram. De resto, ô ignorantão, o número de carros só explodiu em São Paulo porque houve uma política agressiva de crédito e de redução de impostos para que a indústria automobilística mantivesse os empregos durante a crise. Você passa tempo demais sentado no selim. Tente sentar numa cadeira e estudar um pouco. Exercita também a cabeça.

Silas Batista achou que estava me dando um verdadeiro soco no estômago com este argumento:
interessante lógica essa…. a Paulista pára todos os dias no mesmo horário por causa dos carros, aí pode né?
Por causa dos carros e dos ônibus, que transportam milhares, quiçá mais de milhão, de pessoas. Como a realidade já é ruim, você acha que 500 ciclistas podem tornar pior a vida de todas essas pessoas.

Vinicius Rosa já tem aquela sabedoria dos iluminados e acha inútil me explicar qualquer coisa:
Reinaldo, seu pensamento é que é inaceitável. Procure se informar sobre as causas que comenta antes de fazer um discurso imbecil baseado puramente em ‘achismo’ e não em conhecimento. São tantas coisas que eu já poderia te responder na lata sobre o pouco que você falou aqui, mas não vou falar nada. Sugiro que você mesmo vá googlear sobre cicloativismo e mobilidade por bicicleta.”
Eu? “googlear” sobre “cicloativismo”? Não!!! Nem pensar! Mas me nego a ser um “ciclopassivista”. Você e seus amigos não têm o direito, sob qualquer pretexto, nem que seja o de salvar o mundo, de parar a cidade. Aliás, vocês não têm o direito de desrespeitar a Constituição. Ou têm?

Tales acha que se trata de uma questão de aristocracia. Vejam que pensamento inteligente – além de ficar claro que é mais um que precisa pôr o traseiro numa cadeira e estudar um pouco. Anda flertando demais com o selim.
Acredito que tu não tens filhos e que não anda com eles de bicicleta e que talvez tu também não tenha tido um pai que te ensinou a andar de bicicleta e, mais uma vez “e”, que tu não sabe andar de bicicleta!

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Felipe já é chegado numa poesia dramática:
Reinaldo e reinaldetes, se a maioria representar o que estou lendo nesses comentários, fico MUITO feliz de ser a minoria. Se para a maioria, um corpo estendido no chão, atropelado por um ônibus não significa nada, fico ainda MAIS feliz de ser a minoria.
Um cordial abraço.
Ok, Felipe. Cada categoria, agora, vai parar a cidade sempre que um dos seus morrer. Afinal,  a culpa é certamente de todo mundo. Será que você se dá conta do que está dizendo?

Tarsila resolveu fazer evocação história. Citou o nazismo:
lembra que no regime nazista os trens chegavam no horario? pois é (…) tô esperando voce explicar direitinho por quê.
Entendi. Trem no horário é coisa de nazista; logo, uma das formas de acabar com o nazismo é atrasar os trens. Dou uma resposta à altura da sacada.

Afonso Savaglia, numa língua parecida com a nossa, também ficou furioso. Manda um troço imenso – aliás, quanto menor o domínio da língua, mais o sujeito costuma ser imodesto. Lá vão trechos:
Bem, não há o que comentar para os que apoiam o absurdo de não entender esse movimento.
Sr. Reinaldo Azevedo, talvez esse comentário nem seja publicado, mas sei que o senhor irá ler. Usamos a bicicleta e somos cicloativistas por diversas razões as quais uma mente atrasada como a sua só pensa no seu próprio bem estar.
Acho que entendi. Irrespondível…
(…)
O que nós fazemos hoje pela mobilidade urbana é a nossa vontade de mudar o mundo e não esperamos nem reconhecimento e nem agradecimento de pessoas que pensam como você, pra dizer-lhe a verdade nem para seus filhos, os que irão agradecer-nos por isso serão seus netos.
Aqui a gente nota aquele fervor missionário de quem tem a certeza de que está salvando a humanidade. Ele ainda nos mandarão para a fogueira!
(…)
Aposto que você passa férias na Europa desfrutando de cidades que possuem leis (que funcionam), motoristas que respeitam e inclusive vias exclusivas para bikes, mas gostaria de lembrá-lo que estamos no Brasil, onde não existem vias, os motoristas são incompreensivos assim como o senhor e o pior as leis a nosso favor não são executadas.
A minha vida privada não é da sua conta, zé mané! Quem vem falar de leis? Um sujeito que defende o direito de parar a cidade? Tenha paciência!
Em 2009 perdí a amigona Márcia Regina de Andrade Prado nesta via, e na sexta passada perdí outra amiga Juliana Dias nesta mesma via! Mas para o senhor isso pouco importa,
(…)
Lamento pelas suas perdas. Eu também perdi amigos por outras razões. E não acho que a culpa seja sua ou dos trabalhadores que passam pela Paulista.
Então antes de abrir essa sua boca egoísta, fútil e mesquinha, gostaqria que “tentasse” utilizar seu cerébro para compreender e não para promover ira.
Ah, o senhor está promovendo a paz! Vê-se…

Bruno Giorgi já vê a coisa pela ótica da luta de classes:
Ah, coitados dos trabalhadores cansados nas suas SUVs…Será que se acabar a gasolina acaba a matança nas ruas?
Pelo visto ele está torcendo para que os caminhoneiros logrem seu intento. Os coitados que estavam enfiados nos ônibus não são problema dele. E que se indague: a Constituição, por acaso, cassou os direitos dos donos das SUVs?

