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Por Vilma Gryzinski
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Quem são “eles”? Estudo mostra o perfil dos terroristas do reino

E não tem nenhuma surpresa:

Por Vilma Gryzinski 23 mar 2017, 09h28

A polícia já identificou o homem que atacou pedestres e policiais no coração do poder em Londres. Ainda não divulgou o nome, mas é possível fazer algumas especulações: mora em Birmingham, tem até 52 anos, foi “radicalizado” por pregadores do extremismo em alguma mesquita. 

Este perfil aparece num estudo feito com condenados por terrorismo pela Henry Jackson Society, um centro de estudos originalmente multipartidário, hoje tendendo mais à direita. O levantamento abrangeu 253 pessoas condenadas por atos de terrorismo, com envolvimento direto ou indireto, no território britânico. 

Mais de 70% eram de Londres ou Birmingham, este o maior celeiro, proporcionalmente, de fanáticos muçulmanos envolvidos com o terror. A idade média é de 22 anos, num arco que vai dos 14 aos 52. Há uma pequena mas crescente participação de mulheres.

Cerca de metade deles tornaram-se extremistas conduzidos pelos imãs que pregam o fundamentalismo violento. A outra metade aderiu ao terror via Internet, um fenômeno que também tende a aumentar. 

Todo mundo viu de relance o homem ferido e despido (é o padrão, para o caso de coletes-bomba) que, armado com duas facas e um Hyundai i40, pegou a segurança de Westminster notavelmente desprevenida. 

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O atacante, que morreu por causa dos tiros que levou, era um homem maduro, de barba longa sem bigode. Este estilo é comum entre muculmanos que seguem ao pé da letra as recomendações religiosas para a “higiene masculina”, ou Fitra : circuncisão, depilação dos pelos púbicos e das axilas, bigodes aparados (ou raspados), unhas cortadas. 

BARBA CENOURA

A barba, evidentemente, é obrigatória. O bigode raspado é comum entre salafistas, corrente o fundamentalista. Eles que acreditam ser assim que o profeta Maomé usava. Pelo mesmo motivo, alguns, em especial do Paquistão, também passam hena na barba, tingindo-a de tons de cenoura notavelmente parecidos com os usados por punks e outras tribos urbanas. 

O atacante isolado – mas não solitário em seus planos, pois indivíduos assim costumam ser protegido por uma rede de cumplicidade – é um dos riscos mais difíceis de controlar. Nos últimos quatro anos, os serviços de segurança  britânicos dizem que conseguiram evitar treze atentados em estado avançado. 

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Apesar do comportamento rápido e corajoso dos policiais de guarda numa das entradas do Parlamento, as falhas de segurança foram espantosas. O carro do terrorista avançou por toda a ponte de Westminster, atropelando pedestres, e só não entrou na área fechada porque bateu num dos muros com grades. 

HORA AGÁ

O atacante teve tempo de sair com as duas facas na mão e apunhalar a nuca e a parte de trás da cabeça de  Keith Palmer, o policial desarmado de 48 anos que morreu. Foi, obviamente, tudo muito rápido, mas a liberdade de ação do terrorista com certeza vai mudar muita coisa na segurança de um dos complexos mais visados do país.

O atentado aconteceu num lugar e num momento extraordinários. O Parlamento britânico não é o ramo legislativo do poder, ele é o poder. Por causa da formação política do país, o Parlamento abrange todo o governo: as duas câmaras legislativas (Comuns e Lordes, incluindo entre estes os chefes da Igreja Anglicana), o judiciário e o monarca. 

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Na hora do ataque, a primeira-ministra Theresa May estava lá para a sessão semanal de perguntas dos parlamentares da oposição, um ritual que parece até performance em algumas ocasiões.

Ela foi tirada num Land Rover blindado, sob proteção da SAS, as forças especiais convocadas para emergências, e levada para Downing Street, onde moram os primeiros-ministros e os ministros das Finanças. Fica a poucas quadras de Westminster.

Quem for bom de caminhada também consegue ir a pé até o Palácio de Buckingham. A sede da Interpol é ao lado – aliás, entre os pedestres atacados estavam policiais de alta patente que haviam acabado de sair de uma cerimônia de condecorações. 

Só é possível entrar no Parlamento, para o público comum, a convite de algum legislador. Vários grupos de estudantes estavam em visita, inclusive de uma escola de primeiro grau. As crianças sentaram e cantaram. Os mais velhos tuitaram. 

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“MUNDO INTEIRO” 

 Como fizeram os jornalistas. Praticamente todos os que cobrem Westminster estavam presentes e muitos correram para as janelas, depois do barulho dos tiros. Outros presentes correram para debaixo das mesas, por instrução da segurança. Cerca de mil pessoas, incluindo políticos conhecidos, foram transferidas para a Abadia de Westminster, a sublime igreja gótica. 

Do lado de fora, uma amostra do “mundo inteiro” que vai a Londres e obrigatoriamente passa para ver a igreja, virar a cabeça diante do Big Ben e atravessar a ponte sobre as águas esverdeadas do Tâmisa, onde uma mulher pulou, desesperada, para não ser atropelada. 

Entre dois grupos de de alunos franceses de uma escola de segundo grau, em viagem de estudos, houve três feridos leves. Dois dos casos mais graves eram romenos. Uma espanhola de 43 anos, Aisha Frade, casada com um cidadão português e radicada em Londres, morreu atropelada pelo terrorista quando ia buscar as filhas na escola. Todos os que estavam na London Eye, a gigantesca roda gigante à margem do rio, ficaram presos durante três horas. 

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O ex-chanceler polonês Radoslaw Sikorski , membro do Centro de Estudos Europeus de Harvard, havia descido de um táxi, a caminho de uma palestra quando capturou em vídeo as vítimas atropeladas. Ele foi exilado na Inglaterra durante o regime comunista, estudou em Oxford e renunciou à cidadania britânica para participar da política na Polônia redemocratizada. 

“Um carro na ponte de Westminster acabou de atropelar cinco pessoas”, tuitou. Depois, autorizou “todo mundo” a usar seu vídeo. Antes de ser de ministro das Relações Exteriores, Sikorski ocupou na Polônia um cargo equivalente ao do speaker do Parlamento britânico, o presidente apartidário encarregado de encaminhar os trabalhos. 

Hoje, evidentemente, haverá sessão normal em Westminster: ninguém pode passar recibo. Muitos políticos e funcionários vão levantar o nariz e dizer que “eles” não vão intimidar os representantes da democracia. No fundo, haverá um certo receio. E enormes ajustes de segurança.

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