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Por Mario Mendes
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Existem princesas e a princesa Leia

No ano em que a reputação das princesas andou em baixa, a morte da atriz Carrie Fisher veio lembrar que nem todas merecem desprezo e indignação

Por Mario Mendes Atualizado em 2 fev 2017, 08h50 - Publicado em 28 dez 2016, 18h04

No ano em que a reputação das princesas andou em baixa – elas seriam a glamourização máxima da submissão feminina, segundo a atual cartilha do empoderamento da mulher – a morte da atriz americana Carrie Fisher (1956-2016) veio lembrar que nem todas merecem desprezo e indignação. Afinal, muita gente nunca se preocupou muito em separar a atriz da personagem e para milhares de fãs Carrie Fisher continua sendo, sobretudo, a princesa Leia Organa, habitante da galáxia muito, muito distante onde se desenrola a saga de Star Wars – que em 2017 completa 40 anos de soberania no universo pop.

Quando o primeiro filme da série estreou nos cinemas em 1977 – com um até então inusitado sarapatel de ficção científica à la Flash Gordon, lendas arturianas, conto de fadas, filme de bang-bang e código samurai – não podia entregar ao público uma mocinha como as de antigamente. Portanto, Leia parecia voluntariosa e mimada como qualquer outra princesa bobinha, mas também liderava uma revolução, era valente, ousada, dona de humor ácido e não levava desaforo para casa, nem dos meninos da turma nem do maligno Lord Darth Vader.

Ao encontrar o herói Luke Skywalker, que vai resgatá-la na Estrela da Morte, ela o chama de baixinho. E até seu romance com Han Solo se consolidar dois filmes mais tarde, Leia não dá mole ao bonitão nem aproveita qualquer oportunidade para se derreter em seus braços. Sem contar que é a sua arriscada manobra de enviar uma mensagem de socorro ao velho cavaleiro jedi Obi-Wan-Kenobi que coloca toda a ação da trama em movimento.

A princesa também fez moda ao contrário: o penteado do filme original – lembrando dois donuts presos às orelhas – é considerado um dos mais ridículos da história do cinema. Sensualizou geral ao aparecer de biquini na sequência da corte do gosmento Jaba, o Hut, em O Retorno de Jedi. E se mostrou uma envelhecida dama guerreira em O Despertar da Força.

Na vida civil, Carrie Fisher também foi princesa, só que da realeza de Hollywood. Nasceu em lar de artistas, filha da estrela de cinema Debbie Reynolds – do musical clássico Cantando na Chuva – e do cantor astro do circuito Las Vegas, Eddie Fisher – que se se divorciaram poucos anos depois quando Fisher trocou Debbie pela melhor amiga do casal, ninguém menos do que Elizabeth Taylor.

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De princesinha de Hollywood na infância, Carrie se tornou adolescente rebelde e, mais tarde, já famosa, se envolveu com bebida, drogas e depressão – o combo corriqueiro da vida das celebridades. Dizem até que imitou o pai roubando o marido – o compositor Paul Simon – da melhor amiga – a atriz Shelley Duvall. Aliás, o casal rendeu um capítulo inteiro na recente biografia publicada pelo diretor teatral Gerald Thomas, que os ciceroneou no Rio de Janeiro, nos anos 80. Thomas conta que enquanto Simon se preocupava mais com a peruca do que com qualquer outra coisa, Carrie ia aos restaurantes, era reconhecida por todos os garçons e não comia nada, no máximo “brincava com uma azeitona”. Passou os dias e as noites cariocas em outra galáxia, muito distante.

Na verdade, Carrie nunca fez segredo de nenhum tropeço. Soube, isso sim, explorar os altos e baixos da vida em uma carreira de sucesso como escritora, roteirista e até em um espetáculo de stand up, deliciosamente intitulado Wishful Drinking. Não à toa, a princesa Leia que criou no cinema, e fica como seu maior legado, não podia mesmo ser uma tonta.

Por essas e outras que, ao participar como jurada da divertida competição de drags na TV, Ru Paul’s Drag Race, Debbie Reynolds corrigiu a apresentadora que a chamou de “lenda de Hollywood”: “Não, querida. Eu sou a mãe da princesa Leia”. Ela realmente tem a Força.

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