ELES E EU
Nelson de Sá, que tem uma coluna sobre mídia na Folha, publica hoje a nota que segue. Volto depois: ABUSOS O blog de Reinaldo Azevedo, da “Veja”, comentou a entrevista da procuradora eleitoral na Folha, sobre como os “abusos ameaçam eleição de Dilma”, afirmando que ela foi “corajosa, mas ninguém deve se fiar muito na […]
Nelson de Sá, que tem uma coluna sobre mídia na Folha, publica hoje a nota que segue. Volto depois:
ABUSOS
O blog de Reinaldo Azevedo, da “Veja”, comentou a entrevista da procuradora eleitoral na Folha, sobre como os “abusos ameaçam eleição de Dilma”, afirmando que ela foi “corajosa, mas ninguém deve se fiar muito na dureza do TSE”. Em suma, “duvido!”.
Já o blog de Paulo Henrique Amorim, da Record, postou primeiro que “a tentativa de golpe já começa a rondar a oposição, o TSE e a mídia”. Depois, descreveu a procuradora como “colega de Nelson Jobim” e, por fim, como uma defensora da Globo e de Serra.
Voltei
A tentativa, nada sutil, é me transformar no Paulo Henrique Amorim “do lado de lá”. Vou explicar algumas diferenças ao De Sá:
1 – Eu era crítico do PT quando o partido estava na oposição (aliás, era de FHC quando ele estava no governo; dentro da Folha inclusive) e continuei crítico do PT quando ele virou poder. Tive até de fechar uma revista por isso. O outro blogueiro não gostava do Lula oposicionista. Apaixonou-se depois, pelo Lula governista. Em 1998, fez uma verdadeira cruzada contra o então candidato do PT à Presidência, acusando irregularidades na compra de seu apartamento de cobertura em São Bernardo. Lula o processou. Justiça se faça: pessoalmente, o presidente o detesta até hoje; não aprecia o modo como Paulo Henrique gosta dele. Mas a questão não é pessoal, é política.
2 – Tanto é política que Paulo Henrique, a exemplo de outros blogueiros governistas, tem patrocínio da Caixa Econômica Federal. Lula leva o rancor até certo ponto; até o ponto em que o dinheiro passa a ser público. A “CEF do FHC” não patrocinou Primeira Leitura, a minha revista. Tivemos, sim, por seis meses, anúncio da Nossa Caixa, a exemplo de praticamente toda a imprensa sediada em São Paulo, pouco importando a tendência – os esquerdistas também tiveram. Mas o PT tentou fazer do anúncio em “Primeira Leitura” um “escândalo”. Não prosperou.
3 – Paulo Henrique, que, na cabeça oca de De Sá, é o “Reinaldo do lado de lá”, promove duas campanhas no momento, com patrocínio da Caixa Econômica Federal: uma é eleitoral — basta ver aquilo (e não recomendo que vocês o façam); a outra é contra a Folha e seu diretor de Redação. Eu tenho lado nos embates — já deixei claros os princípios. E é sempre o mesmo, pouco importa quem esteja na Presidência!
4 – Paulo Henrique, aliás, já era jornalista nos tempos em que até os bichos falavam no pau de arara da ditadura. Seria interessante saber o que ele andava escrevendo naqueles dias. Qual é a aposta de vocês? Estava mais para um desses heróis destemidos ou para um subintelectual do regime? Hora dessas, um pesquisador dedicado ainda vai se lembrar de contar a história das idéias durante o regime militar e recuperar textos realmente memoráveis. Vocês vão ficar surpresos ao descobrir como certos “progressistas” de hoje reagiam diante de uma farda… E muitos faziam por gosto, não por necessidade.
5 – Eu era jovenzinho, moleque mesmo. E reagi: dizendo “Não”. Fui “fichado” por isso. A barba mal tinha acabado de me nascer.Vai ver sou meio abestalhado: fui de esquerda no tempo do risco e dei um pé no traseiro das esquerdas quando “ser esquerdista” passou a ser uma das mais lucrativas profissões no Brasil.
De Sá precisa estudar. E não é de hoje.