Os suecos são bons ou são tolos? Talvez uma mistura de ambos, na qual uma passividade bovina e distorcida foi um dos resultados do louvável desejo de dar um tratamento humanitário e não discriminatório aos “muçulmanos”. A palavra acima está entre aspas para ressaltar que a classificação religiosa jamais é mencionada, embora todos os casos que serão mencionados envolvam criminosos que agem em nome do extremismo islâmico.

Ou se sentem autorizados por sua fé a rejeitar , desprezar e odiar os países que os acolheram. Os imigrantes ou descendentes que se tornam cidadãos decentes, e são muitíssimos, evidentemente não estão incluídos. 

Velas, flores, lágrimas e expressões da determinação de “não mudar o estilo de vida” da Suécia foram as reações muito humanas e comovedoras ao atentado terrorista praticado em Estocolmo por Rakhmat Akhilov no último dia 7.

Akhilov, de 39 anos e sorriso zombeteiro, é do Uzbequistão, um dos países muçulmanos da Ásia Central que foram ou continuam sendo satélites da Rússia. No caso, o Uzbequistão é independente e não tem conflitos significativos, internos ou externos.

“ATROPELEI DEZ” 

Simpatizante conhecido do Estado Islâmico, ele “curtia” fotos de vítimas de atentados praticados por fundamentalistas. Comemorou com seus contatos o feito do dia 7: “Atropelei umas dez pessoas”. Depois de preso, disse que havia sido movido pela convicção de que “o bombardeio da Síria tem que acabar”.

A Suécia tem 120 militares participando da coalizão da Otan para ajudar o exército iraquiano nas operações contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. 

Akhilov roubou um caminhão de cerveja estacionado na frente de um bar e entrou numa rua só de pedestres dirigindo em zigue-zague para atropelar o maior número possível de pessoas. Enfiou o veículo carregado de barris numa loja de departamentos e fugiu a pé.

Uma mulher, alertada, o seguiu no metrô até perder a pista, relatando tudo para a polícia. Outro cidadão anónimo foi atrás dele, de carro, quando desceu, facilitando a sua prisão. Policiais, socorristas e pessoas comuns agiram com coragem, humanidade e rapidez para atender as vítimas. 

Além dos feridos graves, houve quatro mortes. Uma menininha sueca de 11 anos, que voltava da escola para casa – a família pediu para proteger sua identidade. O nome de outro cidadão sueco também não foi divulgado.  

CORDEIROS E LOBOS 

O inglês Chris Bevington , de 41 anos, morava em Estocolmo e era executivo do Spotify, o serviço de assinatura de músicas pela internet –  Suécia é o centro mundial da produção de músicas de cantores americanos. Ele e a mulher, sueca, faziam doações e promoções para a Oxfam, organização de ajuda humanitária. 

A quarta vítima foi a musicista belga  Maïlys Dereymaeker, 31 anos, um filhinho de um ano e meio. Como psicóloga, ela dava assistência a refugiados em situação ilegal, trabalhando em centros de detenção na Bélgica. 

Mais uma pessoa boa e dedicada à causa de seus assassinos ou agressores, como no caso do assalto com reféns que deu origem à expressão Síndrome de Estocolmo, vítimas que se se identificam com os criminosos.

Há outros casos, impressionantes. Na Alemanha, uma jovem de ascendência turca não denunciou à polícia que havia sido estuprada num parque por um grupo de afegãos por medo de prejudicar os “refugiados em geral” (depois de arrependeu, pensando que outras mulheres poderiam ser atacadas). 

Ao contrário da fábula que ficou conhecida através do fabuloso filme American Sniper, os cordeiros caminham entre lobos sem cães pastores para protegê-los. 

Na própria Suécia, Alexandra Mezher, uma linda descendente de libaneses, foi assassinada a facadas por um adolescente de 15 anos do centro de ajuda a refugiados menores de idade onde trabalhava. Ela estava sozinha no turno da noite com dez adolescentes. Seu assassino é somaliano. 

CRISTÃOS INCORRETOS 

“A culpa pela morte dela é dos políticos suecos” , acusou um primo de Alexandra. Como cristão do Oriente Médio, ele tem uma visão mais realista da convivência inter-religiosa e não se sente constrangido pelas regras insanas a que chegou o pensamento politicamente correto nos países europeus avançados.

Basta perguntar a egípcios da religião copta, vítimas de mais dois atentados hediondos no Domingo de Ramos, como os cristão são tratados. 

Akhilov não era refugiado e não deveria estar na Suécia: seu visto de trabalho havia sido negado. Erik Nord, chefe da polícia de Gotemburgo, escreveu um tuíte a respeito:”Não que teria feito alguma diferença  no ataque da noite de sexta-feira, mas nós não deveríamos poder retirar os vistos de quem apoia o extremismo violento?” 

O que aconteceu depois da pergunta perfeitamente razoável lançada por Erik Nord? Morgan Johansson, que ocupa um cargo equivalente ao de ministro da Justiça, prometeu abrir uma investigação. Contra ele, o policial. “Os vistos são dados a pessoas que precisam de proteção. Sempre existe o risco de sofrerem perseguição caso sejam  deportados”. 

