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Bolsomito: FHC está para princesa Isabel como maconha para negro?

Jair Bolsonaro, líder da direita xucra e bibelô tático daquela que se quer esperta, resolve assombrar o mundo com novos pensamentos profundos

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 13 mar 2017, 08h21 - Publicado em 13 mar 2017, 07h46

Ai, ai…

A direita xucra tem no deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) seu guia e seu mestre. Nas redes sociais, o bolsonarismo parece ser um fenômeno irresistível. Pura cascata. Certa direita que se quer instruída e civilizada — só não está claro por quais livros — evita comprar briga com ele por motivos supostamente táticos: “A eleição pode caminhar para um Fla-Flu com os esquerdistas, e queremos o eleitorado do ‘Bolsomito’”. A covardia e o oportunismo gostam de se fingir de inteligência. Se houver mesmo esse embate, seus eleitores poderiam votar na esquerda? Seria justo, mas não creio que o fizessem.

Depois de gravar um vídeo, no Dia Internacional da Mulher, em que propõe que o “mimimi do feminicídio” seja enfrentando pelo “homicídio”, ele dá, nesta segunda, mais uma grande contribuição ao pensamento político: uma entrevista à Folha. E ele é tão mais encantador quanto mais irônico tenta parecer.

Thaís Bilenky conduziu o trabalho com correção. E imagino a que custo! Um dos mantras de gente como Bolsonaro é se dizer perseguida pela imprensa. Pois é. Poderia ter revelado pensamentos profundos, não é?, coisa que nem ele nem seus robôs fazem na Internet.

Prestem atenção a esta pergunta e à resposta:

O senhor diz que não defende tortura, mas acusa de vitimização quem a condena.
Quando disse “isso que dá torturar e não matar”, foi uma resposta para os vagabundos aqui que estavam se vitimizando que foram torturados pelos militares. Ninguém é favorável à tortura.

Vamos lá. Notem que a jornalista nem apelou à sua fala estúpida. Foi ele próprio quem a lembrou. Ora, o homem que diz “isso que dá torturar e não matar” está dizendo, obviamente, que a tortura é só parte do serviço.  Só é completo quando o torturado morre. E aí ele emenda como se pudesse pertencer ao grupo dos primatas que lidam com a lógica: “Ninguém é favorável à tortura?”. Não? E à tortura seguida de morte, deputado?

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Mais adiante, ele repete um mantra que lhe foi soprado aos ouvidos por liberais de fancaria e tenta transformar a liberdade de expressão e a imunidade parlamentar em valores absolutos. Leia mais um trecho:

O sr. não teme ser punido?
Por que seria? Eu tenho imunidade para quê? Sou civil e penalmente inimputável por qualquer palavra. Posso falar o que bem entender, isso é democracia. Já dei soco em alguém, dei tiro, dei coice?
Mas é réu por incitação ao crime de estupro e injúria.
Não vou discutir. Não é a imprensa nem o Supremo que vão falar o que é limite pra mim. Vão catar coquinho, não vou arredar em nada, não me arrependo de nada que falei.

Bem, comecemos pelo fim. Se não se arrepende de nada do que falou, está dizendo aos senhores ministros do Supremo que ele mantém a afirmação de que uma deputada não merece ser estuprada porque é muito feia. A frase o fez réu por aquilo que acho que é: incitação ao estupro — mas só das mulheres bonitas…

Entendo que Bolsonaro considere que só o soco, a bala e, sobretudo, o coice constituam agressões. Bem, sabidamente, há outras. Não existem direitos absolutos. É um princípio da civilização.

E vale destacar uma sequência que é típica dos asnais.

O sr. disse que fuzilaria FHC.
Falei pela forma como ele privatizou a Vale do Rio Doce. Lembrei-me do pai dele, quando passamos do Império para a República, quando perguntaram [o que ocorreria] se a família real não fosse embora, ele falou “fuzila a família real”. [O avô de FHC teria dito isso.]
Está valendo?
Não. São metáforas, formas de expressão.
O sr. o admira?
Ele [FHC] está para ganhar o título de princesa Isabel da maconha, porque quer liberar as drogas no Brasil.

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Encerro
Então fiamos assim. O mui admirado por alguns buldogues disfarçados de liberais fuzilaria (metáfora, claro!) FHC por causa da privatização da Vale. Sim! Ele e os comunas não se conformam com isso. Indagado se o admira, diz que o ex-presidente está para ganhar o título de “princesa Isabel da maconha”… Bolsonaro é contra a descriminação das drogas. A propósito: também sou, mas…

Esperem! Se ele considera a liberação das drogas um mal e se FHC vai ser a princesa Isabel, a maconha, na sua metáfora (ou os consumidores), correspondem aos negros, certo?

Está claro que Bolsonaro não admira a princesa Isabel da maconha.

Os primatas lógicos têm de concluir que ele também não admira a princesa Isabel dos negros.

Eis o homem que manda ministros do Supremo catar coquinho.

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