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Por Vilma Gryzinski
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Segura, peão: Marine Le Pen dá um pequeno salto à frente

E um grande susto naqueles que se apavoram com a perspectiva de uma vitória presidencial da candidata da Frente Nacional na França

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 21h01 - Publicado em 20 fev 2017, 16h27

Ao contrário dos clichês sobre os filmes franceses, a campanha presidencial está parecendo um thriller do tipo em que cada vez que o espectador acredita saber o que vai acontecer nas próximas cenas, vem uma reviravolta daquelas.

A última surpresa no enredo não foi uma guinada, mas um pequeno aumento nas preferências dos eleitores por Marine Le Pen, a candidata do que hoje é chamado de populismo de direita – e no passado já foi coisa bem pior.

O resultado que interessa é o do segundo turno, embora mesmo no primeiro ela tenha atingido a maior porcentagem já registrada, nessa e em outras campanhas: 27%, entre dois e três pontos de aumento.

No segundo, a diferença entre ela e Emmanuel Macron teve uma alteração bem mais significativa: 58% para ele, 42% para Marine. Macron recuou oito pontos desde o ápice que atingiu no começo do mês, quando ele passou à frente do encrencado François Fillon – e aumentaram os boatos de que levaria uma vida dupla como homossexual no armário.

Fillon, o candidato da direita tradicional, parou de cair por causa do escândalo do emprego fantasma para a mulher. Num eventual segundo turno, teria 56% dos votos e Marine, 44%.

Numa eleição exposta a fatores intrínsecos, como a bomba política escondida sob a plácida aparência da senhora Fillon, e externos, numa França sob ameaça constante de atentados terroristas, uma diferença de doze pontos pode desaparecer rapidamente.

A situação potencialmente pioraria com uma chapa de esquerda puro-sangue que unisse Benoît Hamon e Jean-Luc Mélenchon. Hamon deu uma revitalizada nos socialistas tradicionais, destroçados pelo “direitismo” do presidente François Hollande, e tem 16% das preferências.

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Uma dupla com Mélenchon atingiria, teoricamente, 25% dos eleitores. Como nunca ninguém perdeu dinheiro apostando nos rachas da esquerda francesa, uma primeira reunião de alinhamento acabou num desalinhamento só.

Marine Le Pen pode se beneficiar de reviravoltas que prejudiquem seu futuro adversário em 7 de maio, seja quem for, mas também pode sair prejudicada por fatores fora de seu controle. Talvez o pior deles seja uma deterioração acelerada no governo de Donald Trump, com quem ela obviamente tentou se identificar – embora nem sequer tenha sido recebida quando apareceu de “surpresa” na Trump Tower, ainda na época da transição.

O fator ingerência russa ainda é uma incógnita. Macron pode ter recuado alguns pontos por excesso de exposição, depois de ser propelido muito rapidamente pela queda de Fillon. Os suspeitos de sempre – órgãos de imprensa que funcionam como fachada para a inteligência russa – ajudaram a trazer à tona os boatos sobre homossexualismo que circulam há algum tempo.

Macron fez uma intervenção rápida e ainda não há sinais de que esse tipo de fofoca tenha tido influência na opinião pública. O que conta mais é a ideia de que grandes interesses econômicos estão apostando nele, elemento explorado tanto por Fillon quanto por Marine Le Pen.

“Ele não é de esquerda nem de direita, mas sim candidato do dinheiro”, martela Marine, usando uma gíria equivalente a grana.

A ironia merece ser anotada. O candidato jovem e dinâmico, ex-geniozinho do mercado financeiro e ex-ministro da Economia de Hollande, que parecia ser uma opção aos políticos “de sempre”, agora é criticado como representante máximo do establishment.

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Enquanto isso, Marine Le Pen faz o papel de candidata alternativa, insurgindo-se bravamente contra a influência ide Angela Merkel, a primeira-ministra alemã, e Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Europeia. “Podem apostar”, disse ela sobre Fillon e Macron. “Todos farão a mesma viagem a Bruxelas para pedir instruções e permissão”.

“Mas eu não. “Eu não vou pedir ordens da senhora Merkel”, bradou. “Eu não vou me submeter”.

Se soa como demagogia barata é porque se trata exatamente disso. Mas talvez ainda existam franceses que se lembrem da primeira viagem de François Hollande logo depois de ser eleito presidente: foi ao encontro de Angela Merkel.

Um ato abominável de violência cometida por um policial, que usou um cassetete para sodomizar um homem de 22 anos e origem africana parado para mostrar documentos, provocou protestos que se transformaram em saques e violência generalizada numa região de Paris.

Um ônibus com turistas sul-coreanos foi assaltado e quase incendiado. A inação da polícia aumentou a sensação de insegurança. Marine Le Pen criou uma hashtag de apoio à polícia. Agora que está vendo o cavalo selado passar bem pertinho, ainda vai fazer um bocado de coisas para não cair dele.

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