E os suecos que são assassinados por terroristas estrangeiros? E as mulheres estupradas por “homens” que jamais podem ser identificados como refugiados ou imigrantes? E os bairros dominados por gangues de bandidos (procedentes todo mundo sabe de onde), onde o tráfico de drogas, armas e mercadorias roubadas rola sem que a polícia possa entrar?

POLÍTICOS ALUCINADOS 

Uma das atividades jornalísticas mais ridículas, regularmente repetida, é a de equipes de televisões estrangeiras que “entram” em bairros proibidos em Estocolmo ou Malmo- esta, praticamente perdida – para provar que não são bairros proibidos. São sempre recebidos a pedradas, agressões e similares. 

A Suécia e outros países nórdicos não são o paraíso habitualmente imaginado, mas construíram sociedades que, em momentos de guarda baixa, muitos chamam de “clubes”. Todos pagam, e muito – com impostos a partir de 45% – para manter um sistema de benefícios coletivos bem distribuídos.

São países homogêneos, com populações pequenas, moldados pelo protestantismo austero, com padrões extraordinários de humanitarismo. Por causa deles, acolheram refugiados políticos do Vietnã, da Hungria, do Chile e do Brasil, por exemplo. 

 O caso mais conhecido é o de Fernando Gabeira, militante da luta armada que trabalhou como maquinista de metrô na Suécia. Também percorreu um raro e extraordinário caminho de autocrítica. 

Muitos exilados, voltaram quando seus países mudaram. Outros, continuaram. Não existem terroristas vietnamitas na Suécia. Mas sobram políticos que fazem e dizem coisas alucinadas.

REPUGNÂNCIA MORAL 

Uma das poucas coisas boas do atentado do caminhão, além da atitude esplêndida de tantos cidadãos suecos diante de uma grave adversidade, foi que Margot Wallström, a ministra da Relações Exteriores responsável por algumas das atitudes moralmente mais repugnantes da política mundial, não falou muito quando visitou o local do atropelamento terrorista (com um acompanhante carregando sua bolsa). 

Quando terroristas islamistas massacraram 120 pessoas em Paris, em novembro de 2015, a chanceler sueca disse que as causas do massacre estavam relacionadas com o conflito entre Israel e palestinos, uma mentira de dar engulhos. 

A ministra é defensora de uma “política externa feminista”. E que diabos é isso? “É uma análise do mundo”, definiu ela numa entrevista saudada com ohs e ahs de admiração pela repórter do New York Times que reproduziu a infinidade de asneiras sem um único lampejo de percepção, ainda que passageira. 

“Como ministra das Relações Exteriores feminista, qual é sua mensagem ao senhor Trump?”, indagou a intrépida repórter. “É claro que vou usar o seguinte argumento para que a América seja grande de novo: se ele incluir mulheres e garantir que trabalha para a igualdade de gêneros. Sem isso, não vai fazer a América ser grande de novo.” 

CARROS PROIBIDOS 

Donald Trump, naturalmente, foi criticado e ridicularizado por um bocado de gente na Suécia, incluindo as ministras do governo e o rei Carl Gustav, por ter dito que a imigração descontrolada estava prejudicando gravemente o país. 

Para infelicidade dos suecos, publicações trumpistas passaram a noticiar quase que diariamente os “incidentes” envolvendo imigrantes daqueles países em episódios de violência. 

Outra ministra feminista, Eva Franchell, do Meio Ambiente, teve uma ideia sensacional para combater a modalidade terrorista do uso de veículos como instrumentos letais, usada em atentados na Alemanha, na Inglaterra, na França e agora na Suécia: proibir carros e caminhões. 

Com uma vantagem adicional: como carros “são dirigidos na maioria por homens, ao dar muito espaço a eles, estamos dando muito espaço aos homens, em detrimento das mulheres”. 

A genética, mais conhecida como natureza, distribui os talentos de forma desigual. Mas o meio-ambiente social também pode ajudar um bocado a imbecilizar até os mais privilegiados. 

Para não incorrer no “princípio Wallström de cretinice”, amplamente secundado por Franchell, não vamos dizer que a repressão nos países nórdicos a qualquer suspeita de reação a práticas repulsivas de “imigrantes” tenha contribuído para o único atentado de grandes proporções dos tempos recentes praticado pelo “outro lado”. 

No dia 22 de julho de 2011, o norueguês Anders Breivik matou 76 pessoas em dois ataques, um a bomba, outro a fuzil. Disse que a ideia era divulgar seu manifesto contra o “suicídio cultural da Europa”, diante do avanço muçulmano e o feminismo. 

Breivik, que depois se declarou nazista, cumpre pena numa confortável prisão norueguesa. Em nome da proteção à privacidade, os juízes não aceitaram a divulgação, durante o julgamento, dos abusos sexuais praticados pela própria mãe dele, quando tinha cinco anos de idade. 

São os escandinavos bons  demais, o que os leva à tolice,  é uma pergunta que tem que ser respondida todos os dias.