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Por Vilma Gryzinski
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Surpresinha de outubro para Hillary veio de marido viciado em sexo; e não é Bill

Como o FBI foi obrigado a revisitar o escândalo dos e-mails da candidata quase eleita, levado pelas baixarias de Anthony Wiener

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h20 - Publicado em 29 out 2016, 14h03
Hillary Clinton em debate com Donald Trump (Foto: Brendan Smialowski/ Getty Images)

Hillary Clinton em debate com Donald Trump (Foto: Brendan Smialowski/ Getty Images)

Por que o FBI reabriu uma investigação sobre Hillary Clinton faltando apenas onze dias para a eleição presidencial?

Por que não manteve a cautela habitual, e até excessiva no caso de Hillary, e esperou menos de duas semanas para o anúncio, evitando assim a inevitável acusação de que esta interferindo na campanha?

E como a troca de mensagens indecentes do ex-marido viciado em sexo da mais próxima assessora de Hillary com uma menina de quinze anos acabou interferindo no caso?

As teorias conspiratórias que circulam nos Estados Unidos lembram, guardadas as proporções, todas as tramas, reais ou imaginarias, atribuídas no Brasil à Lava Jato. Uma das mais frequentes é houve uma rebelião da base da polícia federal americana contra o tratamento leniente dispensado pela cúpula à candidata, considerada praticamente eleita pelas pesquisas.

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Um resumo quase a jato, mas sem lavagem, do caso. A oposição republicana no Congresso fazia um inquérito sobre a morte do embaixador e outros funcionários americanos em Bengazi, na Líbia, um escândalo separado pela suspeita de que a inação do governo, incluindo Hillary, na condição de secretária de Estado, permitiu a ação dos militantes fundamentalistas.

Por causa desse inquérito, foram pedidos os e-mails oficiais de Hillary, que já havia deixado o ministério. Foi quando se descobriu que ela usava um servidor particular para se comunicar por e-mail durante seus quatro anos como secretária de Estado, o que é contra os regulamentos de segurança de informações e preservação de documentos oficiais.

As suspeitas aumentaram quando os advogados dela eliminaram 33 mil e-mails do pacote que precisaram entregar, alegando que eram particulares. Em agosto do ano passado, o Washington Post deu um furo: o FBI estava investigando o caso.

Como no Brasil, a polícia federal americana é subordinada ao Departamento de Justiça. Pouco antes do resultado da investigação ser anunciado, Bill Clinton se encontrou “por acaso” no avião em que estava Loretta Lynch, a ministra da Justiça que, por uma incrível coincidência, ele havia nomeado para um posto importante quando era presidente.

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Falaram de “netos”, disse Lynch. Mesmo com o cinismo digno de outras plagas, ela teve que se abster do caso Hillary devido ao inacreditável encontro “secreto”.

Em 6 de julho, James Comey, diretor do FBI, anunciou que a candidata a presidente não seria indiciada, apesar de ter sido “extremamente descuidada” com seus e-mails, que evidentemente envolviam assuntos de segurança nacional.

A diferença entre descuido e negligência é que esta última se enquadra nas leis de espionagem, no capítulo referente a agentes do Estado que facilitam, mesmo involuntariamente, o acesso de organismos estrangeiros a informações secretas. É consenso que um bocado de “organismos estrangeiros” teve acesso às comunicações de Hillary em razão da escandalosa falta de segurança de um servidor doméstico, instalado no porão da casa do casal Clinton em Chappaqua, uma cidadezinha do estado de Nova York.

Só para lembrar: os e-mails que estão sendo divulgados atualmente são os de John Podesta, o diretor da campanha de Hillary. Eles mostram manipulações típicas de qualquer campanha, mas não indicam crimes.

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No caso do uso de um servidor particular, Hillary, teoricamente, poderia ser indiciada por espionagem, roubo de propriedade do governo e obstrução de justiça. Se isso acontecesse, o caso seria submetido um grande júri, instância típica da justiça americana em que cidadãos comuns decidem se existem indícios suficientes para abertura de processo criminal.

A partir daí, o FBI pode fazer intimações de pessoas e provas materiais. Imaginem o efeito disso numa campanha presidencial. No meio da investigação, o diretor de segurança nacional do FBI, John Giacalone renunciou. Ele já havia dito que o processo estava “andando de lado” – ou seja, não ia decolar.

No dia 2 de julho, Hillary Clinton foi entrevistada pelo FBI durante quatro horas. Adversários políticos apontaram que a entrevista, além de não ser gravada como é praxe, foi fraca e durou o mesmo tempo que a de Angelina Jolie sobre o episódio que a levou a pedir o divórcio de Brad Pitt, envolvendo no mínimo violência verbal contra um filhos do casal.

Hillary também disse dezenas de vezes a frase fatídica – “Não me lembro” -, atribuindo a falta de memória à queda que sofreu, resultando em um edema cerebral. Versão forte que circula: agentes do FBI prepararam a documentação necessária para obter informação dos médicos de Hillary sobre a conveniente perda de memória. James Comey, o diretor, bloqueou o pedido.

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Agentes inconformados levantaram as informações através de outras fontes – os oniscientes serviços de vigilância eletrônica. Comey ficou sabendo e, para desarticular a iniciativa, deu a infame entrevista em que exonerou Hillary de culpa e ao mesmo tempo fez críticas pesadas a ela. Foi tripudiado como vendido.

Essa versão pode ter algo de fantasiosa, mas explica como o FBI retornou ao caso Hillary por outra porta: a aberta por Anthony Weiner, o viciado em sexo falado finalmente abandonado por Huma Abedin, a assessora mais próxima de Hillary.

Depois de destruir sua própria carreira política seguidamente com as impróprias conversas e fotos sobre sexo expostas em público, Weiner fez duas coisas que entram no campo criminal. Primeiro, mandou a uma interlocutora fogosa uma foto dele, em trajes mínimos, na cama, ao lado do filhinho do casal. Segundo, manteve contato indecente durante meses com uma garota de 15 anos.

Por envolver menores, o FBI entrou no caso e recolheu celulares e computadores de Weiner e de Huma. E-mails relacionados a Hillary aparecem nos aparelhos dele – e muito provavelmente nos dela. Os tais agentes rebelados podem ter dado uma ajudazinha e é possível que fossem vazar a descoberta.

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É dessa maneira quase espantosa, através de um dos homens mais desprezados do panorama político americano, que os e-mails de Hillary voltaram ao âmbito do FBI. Em carta aos congressistas que continuam atrás do caso, James Comey disse que autorizou “medidas investigativas apropriadas” para verificar se os e-mails obtidos por vias transversas têm informações sigilosas.

A linguagem cautelosa não diminuiu em nada o teor explosivo da carta. Tampouco amenizou a sensação de que Hillary Clinton deve ser eleita presidente em condições que lembram a reeleição de Richard Nixon em 1973: à sombra de um escândalo que não só não vai embora como pode crescer até o ponto de implosão.

O fato de que a nova pista tenha sido encontrada no ninho de baixarias sexuais de Anthony Weiner, e não no riquíssimo prontuário do gênero de Bill Clinton, é uma ironia cujo alcance só será conhecido no futuro próximo, provavelmente durante o primeiro governo de Hillary Clinton. E não adiantará dizer que marido não é parente.

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