Começa contagem regressiva para colisão de sonda russa com a Terra
Fobos-Grunt estudaria a composição de uma lua marciana mas não conseguiu deixar a órbita da Terra
A agência espacial russa, a Roscosmos, começou a contagem regressiva para a colisão da estação interplanetária Fobos-Grunt com a Terra. A sonda deveria estudar uma das luas de Marte, mas está à deriva em torno da Terra desde o dia 8 de novembro de 2011.
Trapalhada russa
Programa espacial sofre com série de fracassos
Três satélites russos do sistema GLONASS, concorrente russo do americano GPS, caíram no pacífico em um lançamento fracassado.
Insatisfeito com o rendimento da agência, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, demitiu dois altos funcionários da Roscosmos. O puxão de orelha não foi suficiente para segurar o presidente da Roscosmos, Anatoly Perminov, substituído em abril de 2011 por Vladmir Popovkin.
O satélite de comunicação Express-AM4, que seria responsável por serviços de internet e televisão digital para a Rússia e mais 11 países, entrou na órbita errada. Os engenheiros russos perderam contato com a sonda.
A nave de carga Progress-M-12M, que levava mantimentos até a Estação Espacial Internacional (ISS), caiu na Sibéria logo após seu lançamento.
De acordo com um comunicado da Roscosmos, a queda da nave deve ocorrer entre 10 e 21 de janeiro, mais provavelmente no dia 15. Quanto ao local da colisão da sonda, a Roscosmos só deve prevê-lo 24 horas antes da entrada na atmosfera.
Segundo a agência russa, a nave não representa nenhuma ameaça ao planeta. A superfície da Terra será atingida apenas por cerca de 20 a 30 fragmentos da nave, com uma massa conjunta que não ultrapassará 200 quilos. O resto da sonda será desintegrado ao reentrar na atmosfera terrestre.
Queda livre – Nos últimos meses, duas naves também se chocaram com a Terra: o satélite meteorológico americano UARS, que caiu em setembro no oceano Pacífico, e o alemão ROSAT, um mês depois, no Índico.
O Centro Geral de Reconhecimento Espacial do Ministério da Defesa russo, que determinou com precisão a data e o local da queda do UARS e do ROSAT, vigia os parâmetros da órbita da estação ininterruptamente.
Defeitos – A Fobos-Grunt pretendia ser a primeira nave espacial a pousar na superfície de Fobos, uma das duas luas do planeta vermelho, para estudar a matéria que deu origem ao sistema solar.
“A estação foi projetada e construída com graves defeitos, do sistema de comando ao programa de abastecimento”, diz Igor Lisov, diretor da revista Cosmonautics News.
Herança perdida – O programa de lançamentos russo está em plena crise após vários acidentes. Lisov explicou que entre a desintegração da União Soviética, em 1991, e 2007, o programa espacial russo teve um financiamento estatal insuficiente e que o recente reforço de caixa não será notado na qualidade do trabalho em menos de cinco anos.
Para Lisov, a respeitada herança da escola soviética, em grande parte, já se perdeu. “Só conservamos o programa de naves pilotadas, os satélites de comunicações e o sistema de navegação GLONASS”, disse.
Lisov acredita que a Rússia, a primeira potência a enviar um homem ao espaço (Yuri Gagarin, em 1961), ainda poderá competir com a China, mas não com os Estados Unidos.
(Com agência EFE)