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Datafolha Economia 2 – O Brasil melhorou, mas o governo piorou?

Se a economia está menos pior, se a expectativa das pessoas sobre a sua própria vida econômica é mais positiva, o que explica o recorde negativo do governo?

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 2 Maio 2017, 09h19 - Publicado em 2 Maio 2017, 08h55

Pois é, pois é…

Então o brasileiro avalia que a economia está melhorando — é o que explica a queda razoável do pessimismo entre dezembro e abril, mas atribui ao governo Temer o seu recorde negativo? Então o brasileiro acha que a sua própria vida econômica terá um salto positivo, mas atribui ao governo Temer o recorde negativo? É justo? Já escrevi aqui que não. É explicável? É. Um fator é conhecido. E há uma hipótese que convido o Datafolha a avaliar.

Vamos lá. No período em que a inflação volta ao centro da meta, em que há uma queda substancial de juros — e isso leva à queda do pessimismo, é claro! —, por que passaram de 51% em dezembro para 61% no fim do mês passado os que consideram o governo ruim ou péssimo? “Ah, é o desemprego; é a recessão; é a crise.” Bem, isso tudo estava dado em dezembro. E NOTEM: NÃO ESTOU EU AQUI A COBRAR QUE A POPULAÇÃO RECONHEÇA, NO PORRETE, QUE AS COISAS MELHORARAM. ELA O DISSE POR CONTA PRÓPRIA.

Bem, o fator conhecido é óbvio, é ululante. Está na raiz do número espantoso de pessoas que dizem sentir vergonha de ser brasileiras. Farei um post específico a respeito. Refiro-me, sim, ao eixo que se formou entre a direita xucra, a Lava Jato e, lamento constatar, setores da imprensa. Essa turma forma hoje uma espécie de “partido” da demonização da política.

Ora, se autoridades — afinal, os procuradores o são — saem pregando aos quatro ventos que só há ladrões no país; que os “políticos” conspiram contra a Lava Jato; que o próprio Supremo Tribunal Federal (nesse caso, sobra a sugestão no ar) estaria pouco empenhado na Justiça, o que esperar? Isso tudo é visto como “culpa do governo”.

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Mais: há, nesse intervalo, o efeito devastador da chamada “Lista de Janot”. A forma como o procurador-geral da República encaminhou o seu rol de pedidos de inquérito e a acusação permanente que fazem seus pares de que Câmara, Senado e até governo querem obstar a operação, bem, essas duas coisas concorrem para que se olhe o governo com desconfiança.

Ora, tenham paciência! Então os entrevistados veem uma melhora no país e na sua própria vida econômica, mas consideram que o governo piorou? É claro que está falando aí o ódio à política.

A pesquisa
E eu vou propor aqui uma questão. Não! Não ponho em dúvida a idoneidade do Datafolha. Eu e todo mundo sabemos que o instituto é uma espécie de “magister dixit” do mundo das pesquisas. Quando institutos começam a divergir, o mercado das ideias logo fala: “Vamos ver o que diz o Datafolha”. O nome disso é credibilidade.

Posto isso, segue a minha dúvida. Será que faz sentido investigar, numa mesma pesquisa, o que a população pensa das reformas trabalhista e previdenciária e que avaliação faz do governo Temer? Não me parece o mais prudente. Não há o risco de uma coisa contaminar a outra, pouco importa a ordem das perguntas?

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“Ora, Reinaldo, é claro que a rejeição às reformas interfere na avaliação sobre o governo Temer. Sim, eu sei disso. Eis a razão por que, parece-me, não convém misturar as coisas — uma mistura agravada, acho, pelo levantamento também eleitoral. Vejam lá: Lula e Marina — os prediletos das simulações de segundo turno são… contra as reformas e contra o governo.

Não! Não acho que os dados tenham sido manipulados nesse ou naquele sentido. O que vai na pesquisa é compatível com o que a gente percebe nas ruas ou mesmo em círculo restrito de amigos. Creio que o Datafolha divulgou o que apurou. Mas acho que há o risco de a apuração ter sido distorcida pelo excesso e sobreposição de temas.

Concluo
E que fique claro: se a hipótese que levanto sobre a pesquisa faz sentido, ainda assim, ela tem uma influência reduzidíssima nos números apurados. O que leva a população a dizer que, em quatro meses, piorou o governo que, ela mesma admite, melhorou o Brasil são as sucessivas crises artificiais deflagradas pela substituição da política pela polícia.

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