Alguém que se identifica como Netscape resolveu pensar grande:
Minoria é quem usa carro e tem toda a infraestrutura à sua disposição (eu uso carro também e sei disso). Se preciso sair de casa, tenho que ir de carro para ter segurança? Não posso ir a pé, não posso ir de bicicleta? Toda a administração pública está a serviço da minoria motorizada. Isso é que é fascismo: impor a todos a necessidade de se locomoverem de modo motorizado. A democracia provê condições equânimes aos seus cidadãos. Desta vez, senhor, olhe-se no espelho.”
Não, senhor! A maioria motorizada inclui os ônibus, que transportam milhões de pessoas por dia. Ainda que reunisse apenas os passageiros dos carros, vocês não têm o direito de solapar o direito de terceiros.

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José Ricardo Galdini quer me dar uma aulinha de lei:
Art. 3o O Sistema Nacional de Mobilidade Urbana é o conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, de serviços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no território do Município.
§ 1o São modos de transporte urbano:
I – motorizados; e
II – não motorizados.
E daí? E o que isso tem a ver com parar a Paulista?

Rodrigues Alves escolheu o caminho a ironia:
Sr. Reinaldo Azevedo,
gostaria de parabenizá-lo por sua opinião acerca do fechamento da Avenida Paulista: é preciso que opiniões esdrúxulas iguais a sua sejam veiculadas para que os ciclistas ganhem destaque e tenham um plano de mobilidade finalmente implantado nos próximos anos.
Entendi. É a lógica do terrorista: a gente impõe danos aos inocentes para que olhem para nós. Por isso eu os chamei “Talibikers”.
Acho engraçada a cobertura que alguns veículos de comunicação fazem desses fatos: Um verdadeiro desserviço ao pouco que resta de humanidade nessa cidade. Humanidade porque, como nos relata Chaplin, a vida em si tornou-se veloz demais para que burgueses do selim ocupe o espaço dos carros nas ruas.
Eu não sou um “veículo”. Eu sou o Reinaldo. A sua citação não faz o menor sentido, mas lhe confere um ar de profundidade.
Não, não sou burguês. Escolhi a bicicleta por não suportar mais tanto congestionamento, por não compactuar com a ineficiência do caótico transporte público. Aliás, por acaso o senhor sabe o que é andar em ônibus? Nos últimos cinco dias, pegou ônibus, metrô ou trem no horário de pico? Experimente utilizar esse meio de transporte uma vez na vida e depois você terá todo o direito de falar o que quiser.
Que pena não poder perder meu tempo com você para saber qual de nós dois conheceu ônibus mais de perto. Mais informações a respeito, aqui

Em minha saga como “pedalador”, percorro todos os dias aproximadamente 20 km, respeitando a lei. Que lei? Qual lei garante minha segurança no trânsito? A lei que os carros devem ultrapasar a 1,5 metro de distância? Infelizmente essa lei, como tantas outras, não são respeitadas.
Sei, e aí você defende que se desrespeitem as outras.
Respeito e concordo com a opinião de que parar a Avenida Paulista é um ato que prejudica muitas pessoas. Mas a distribuição de panfletos, santinhos ou de mensagens com os dizeres “Respeite o ciclista” é inviável diante da ineficiência do poder público em regulamentar acordos firmados que garantiriam a implementação de ciclovias na cidade. Peço que assim como li e entendi sua opinião, peço que leia e entenda a minha: é muito fácil ser pedra – difícil é ser vidraça.
Por isso, os outros que se danem!
Três ciclistas morreram na última sexta-feira. O que são três ciclistas para a quantidade de veículos que circulam diariamente em São Paulo, não é mesmo? Nada. Não tinham eles famílias, expectativas, sonhos? Eram fascistas porque utilizavam a bicicleta? Talvez sejamos realmente fascistas, porque estamos na contramão atrapalhando o trânsito, atrapalhando o progresso da 6ª maior economia do mundo.
Não! Fascista não é quem usa bicicleta. É quem pára a cidade!
Creio que o senhor, com todo o seu discurso democrático, poderia apresentar propostas para que a convivência seja pacífica, tranquila. Até porque a cidade é de todos. Ou não?
Proponho o respeito às leis, serve???

Daniel Oliveira também está bravo. E me manda estudar:
Bela análise, senhor blogueiro. Acredito que essa deve ser a fórmula do sucesso do autodenominado “um dos blogs mais acessados do Brasil”: polemizar sobre assuntos sobre os quais não tem qualificação para opinar. Excelente estratégia; lançar mão de críticas e adjetivações ácidas, apresentando juízo de valor sumário sobre determinado assunto. Por favor, se informe sobre o que é massa crítica, em especial sua origem (…)
O sujeito reivindica o direito de parar a cidade, mas acha que eu não tenho nem mesmo o direito de opinar. “Massa crítica”? O pobre não sabe o que diz!

Pronto! Já deu para ter uma idéia do que pensam os que defenderam aquele absurdo antidemocrático de ontem. Agora Tio Rei só aceita comentário de bikers que acatem a Constituição! Sem isso, nada feito! E sem essa de dar uma de menino mimado e malcriado aqui. Tratem este jornalita com respeito. Nem precisa ser como gente. Pode ser como uma plantinha. Vocês adoram plantinhas, não é isso?

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