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Delator da Odebrecht diz sobre Serra: “O homem nunca nos ajudou!”

Será que vão aparecer as contrapartidas de Serra à Odebrecht? O MPF vai ter de procurar. Pedro Novis, ex-diretor do grupo, deixa claro: nunca houve

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 17 abr 2017, 07h10 - Publicado em 17 abr 2017, 06h06

Pois é… Também a delação que sustenta que o senador José Serra (PSDB-SP) recebeu recursos da Odebrecht pelo caixa dois não aponta qual teria sido a contrapartida.

O ex-diretor, nesse caso, é Pedro Novis, que já chegou a comandar o grupo Odebrecht. Nota-se, igualmente, o esforço mais do que evidente dos representantes do MPF para que o depoente diga o que eles querem que seja dito.

Já demonstrei aqui que um procurador chega a ficar irritado quando Benedicto Júnior, o “BJ”, outro ex-diretor, porque este afirma que o governador Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo, não prestou favor nenhum à Odebrecht em troca de doação eleitoral, que teria sido feita pelo caixa dois.

No caso de Kátia Abreu (PMDB-TO), além de negar a contrapartida, o delator demonstra claramente a sua contrariedade com o comportamento da senadora, que nunca teria ajudado a empresa.

De volta a Serra
Abaixo, seguem dois vídeos com o depoimento de Pedro Novis.

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No primeiro, depois de o procurador tentar, por todos os meios, fazer Novis confessar que José Serra havia feito contrapartidas à empreiteira — o que caracterizaria, então, corrupção passiva —, diz Novis aos 39min01s:

NOVIS “Doutor, o senhor que saber de uma coisa? Esse homem nunca nos ajudou. Nós sempre apostamos nele. Essa é que é a verdade. Sei que os advogados estão aqui, ficam incomodados, mas eu tenho de dizer aos senhores [ele é interrompido],

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PROCURADOR – Mas os senhores teriam investido esse valor aqui nessas obras se não fosse ele [Serra], se fosse um candidato com quem a Odebrecht não tivesse nenhuma relação?

NOVIS – A Odebrecht teve sempre teve relações de apoio a candidatos ao governo de São Paulo, como teve em relação a outros governos. Estão aí os relatos de tantos colegas meus, que eu suponho que os estejam informando. Se fosse outro governador, provavelmente, nós teríamos tido também…

PROCURADOR – Entrado do mesmo jeito…

NOVIS – Entrado do mesmo jeito.

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ADVOGADO – Foi uma frustração. O investimento com Serra não gerou exatamente o que se esperava.

NOVIS – O Serra sempre foi uma expectativa, frustrada pelas derrotas nas eleições. Vocês estão ouvindo eu gravar isso aqui. E frustrada pela falta de retribuição.

Expectativas
Atenção, meus caros, para o que vem agora. Os procuradores começam a falar sobre as expectativas da Odebrecht, tentando, de algum modo, vincular a palavra à promessa de contrapartida. O esforço é o de sempre: caracterizar o caixa dois como corrupção passiva. Aos 40min10s do primeiro vídeo, tem início esta sequência:

PROCURADOR 2 – Quais eram as expectativas do senhor?

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NOVIS – Expectativa de que ele, presidente da República, desenvolvesse, por exemplo… O Serra é bom administrador público. Isso eu não questiono…

PROCURADOR 1 – Eu quero saber se essa frustração é uma promessa que ele fez e não cumpriu ou é simplesmente por uma coisa que ele não cumpriu sem ter prometido.

NOVIS – Não, não, não! Não porque o Serra candidato à Presidência da República por duas vezes gerava uma expectativa… Nós conversamos sobre os planos dele, com certeza; sobre a visão que ele tinha das carências da infraestrutura do país, sobre a necessidade de retomar… Eu me lembro, o senhor vai me permitir este parêntese.

Eu me lembro de o Serra fazer um comentário, porque ele é um estudioso, ele pesquisa tudo isso, ele dizia: “O Brasil, há décadas, vive na contramão de todos os países em desenvolvimento. Todos os países, nas suas fases de desenvolvimento importantes, em momentos diferentes da história — Chile, México, Espanha, Japão —, tiveram uma relação juros da dívida sobre o PIB da ordem de 2% e investimentos em infraestrutura da ordem de 7%. O Brasil, há décadas, caminha no sentido reverso: juros da dívida pública 7%, 8%, e investimentos, 2%”.

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Então, a consciência que ele tinha da necessidade de se mudar esse modelo econômico do país, para fazer um país produtivo… Evidentemente, nós estávamos engajados nisso porque nós dependemos disso, seja nas áreas industriais, seja, sobretudo, na área de prestação de serviços e construção de infraestrutura. Então, essa aposta foi feita e, infelizmente, não se materializou.

Vamos ver
Também nesse caso, o que se tem um assunto atinente à Justiça Eleitoral. Ninguém aqui está a dizer que o caixa dois é uma bonita e aceitável. Uma ova! Mas Serra não é, como resta evidente, um Sérgio Cabral, não é mesmo?

Mais de uma vez, Novis evidencia a decepção com o agora senador. E justamente porque não havia as contrapartidas.

O futuro
O que vai acontecer? Sem a evidência de contrapartida, como é que o Judiciário, em qualquer instância, poderá condenar alguém por corrupção passiva? Evidentemente, fica difícil.

Ocorre que esse troço vai se arrastar, não é? Não havendo as evidências de contrapartida, o caso deveria ser remetido à Justiça Eleitoral e pronto!

Mas não! O MPF faz tábula rasa e pede abertura de inquérito para todo mundo. Edson Fachin, o relator do processo na Segunda Turma, também ignora as diferenças e diz “sim” a tudo.

Ainda que uma penca dos ora investigados venha a ser absolvida depois, imaginem o tamanho do desgaste.

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