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William Waack errou, mas linchamento virtual fede à hipocrisia

Dez perguntas sobre o vazamento que destruiu uma carreira de quase meio século

Por Maicon Tenfen 10 nov 2017, 01h35

O Brasil é um país racista? Sim. Isso é mesmo verdade? Sim, com toda certeza. Eu sou racista? Não. Você é racista? Também não. A sua namorada, o seu marido, os seus filhos são racistas? É lógico que não. Mas como é possível? Se o país é racista, alguém tem que ser racista. Ou vamos acreditar que o William Waack é o único racista entre nós?

A queda do apresentador do Jornal da Globo evidencia um procedimento típico de comunidades hipócritas. Encontramos um bode expiatório, um judas, uma sombra qualquer para projetar as nossas falhas e o nosso rancor. Nada melhor do que um homem branco de cabelos grisalhos para queimar na fogueira das redes sociais.

Então de novo: se o Brasil é um país racista, a culpa não é minha, nem sua, nem do seu marido e muito menos dos seus filhos.

A culpa é do William Waack, resolvido.

Não se trata aqui de defender o jornalista, que se comportou com inegáveis escrotice e repugnância. Trata-se, isso sim, de abrir os olhos para os linchamentos virtuais que se tornaram regra em nossos dias. Se existe tanto racismo no Brasil — e existe, basta olhar ao redor —, não é de duvidar que muitos dos que estão berrando no Facebook também tenham contado piadinhas étnicas de mau gosto.

Mas essa talvez não seja a questão, já que a hipocrisia, como sabemos, habita todos os recantos da existência. No caso específico de William Waack, enquanto presenciamos o disparo da manada internáutica, seria produtivo se fizéssemos perguntas mais diretas:

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1. William Waack usou o seu poder de influência para difundir o racismo, ou estava apenas destilando uma cretinice que deveria ficar em off?

2. Num primeiro momento, quantas pessoas ouviram as afirmações de Waack? Milhões, como na campanha racista publicada pela Dove, ou apenas o colega Paulo Sotero, que ficou visivelmente constrangido?

3. E num segundo momento, com a viralização do vídeo? Quanta gente riu com o espetáculo de preconceito? Quantos racistas bateram palmas embaixo da mesa?

4. Você acredita que só os famosos podem ser destruídos da noite para o dia? (Trataremos disso em posts futuros).

5. A Globo é “visceralmente contra o racismo”, ou apenas amarelou diante da fúria inquisitorial das redes sociais?

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6. Os rapazes que divulgaram o vídeo são heróis da igualdade que deveria caracterizar um país miscigenado como o nosso?

7. O objetivo da divulgação era combater o preconceito ou semear o medo do politicamente correto com a destruição de uma carreira profissional?

8. Num ou noutro caso, a divulgação do vídeo configuraria crime?

9. Pra que esperar um ano para lançar o vídeo nas redes sociais?

10. O Jornal da Globo ficou sem as gafes de William Waack, mas será que o episódio vai tornar o Brasil menos racista?

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