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Por Vilma Gryzinski
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Tragam-me a cabeça de Donald Trump: é esta a ordem unida

Encenação de comediante espertalhona foi um símbolo impressionante dos diversos agentes do poder que montaram a armadilha para pegar o presidente

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 16 jun 2017, 14h18 - Publicado em 16 jun 2017, 14h18

Em primeiro lugar, muito cuidado com as falsas analogias. As palavras “presidente”,  “investigado”, “obstrução de justiça”, “polícia federal” e outras da mesma família, apesar de incríveis similitudes, podem colocar situações diferentes na mesma caixa.

Aqui, vamos falar da trampa armada em torno de Donald Trump. A intenção é derrubá-lo através do impeachment, instrumento legítimo dos sistemas democráticos presidencialistas. As motivações são políticas. Obviamente pertencem à mesma categoria de legitimidade.

Só para lembrar: Trump é um outsider, um empresário folclórico que virou estrela de televisão e usou o Partido Republicano como veículo para uma candidatura presidencial espantosamente bem sucedida. Não tem base, nem dentro nem fora do partido.

A seu favor está a camada do eleitorado que votou nele, obviamente, com fiéis e desertores, conforme os acontecimentos. Donos de empresas pequenas e médias também apoiam, na maioria, as propostas de Trump.

Especialmente a mudança no sistema de saúde conhecido como Obamacare, que penalizava negócios menores, e a desregulamentação do que, do ponto de vista deles, é um sugadouro de exigências burocráticas – mal sabem, coitados, o que é o inferno na terra.

A vasta maioria das grandes empresas, inclusive do setor financeiro, foi e continua sendo contra Trump. Parte mudaria de lado se e quando ele criar condições econômicas mais vantajosas.

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Sites e radialistas de direita, com uma participação cada vez menor da Fox News, são praticamente os únicos produtores de fundamentos ideológicos para o trumpismo.

COMPLEXO DE GUEVARA

O terreno contra Trump é grande e movimentado. O Partido Democrata que, sendo de oposição, faz oposição, tem duas correntes no momento.

Uma, mais ao centro, preocupa-se em perder votos entre o eleitorado menos ideológico e olha com certa cautela o projeto do impeachment. Claro que, quanto mais enfraquecido ficar Trump, mais este projeto ganhará adeptos.

A ala mais à esquerda, ou “progressista”, domina o debate no Partido Democrata. O impeachment é seu mantra. Tem o apoio unânime dos formadores de opinião – no caso, muitas vezes, deformadores.

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A grande imprensa toda pede a cabeça de Trump. New York Times e Washington Post se revezam nas revelações saídas do coração da Casa Branca e do que agora é chamado de estado profundo  – a máquina.

A academia é uma frente única, com exceções raras, como o Claremont, o berço de onde saiu o único arrazoado intelectual simpático ao trumpismo. Seu autor,  Michael Anton, que escrevia sob pseudônimo hoje assessora o presidente na Casa Branca, sem nenhuma projeção.

Cinema, música, moda, literatura. Decoradores, arquitetos, cartunistas, estrelinhas infanto-juvenis e estrelonas da indústria pornográfica, com um imenso séquito de correlatos, todos são intensamente dedicados ao que passaram a chamar, com o complexo universal de Che Guevara, de “resistência”.

NARRATIVA LETAL

De todos os mencionados, os mais influentes são os comediantes e humoristas que dominam os programas noturnos de televisão. Depois de oito anos fazendo humor a favor de Barack Obama, uma contradição familiar a correlatos brasileiros, têm crescido imensamente em público e poder de influência.

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A comediante Kathy Griffin, que está bem longe do primeiro time da categoria, tentou recentemente uma esperteza. Foi mostrada por um fotógrafo, da “resistência”, claro, segurando uma cabeça cenográfica e sanguinolenta de Trump. Depois, fingiu que estava arrependida, que estava abalada e, claro, que era a verdadeira vítima.

Tudo golpe. As fantasias de decapitação, fuzilamento, linchamento, esfaqueamento (a montagem de Júlio César no festival de Shakespeare no Central Park) e assassinato, em geral, de Trump praticamente foram incorporadas ao “discurso”.

A narrativa de aniquilação inspirou um desequilibrado a tentar assassinar congressistas republicanos que faziam um treino para um jogo de beisebol beneficente.

Assassinato em massa de políticos americanos é o tipo de assunto que não sairia das manchetes durante dias e mais dias. Exceto por dois detalhes. Primeiro, não combina com a narrativa de Trump e eventuais simpatizantes como vilões.

Segundo, no mesmo dia, apareceu mais uma revelação política espetacular. Trump está sendo investigado por Robert Mueller, indicado pelo próprio Departamento da Justiça para deslindar o caso da interferência dos serviços secretos russos na eleição presidencial americana e seus desdobramentos.

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CAÇA AO BRUXO

Entra aí a exceção, de dimensões formidáveis no caso de Trump, da grande frente que trabalha pelo impeachment do presidente. Todos os anti-trumpistas mencionados acima agem dentro das regras do jogo da democracia.

Exceto, evidentemente, pelo atirador. E pelos agentes do estado que, por definição, devem agir com impessoalidade. James Comey, o diretor do FBI demitido por Trump, declarou com suas próprias palavras que vazou memorandos de conversas com o presidente, através de um amigo, professor de Direito, porque queria, assim, provocar a indicação de um investigador independente.

Foi exatamente o que aconteceu. As nove conversas, anotadas preventivamente em memorandos, segundo disse ele mesmo; os vazamentos; a ação em conjunto entre Comey e Mueller, seu antecessor no FBI, tudo indica uma ação concertada para “pegar’ Trump.

Dirigentes dos outros grandes órgãos de segurança nacional, incluindo CIA e NSA, também operaram assim depois da eleição presidencial.

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A grande questão continua a ser, para usar termos do discurso comum americano: são patriotas, movidos pelo conhecimento de informações sigilosas que comprometem Trump, ou traidores envolvidos numa caça ao bruxo que ousou desafiar o sistema?

Será Trump um alvo fácil, que deixou pistas evidentes de tramoias ao mandar enviados como o genro, Jared Kushner, e o ex-assessor Michael Flynn, falar em segredo com os russos? E que ainda por cima se afunda com os próprios tuítes?

Ou, como ex-dono de cassinos, sabe que a roleta estava viciada desde o começo, pois esta é a natureza das roletas e dos cassinos?

O jogo está ficando cada vez mais pesado. Não é para fracos. Aliás, os fracos já caíram.

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