Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

Convém não ver Ciro Gomes só como louco; pode ser, mas tem método

Em entrevista, o homem sugere que sua política econômica estaria à esquerda do PT... E o que pretende quando diz que Trump não é de direita?

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 20h59 - Publicado em 28 mar 2017, 05h17

Escrevi um pequeno post endossando uma consideração de um amigo médico, Felipe Nogueira, segundo quem é Ciro Gomes, não Jair Bolsonaro, o candidato a ser o Donald Trump brasileiro. A observação é arguta e absolutamente compatível com a reveladora entrevista publicada ontem pela Folha. Aliás, convém que aqueles que consideram que o homem é apenas louco comecem a desconfiar de que ele também tem método.

Começo por essa questão momentosa porque vejo, no Brasil, alguns tontinhos de direita à procura do “nosso Trump”. Pois é… Mas o que fez o já decadente Trump presidente dos EUA? Eu resumiria assim: fastio de amplas camadas com a prevalência da agenda politicamente correta que Obama abraçou, sobretudo no segundo mandato, e, atenção!, a mobilização daqueles que não se julgam beneficiados pelo mundo moderno. Supor que Bolsonaro é o Trump só porque é o mais reacionário que a política brasileira pode oferecer é evidência de análise rasa.

Até porque, resta provado, e Ciro acerta ao fazer esta consideração à Folha, Trump é um populista, sim, mas será mesmo “de direita”, da “direita liberal”? Acho que não. Tanto é assim que esquerdistas brasileiros viram com bons olhos quando o Malucão anunciou que pretendem proteger as empresas americanas da concorrência para preservar empregos.  Ciro tem aquele jeito de doidão, reitero, mas tem método. Afirmou sobre o presidente americano: “Por que o Trump é de direita? Populista, sim, ok. Mas a vitória dele foi importante. Ele representa a negação da perversão neoliberal. E, no Brasil, o problema não é de direita e esquerda. A política econômica do Lula é igual à do FHC”.

E, claro, ele elogiou também o que considera a franqueza do americano, similar, então, à sua: “Em tempos bicudos, as pessoas procuram franqueza”. Antes ainda: “[Uma especialista] sempre me estimulou a manter minha linguagem, meu sotaque, meu jeito de ser. Só tenho como ferramenta minha língua”. Quando o pré-candidato diz que receberia os homens de Moro a bala caso tentassem prendê-lo de modo injusto, não está falando sem querer. Ele sabe que os fanáticos do morismo não votarão num candidato de esquerda.

Continua após a publicidade

E é esse o espaço que está buscando consolidar, junto com Lula, com quem ele anuncia uma aliança. É claro que não pode se descolar também do eleitorado de centro e de centro-direita. Notem: ele receberia os homens de Moro a bala, mas, sozinho, o sujeito se comporta como polícia, Ministério Público e juiz. Atira contra tudo e todos. Fica-se com a impressão de que resta um honesto na República. Adivinhem quem.

Ele está se posicionando para a guerra. Tanto é que a maior saraivada para o prefeito João Doria, de São Paulo (PSDB), em quem vê um potencial candidato. Então pespega: é farsante; deixou um rastro de irregularidades na Embratur; fez propaganda que estimulou o turismo sexual e ficou milionário com a ajuda de governos tucanos. Levou um troco: tem de cuidar de sua saúde mental; não tem moral para falar em defesa das mulheres porque disse, em 2002, que a função da sua ex-mulher era dormir com ele; exibe “habitual destempero” e “tradicional desequilíbrio”.

Que fique claro: Ciro conta também comos contra-ataques, como contava Trump.

Continua após a publicidade

Aliança tácita
A aliança tácita com Lula está dada. Quando ele diz que não se lança candidato se o outro o fizer, deixa claro que estão juntos. Com acerto, supõe que o petista tenderia a polarizar o debate, e ele, Ciro, seria condenado à irrelevância como alternativa de esquerda. Faz sentido? Faz. Lula vai ser candidato? Depende da Justiça. A suposição de que estarão juntos em 2018, em qualquer cenário, é muito razoável. Ainda que o PT viesse a lançar um qualquer (se não for Lula), coisa de que duvido um pouco, a aliança tácita seria mantida.

Para encerrar: na entrevista à Folha, Ciro deixa claro que considera neoliberais tanto a as opções econômicas do PSDB como as do PT. É, colegas, em economia, o homem pretende ser a verdadeira esquerda.

Viva a Terra Arrasada de Rodrigo Janot, em que ninguém presta; em que todos são culpados. Ele nos expõe a perigos como esse.

Continua após a publicidade

Um Ciro com tal discurso é, arremate-se, mais uma obra da direita xucra.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.