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Será que está chegando a hora de Bibi dizer bye bye?

Primeiro-ministro de Israel é Investigado por corrupção em casos que envolvem produtor de Hollywood e dono de jornal de oposição

Por Vilma Gryzinski 8 jan 2017, 18h47

Não existe dia fácil em Israel, mas a última semana foi particularmente complicada. Começou com um discurso agressivo de John Kerry, o secretário de Estado que em breve deixa o cargo junto com todo o governo Obama, e culminou com o ataque de um caminhão guincho dirigido por um palestino.

O motorista assassino matou quatro jovens que faziam serviço militar, três mulheres e um homem. Mais 16 ficaram feridos. É possível que fosse um simpatizante do Estado Islâmico, como nos casos precedentes desse tipo de terrorismo em cidades europeias.

Em meio a todas as convulsões vividas pelo país nos últimos dias, uma pode ter enormes consequências políticas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está sendo investigado em dois casos separados de suspeita de corrupção.

No primeiro deles, prestou dois depoimentos, o mais longo de cinco horas. O segundo corre em segredo, mas alguns detalhes já vazaram. Em ambos, fica muito mal, mas o prosseguimento das investigações ainda será decidido pelo homem que autorizou sua abertura, Avichai Mandelblit, que ocupa um cargo equivalente ao de procurador-geral da República.

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Não é nenhuma surpresa que as acusações envolvam empresários ricos e troca de favores. Num dos episódios mais constrangedores, Netanyahu aparece em três ocasiões pedindo a John Kerry, com quem sempre se estranhou, a renovação do visto de residência e trabalho nos Estados Unidos de dez anos a um grande produtor de Hollywood, Arnon Milchan.

Israelense radicado nos Estados Unidos, Milchan providenciava os charutos cubanos que Netanyahu aprecia – marcas conhecidas como Cohiba, Trinidad e Montecristo. Também abastecia o estoque de champanhe Don Pérignon, rosé, de Sarah Netanyahu – ela própria alvo de um processo trabalhista que revelou nada elegantes ataques de fúria, arrogância e mandonismo que intimidavam até o marido.

O advogado de Netanyahu defendeu a tese de que “não há nada de errado em receber charutos de presente de um amigo”. O valor dos presentes, que aparentemente também incluíam ternos e jantares preparados por chefs, será um dos fatores que determinarão se houve ilegalidade.

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Milchan é um personagem do tipo que parece só existir em filmes – mundo que já dominou com produções como Uma Linda Mulher e Clube da Luta. Paralelamente, ele foi recrutado como agente secreto por Shimon Peres, o ex-presidente recentemente falecido.

Peres foi o mais importante arquiteto do programa nuclear de Israel. Convenceu a Franca a construir o reator de Dimona, onde é produzido o plutônio usado nas bombas. O país tem entre 100 e 200 ogivas atômicas, consideradas vitais para garantir a sua sobrevivência, via a intimidação num nível que só as bombas nucleares atingem, no ambiente altamente hostil em que foi criado e continua a viver até hoje.

A política de Israel é não admitir nem desmentir seu arsenal nuclear, que começou a ser montado na década de sessenta. As grandes potências nucleares aceitam o jogo, acatando o princípio da inevitabilidade das armas atômicas para Israel (e da responsabilidade: Israel jamais poderia tomar a iniciativa de um ataque).

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Mas não é um relacionamento simples e a espionagem israelense incomoda os países aliados que são alvo.

É aí que voltamos para Amon Milchan. Num documentário feito em 2013, o produtor, que está com 72 anos, falou com orgulho de suas atividades clandestinas para conseguir armas convencionais e tecnologia nuclear para Israel nos Estados Unidos. Quando chegou a época da renovação de seu visto, recebeu uma negativa.

Apelou aí para Netanyahu, que intercedeu junto a Kerry. O visto de dez anos foi renovado. As investigações determinarão se houve ou não tráfico de influência. A segunda investigação envolve troca de favores muito mais espantosa.

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Existem gravações, segundo a imprensa, mostrando que Netanyahu negociou uma cobertura mais favorável com o dono de um dos jornais mais hostis a ele, Arnon Mozes, do Yediotoh Ahronoth. Em troca, comprometeu-se a atrapalhar a expansão de um jornal gratuito que estava atrapalhando a circulação do Yeidioth. Detalhe: o jornal que iria ser prejudicado apoiava Netanyahu.

A política israelense – surpresa, supresa – não é um ambiente angelical. Mas o que chama mais a atenção são casos recentes de condenações exemplares. O ex-primeiro-ministro Ehud Olmert está cumprindo pena de um ano e sete meses por um dos crimes de corrupção de que foi acusado.

O caso é da época em que Olmert foi prefeito de Jerusalém e envolve o pagamento equivalente 160 mil dólares feito pela construtora de um parque temático bíblico. É quase nada pelos padrões brasileiros. O que interessa, evidentemente, é o crime em si, não o tamanho da roubalheira.

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Outro escândalo envolvendo políticos importantes é o do ex-presidente Moshe Katsav. No mês passado, ele conseguiu sair da cadeia em regime controlado, depois de quase cinco anos. Cumpria pena por estupro e abuso sexual de três assessoras.

Um detalhe importante é que tanto Olmert quanto Katsav foram condenados depois de deixarem seus cargos. Um processo contra um governante no exercício do mandato, como Netanyahu, seria sem precedentes.

Disse o primeiro-ministro a respeito das acusações: “Agora que já sei por que está sendo feitas, posso garantir com toda certeza que darão em nada porque não existe nada”. Aliás, as investigações só existem por causa “da pressão incessante da mídia”.

Onde foi mesmo que já ouvimos algo parecido?

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