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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Ainda Temer, mulheres e treva dos fascismos de esquerda e direita

Alcançar a igualdade, tendo as diferenças como garantias, não como privilégios, entre homens e mulheres é um ponto de chegada. Essa é uma boa luta

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 9 mar 2017, 16h37 - Publicado em 9 mar 2017, 16h35

O presidente Michel Temer recorreu ao Twitter para minimizar o mal-estar causado em certos setores com suas declarações sobre o Dia Internacional da Mulher. Escreveu o seguinte:

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Fez bem. Vamos lá. As pessoas também são o resultado de circunstâncias que não são de sua escolha: tempo, herança cultural, a metafísica influente à época de sua formação intelectual etc. Isso vale para o bem e para o mal.

Não fosse o presidente um negociador nato — às vezes, quase um prestidigitador da arte de compor as diferenças —, será que teríamos chegado até aqui? Olhem o tamanho do desastre que o PT produziu no Brasil! As consequências, convenham, até que são amenas perto do que poderia ter acontecido.

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Mais: depôs-se um governo. Outro assumiu. As prioridades, felizmente, mudaram. Por incrível que pareça, apesar de todas as crises políticas criadas artificialmente por doidivanas, os fundamentos da economia evoluem de forma positiva, o país melhora, já se vê algo de bom se mover no horizonte, apesar do esforço deliberado de alguns para “o quanto pior, melhor”.

É a sua trajetória, é a sua experiência e, sim, é também a sua idade que lhe garantiram a temperança necessária para a travessia.  Se a gente for colocar tudo no papel, como dados de uma equação, o resultado conceitual é o desastre. E, no entanto, não é.

Mas Temer não é um político da vanguarda do pensamento — nesse caso, ainda bem!, ou teríamos enfiado a cara no muro. Sim, ele procurou ser sinceramente elogioso com as mulheres. E foi. Mas esse não é mais o elogio que se quer ouvir nos tempos de hoje.

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Cuidados
Em certos círculos, convenham, é preciso tomar cuidados adicionais ao elogiar a beleza ou a elegância de uma mulher. O primeiro é haver ao menos uma terceira pessoa presente; o segundo é medir cada palavra para que que não reste a suspeita de que se exaltam os dotes físicos em detrimento dos intelectuais; o terceiro — e aí as coisas começam a ficar ainda mais complexas — é ser especialmente cuidadoso num debate ou altercação para que não fique caracterizada uma tentativa machista de silenciar… uma mulher! NOTA À MARGEM: escalando os píncaros da bobagem, o senador petista Humberto Costa (PE) afirmou que Dilma foi deposta por… ser mulher. E Fernando Collor, suponho, por ser homem…

Não! Eu não acho que ficar contando piadas grosseiras sobre mulheres, gays, deficientes e minorias perseguidas seja uma distinção da inteligência. Acho de um oportunismo asqueroso. Serve para divertir boçais. Oponho-me a qualquer forma de censura, sim! Mas velhos e novos bolsonaristas não devem confundir a liberdade de expressão com incitação ao crime. Dizer que jamais estupraria a mulher “X” porque ela é feia é crime. Atribuir a ação penal que corre contra Jair Bolsonaro no Supremo à patrulha do pensamento politicamente correto expressa a mais alvar ignorância sobre o que é o… politicamente correto, conceito e prática que têm história.

Não conheço mulher que tenha gostado das palavras do presidente, mesmo aquelas que reconheceram não haver o ânimo da ofensa e da provocação.

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Feminismo
Já escrevi aqui e reitero: de todas as militâncias obscurantistas (e as há, oriundas dos fascismos de esquerda e de direita), poucas conseguem alcançar realmente as trevas como o feminismo xucro. As barbaridades de que são capazes algumas extremistas do teclado são assombrosas, o que resulta em frases como “todo sexo heterossexual é estupro”.

Mas também se pode ser obtuso tentando negar que a descriminação existe. E não! Não me considero isento de responsabilidade nisso, ainda que involuntária. Negar a prevalência da cultura machista é resistir a uma evidência. A questão é saber como responder a isso. Como sempre acontece, mais do que os fins, o que civiliza são os meios. Quem, aliás, faz política só pensando nos fins são os fascistas e os comunistas.

Alcançar a igualdade, tendo as diferenças como garantias, não como privilégios, entre homens e mulheres é um ponto de chegada. Essa é uma boa luta. Hostilizar mulheres que se lançam nessa causa; associá-las à feiura ou à infelicidade sexual… Eis o lixo mais desprezível de que são capazes os reacionários, os fascistas de direita — adversários de uma sociedade liberal. E que se note: boa parte das esquerdas pensa a mesma coisa, mas é mais cuidadosa ao se expressar.

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Mas se diga de novo: quais instrumentos hão de operar a mudança? Deve-se partir para a simples negação do problema, na certeza de que, ao se criar um discurso reativo, ao menos se equilibra o jogo e se estabelece a chamada “luta entre narrativas”? Ou se está mesmo em busca de um mundo melhor, mais justo, mais tolerante — o que só uma sociedade democrática e liberal pode garantir?

Fez bem o presidente ao deixar claro que não havia sido amplo como deveria ter sido em sua abordagem.

Quanto ao mais, bem, sou um feminista nos limites do possível. Minhas divergências de princípio com alguns grupos, especialmente no que se refere à militância pró-aborto, por exemplo, são gigantescas.

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Viva a arena! Viva o debate!

Já as respectivas patrulhas de fascistas de esquerda em favor do feminismo e de fascistas de direita contra o dito-cujo são asquerosas. Envergonham os que têm mais de três neurônios. São duas ignorâncias que se estreitam num abraço insano em favor de um mundo pior!

Nem todo imodesto é burro, claro! Mas todo burro é de uma imodéstia que chega a ser encantadora.

 

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