A LER-QI manda na falsa greve da USP. E pauta a imprensa de SP. Mas que diabo é isso?
Leitor amigo, Prepare-se para entrar no Parque dos Dinossauros. Você já ouviu falar de LER-QI? Não se trata de nenhuma doença, como o nome pode sugerir. Não é a famosa Lesão de Esforço Repetitivo, embora a coisa remeta, vamos dizer, a gente seqüelada — seqüela ideológica. A LER-QI é a poderosa (???) Liga Estratégia Revolucionária – […]
Leitor amigo,
Prepare-se para entrar no Parque dos Dinossauros. Você já ouviu falar de LER-QI? Não se trata de nenhuma doença, como o nome pode sugerir. Não é a famosa Lesão de Esforço Repetitivo, embora a coisa remeta, vamos dizer, a gente seqüelada — seqüela ideológica. A LER-QI é a poderosa (???) Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional. Para quem nunca foi do ramo: os partidos socialistas e comunistas formaram organizações mundiais (já que são “internacionalistas”): já houve três “Internacionais”. A terceira foi a Internacional Comunista, que ficou refém do ditador soviético Josef Stálin. Em 1938, Leon Trotsky, banido por Stálin da URSS, tentou criar a Quarta Internacional. Seu objetivo era combater tanto o capitalismo quanto o stalinismo, recuperando, dizia, as verdadeiras raízes do socialismo. Bem, a Quarta Internacional nunca chegou a existir. O socialismo acabou, e ainda há gente tentando criar a… Quarta Internacional!!! É mais ou menos como você criar um grupo, leitor, que defenda que é Sol que gira em torno da Terra. Identificam-se com a Quarta Internacional grupos trotskistas ultra-radicais, minoritários, que vivem às turras com outros esquerdistas. Mergulhar nas suas querelas corresponde a penetrar num universo paralelo de extremismo e irrelevância.
Por que isso? Porque, acreditem, o Sintusp, o sindicato dos funcionários da USP, é comandado pela… LER-QI. Na verdade, é a único braço da turma no Brasil. Sim, Claudionor Brandão — o tal funcionário demitido e que lidera as ações do grupelho que hoje assombra a universidade, infernizando a vida de alunos, professores e funcionários — é a estrela do grupo. A página dos valentes está na Internet, cantando, como não poderia deixar de ser, as glórias de… Brandão. Se quiser visitar, clique aqui. Se vocês tiverem alguma paciência, verão que eles se dizem presentes no Chile, Argentina, México, Venezuela, Costa Rica, Bolívia… Na Venezuela, colocam-se à esquerda do Beiçola de Caracas… No Brasil, um de seus adversários, calculem, é o PSOL… Sim, o PSOL é muito moderado pra eles.
Sabem o que isso significa? Que aqueles 300 baderneiros que comandam a bagunça na USP estão numa espécie de concorrência interna para saber quem é mais radical: a LER-QI disputa com o PSOL e com o PSTU o privilégio de comandar a loucura minoritária. Até o PT achou que era um pouco demais — ou de menos —, e resolveu ficar na moita. Dalmo de Abreu Dallari apoiando a intervenção da Polícia, na forma da lei, é sinal de que “O Partido” avalia que a coisa caminha para a loucura isolacionista.
Assim, continuam sob a influência da LER-QI os baderneiros, claro!, alguns professores do radicalismo-chique (ver próximo post) e a imprensa paulista. Isto mesmo: os cadernos de Cidades dos dois grandes jornais de São Paulo estão hoje sendo pautados pela LER-QI, o grupo de Brandão. A imprensa que eles chamam “burguesa” come hoje na mão da Liga Estratégica Revolucionária. No Brasil, eles devem ter, sei lá, meia-dúzia de adeptos. No jornalismo, um monte (embora os jornalistas possam não saber disso).
Laura Capriglione para musa da LER-QI!!!