Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

O Leitor Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Maicon Tenfen
Lendo o mundo pelo mundo da leitura. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

E um filme sobre a vida da Xuxa, não sai?

Nenhuma celebridade dos anos 80 inspiraria uma cinebiografia mais polêmica do que Xuxa Meneghel

Por Maicon Tenfen 25 ago 2017, 09h42

Está em cartaz um filme sobre a vida de um dos atores que interpretaram o palhaço Bozo. Parece que é muito bom, parabéns, viva o cinema brasileiro etc., mas o que eu queria mesmo era ver um filme sobre a vida da Xuxa.

Mara Maravilha, Angélica, Eliana e companhia, podemos esquecer as derivadas. Quem causou um impacto realmente profundo sobre os anos 80 foi o desde sempre demonizado Xou da Xuxa.

A esse respeito, inclusive, tenho uma tese que soa como piada, mas por isso deve ter o seu fundo de verdade. Lá vai: todo brasileiro que tem mais ou menos a minha idade é meio tarado. Não riam, meninas de 40, vocês também tem os seus probleminhas, talvez um sentimento um tanto vago de desilusão, confere?

A origem de tudo, claro, só pode se encontrar na nossa infância.

Continua após a publicidade

Lá estávamos na frente da TV, um bando de moleques abestalhados e orgulhosos da primeira penugenzinha que surgia embaixo do braço. Então aquela tia loira, sempre com os shorts apertados e o umbigo de fora, se aproximava da câmera e dizia gemebunda:

— Vem, baixinho, vem comigo, chega mais, isso, assim, pertinho, mais pertinho, agora, vamos nessa, uhuuu!

O estrago só não foi maior porque logo começava o desenho do Scooby-Doo.

Continua após a publicidade

Ei, meninas, vocês também estavam lá, bobinhas e sorridentes, súditas que sequer piscavam diante da deusa do merchandising. Não sabiam se sonhavam com o primeiro sutiã ou com o concurso Seja a Nova Paquita da Xuxa.

Bastava ter menos de 15 anos, vontade de vencer e, bem, cabelos loiros. Salvaram-se as morenas, descartadas de antemão e obrigadas a voltar mais cedo para a realidade. Apenas por isso a epidemia de desilusão não foi geral.

Mas a cinebiografia seria interessante por outras razões, sem a menor necessidade de realçar a participação de Pelé e Ayrton Senna.

Continua após a publicidade

Depois da estreia do Xou da Xuxa, a rainha moveu céus e terra para impedir o lançamento em VHS de um filme chamado Amor, estranho amor. Ela faz uma personagem coadjuvante que aparece vestida de ursinha de pelúcia e seduz um gurizote de 11 ou 12 anos de idade.

— Ô garoto! — diz ela. — Você não quer brincar comigo?

A cena termina com uma camaçada de pau.

Continua após a publicidade

Vera Fisher surge das sombras e senta a mão na futura rainha dos baixinhos.

— Com o meu filho, não! Eu te mato, desgraçada! Eu te mato!

Consta que trinta e dois gatos pingados assistiram ao filme no cinema, logo esquecido na lata de lixo da irrelevância.

Continua após a publicidade

O problema é que a fama posterior da Xuxa — e sua atitude censória — transformou a película em lenda urbana. Love, strange love saiu em 2005 nos Estados Unidos. Desde então é moleza encontrá-lo na internet.

Esse episódio do filme, na verdade, teve menos importância que o propagado, mas o fato é que a minha geração de loucos pôde ver as projeções da infância concretizadas em imagens.

Condenar a Xuxa? Além de hipocrisia, seria ingratidão. Ser atriz no Brasil — ou em qualquer lugar do mundo — é estar sujeita às neuroses de produtores e diretores que nem sempre sabem o que estão fazendo.

Que se produza a cinebiografia, mesmo que autorizada, assim a Xuxa teria a chance de apresentar a sua versão dos fatos. O público está garantido. Uma fila — imensa — de quarentões tarados e quarentonas desiludidas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.