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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Corregedoria da PF tem de investigar. Lembram-se da Satiagraha?

O tal delegado Protógenes, que diz correr risco de vida se voltar ao Brasil, está num autoexílio na Suíça. Não é podre de chique?

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 21 mar 2017, 08h44 - Publicado em 21 mar 2017, 08h07

Vamos ver. O papelão supostamente misturado à carne dizia respeito a embalagens. Os ácidos sórbico e ascórbico (vitamina C) não são cancerígenos. A cabeça de porco não é imprópria para consumo, e seu emprego em embutidos é permitido. A expressão “carne podre” é um jargão da área que não designa “carne putrefata”. Relembremos mais.

São 4.837 postos de processamento de carne no país. Havia 21 numa lista de suspeitos, e apenas três sofreram interdição. Mais um pouco. As 21 plantas que estão sob vigilância especial responderam, no ano passado, pela exportação de US$ 120 milhões, de um total do setor de US$ 13,5 bilhões. Menos de 1% — 0,89%…

Não obstante, o prejuízo já provocado pela dita Operação Carne Fraca é gigantesco. O país está pagando caro por isso. E não se sabe quando a coisa volta à normalidade. Há seis milhões de pessoas empregadas no setor. Há milhares de pequenos produtores. De imediato, há uma queda de rendimento porque é claro que o preço da carne brasileira cai. E os concorrentes aproveitam para fazer suas ofertas. Isso afeta o plano de investimentos.

E, no entanto, cabe perguntar: o que vai acontecer com os responsáveis por essa patuscada? Resposta: nada!

E a Corregedoria?
Bem, não sou do tipo que dá curso a teorias conspiratórias. Também não me caracterizo por sair fazendo acusações a esmo. Mas quem viu, como vi, a Operação Satiagraha, estrelada pelo tal delegado Protógenes — que  chegou a ser herói das esquerdas e dos petistas —, bem…, quem acompanhou aquilo sabe que sempre há o risco de operação até fundamentada acabar servindo a larápios.

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É evidente que a Corregedoria da Polícia Federal (Coger) tem de apurar o que aconteceu. Reitere-se: ninguém está a dizer que é impossível haver crimes na agropecuária brasileira. Mas também não dá para ignorar que esse é um setor em que o Brasil se destaca com folga, o que sempre desperta a atenção de lobbies que gostariam que as coisas se dessem de modo diferente.

“Está sugerindo o quê, Reinaldo? Que a PF e alguns de seus agentes podem ter se deixado corromper?” Não! Se quisesse sugerir, sugeriria. Não sou oblíquo. O que sustento é que a turma que se meteu na “Carne Fraca” deve uma explicação à sociedade. Em vez disso, já afirmei aqui, há agentes plantando mais fofocas na imprensa.

Autoexílio na Suíça
E, de resto, também não dá para descartar que agentes federais percam o eixo. Voltemos a Protógenes. Sabem onde ele está agora? Num autoexílio na… Suíça! Não é podre de chique? O homem foi expulso da Polícia Federal em razão dos métodos a que recorria, acabou condenado a dois anos e meio de prisão e… ora, ora, resolveu fugir.

Afirmou aos suíços que, no Brasil, correria risco de vida em razão de seu combate à corrupção (podem gargalhar!). Contou ter sofrido quatro atentados, diz que teve uma filha sequestrada. Bem, amiguinhos, cansado de tudo isso, ele resolveu mudar de vida!

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Um dia, aliás, alguém há de se interessar pela história da Satiagraha. Os leitores mais jovens não sabem: inventou-se um monstro chamado “Daniel Dantas”. Ele era o alvo principal da tal operação. Atender a simples requisitos do estado de direito, no que lhe dizia respeito, era visto pelas esquerdas — sim, Protógenes atuava em parceria com esquerdistas — como defesa de bandidos… O fato é que o PT não queria que Dantas continuasse com a Brasil Telecom e a queria vendida para a Telemar, como aconteceu, dando origem à Oi, que está quebrada…

Sim, há muita coisa daqueles dias ainda por vir à luz: saber quem trabalhava a serviço de quem, por exemplo. E não só na Polícia Federal. Também jornalistas e colunistas — ou subjornalistas e subcolunistas — foram tocados pelo vil metal. Cansado da brasileirada, alegando uma perseguição que ninguém viu, o doutor resolveu mudar de ares… Cedo ou tarde, certos heróis encontrarão seu berço.

Encerro reivindicando que a Corregedoria da PF dê uma resposta à sociedade. E não venham me dizer que “ainda é cedo para isso”. Não é, não! É preciso que fique claro que coisas assim não podem voltar a acontecer. E isso só se dará se o atípico for tratado como tal.

Ainda que eventuais irregularidades fossem multiplicadas por mil, se estaria diante de uma fatia irrisória do setor. E, para que se chegue a essa conclusão, basta olhar os números.

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