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Putin encarna o novo cavaleiro do apocalipse

Presidente russo usa até de ameaça indireta de resposta nuclear a intervenção americana na Síria

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h21 - Publicado em 12 out 2016, 20h01
Bangue-bangue na Síria e em todo o resto: política de Putin fica mais agressiva

Bangue-bangue na Síria e em todo o resto: política de Putin fica mais agressiva

Ousar, ousar sempre. Vladimir Putin está seguindo o mandamento napoleônico em cada um dos fundamentos da projeção de poder. Guerra, diplomacia, espionagem, propaganda, desinformação: em todos esses campos a Rússia está mais agressiva.

Em alguns casos, a linguagem oficial é praticamente idêntica à da guerra fria em seus momentos mais críticos. Dmitri Kiselyov, diretor da agência de notícias do governo russo e apresentador de um programa de notícias, costuma ser acionado para dar os recados mais brutais.

Depois que os Estados Unidos começaram a falar em um plano B para a Síria – ou seja, intervenção militar contra o regime de Bashar Assad -, Kiselyov apelou. Um “comportamento imprudente”, disse ele no Vesti Nedeli, ou Notícias da Semana, pode ter consequências “nucleares”.

Ou seja, um homem que fala, indiretamente, pelo governo russo ameaçou os Estados Unidos com a “opção do fim do mundo”. As armas nucleares não foram e continuam a não ser usadas, com a exceção do Japão bombardeado para terminar a II Guerra Mundial com uma tecnologia recém-dominada pelos americanos, porque seus detentores têm a capacidade de aniquilação mútua.

Exceto pela possibilidade de um imponderável agravamento na guerra da Síria, os Estados Unidos dificilmente apelariam ao plano B. O governo Obama está no fim e o mais importante, do seu ponto de vista, é garantir a eleição de Hillary Clinton.

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Em todas as ocasiões anteriores de crise, Barack Obama recuou, ajudando a abrir espaço maior ainda para Putin. Os prognósticos do governo americano, de que a Rússia iria se atolar sozinha na Síria, até agora foram desmentidos pela realidade.

A intervenção russa não só está segurando Assad no poder como possibilitou uma contra-ofensiva. O bombardeio de Alepo, com tudo o que tem de horrível para a população civil, pode dar mais um impulso para sua improvável sobrevivência.

Espiões russos invadem constantemente computadores americanos que deveriam ser seguros, incluindo os do Partido Democrata e da campanha eleitoral de Hillary. Putin suspendeu um acordo de cooperação com os Estados Unidos sobre a destinação do plutônio usado em armas nucleares desativadas.

Também mandou mísseis com capacidade nuclear para Kaliningrado, antigo território alemão sob controle russo entre a Polônia e a Lituânia. Quando Boris Johnson, a estranha escolha da primeira-ministra Theresa May para comandar as relações exteriores do governo britânico, ironizou, com razão, o movimento pacifista que não levanta um cartaz em protesto contra o bombardeio de Alepo e disse que a Rússia corria o risco de entrar para a lista de países párias, levou uma resposta nada diplomática da embaixada russa em Londres.

“O que é que vocês conseguiram até agora? A Rússia já liberou milhares de vilarejos e mandou milhares de toneladas de ajuda humanitária. O que a Grã-Bretanha fez?”, tuitou a embaixada.

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Entre todas as iniciativas dessa política russa de confrontação, especialistas militares ficaram especialmente alertas ao envio de uma bateria de mísseis antiaéreos S-300 para a base naval russa em Tartus, na Síria. O sofisticado sistema, montado sobre caminhões que funcionam como plataformas móveis para radares, estação de comando e os foguetes, é feito para derrubar aviões de guerra e mísseis de cruzeiro, de longo alcance.

O que aconteceria se os Estados Unidos fizessem uma operação direta contra o governo sírio e um avião americano fosse derrubado pelo míssil russo? Mesmo o inapetente governo Obama teria que reagir a essa encrenca infernal. Putin aposta, exatamente, que pode forçar a mão para intimidar os americanos, dissuadindo-os antecipadamente de qualquer intervenção. É a clássica ameaça do uso da força.

Os acontecimentos na Síria têm uma carga simbólica adicional por causa das profecias religiosas sobre o apocalipse. As três religiões abraâmicas – judaísmo, cristianismo e islamismo – têm referências relativamente parecidas com o dia do juízo final, em especial sobre sua localização. É claro que a história do fim se passa na mesma região do começo – Israel e a antiga Mesopotâmia.

O Estado Islâmico usa desde sua criação a narrativa da guerra do fim do mundo entre “Roma” – ou o mundo cristão – e os guerreiros muçulmanos, em Al-Amaq ou Dabiq, dois lugares perdidos na Síria, perto da fronteira com a Turquia.

Aliás, a Turquia, muçulmana há séculos, também está na lista dos inimigos. Para quem pensa sob o prisma da interpretação literal dos textos religiosos, a reaproximação entre Recep Erdogan e Vladimir Putin se encaixa direitinho na narrativa. E os cavaleiros do apocalipse vão ficando mais próximos.

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