Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Mundialista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Vilma Gryzinski
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Perde daqui, mata dali. Esta é a lógica do ataque ao aeroporto turco

ISIS sofre perdas territoriais no Iraque, mas ainda tem muito fôlego para fazer atentados em outros países

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h22 - Publicado em 29 jun 2016, 09h21
Medo e lágrimas em Istambul: quanto maior e mais diversificado o número de vítimas, melhor para o terror

Medo e lágrimas em Istambul: quanto maior e mais diversificado o número de vítimas, melhor para o terror

Pelo método e pelo alvo, o atentado contra o aeroporto de Istambul tem as impressões digitais do Estado Islâmico. Segundo especialistas ouvidos pelo site Daily Beast, demonstra também um planejamento operacional relativamente complexo.

O aeroporto Ataturk, o terceiro mais movimentado da Europa e mais vigiado depois dos atentados de Bruxelas, tem dois perímetros de segurança. O primeiro, é já na entrada da área de embarque, com máquinas para radiografar as bagagens e revistas.

Para romper esta linha de defesa, houve um ataque inicial no estacionamento próximo ao terminal. O pessoal de segurança foi todo para o estacionamento e um segundo terrorista se explodiu bem na área antes da entrada. Foi aí que morreu a maior parte das vítimas, incluindo  quatro motoristas de táxi. O terceiro terrorista aproveitou para entrar no aeroporto. Um segurança armado o obrigou a se deitar no chão, mas não seguiu o protocolo para casos assim: dois tiros na cabeça e um no peito. O homem conseguiu acionar o colete-bomba.

A Turquia tem muitos inimigos e uma relação ambígua com o Estado Islâmico, que ficou conhecido como ISIS. A lista aumentou depois que o presidente Recep Taypp Erdogan triplicou suas apostas e normalizou relações com Israel.

Continua após a publicidade

É um processo complicado, que pode ser interrompido pela linha mais dura dos integrantes do governo israelense. O maior prejudicado, evidentemente, é o Hamas. O movimento islâmico armado que domina Gaza perdeu o apoio da Síria, que lhe dava casa, comida e armas, e se tornou dependente da Turquia. A reaproximação com Israel  corta suas asas e poderia, em princípio, trazer uma estabilização maior no conflito com palestinos – pacificação ainda é uma palavra utópica.

Erdogan tem seus próprios planos de liderança do mundo muçulmano sob a égide do Islã. Em sua cabeça, ele é o novo sultão, o califa turco que vai recuperar a grandeza do império otomano e se tornar o defensor da fé. Mandou até fazer um palácio monstruosamente grande e feio, uma ofensa estética maior ainda se comparada ao requinte dos antigos marcos otomanos.

Entre os inimigos internos, Erdogan enfrenta os ainda resistentes defensores do sistema de Kamal Ataturk, o homem que modernizou o país depois do fim do império otomano, impondo um regime laico e modernizador, com as brutalidades de praxe. Outra fonte de resistência vem dos gulenistas, seguidores de um movimento islâmico com características próprias, criado pelo misterioso Fethullah Gülen, que vive exilado na Pensilvânia.

Os curdos, muçulmanos de outro grupo étnico, são inimigos de quem quer que esteja no poder: querem a independência, impensável para qualquer regime turco. São cerca de 20%, ou mais, da população da Turquia e, dependendo da fase, vão para a política, para o terrorismo ou para a guerra. Tentaram aproveitar o confronto com o Estado Islâmico no Iraque e na Síria, que tem os curdos locais como principais protagonistas. Erdogan mandou os sofisticados caças americanos da Força Aérea turca bombardeá-los.

Continua após a publicidade

Ideologicamente, Erdogan opera na mesma onda que a Irmandade Muçulmana, a matriz do Hamas, embora com objetivos próprios. Também permitiu que as zonas fronteiriças da Turquia se abrissem para o livre trânsito de militantes do ISIS. E usa as massas de refugiados sírios para chantagear a Alemanha, exigindo vantagens para não abrir as porteiras, de novo.

A reaproximação com Israel  e, mais importante ainda, com a Rússia, mostra um rearranjo de alianças que não é estranho ao jogo duplo, triplo ou quádruplo que Erdogan faz. Nada disso é vantajoso para o ISIS, que acaba de perder o controle de um lugar importante, Fallujah, cidade retomada por forças iraquianas. Pela lógica, Mossul pode ser a próxima, talvez em 2017, talvez antes.

Quanto mais o Estado Islâmico perde no território que controla, mais aumentam os atentados fora dele. Já que explodir aviões se tornou mais difícil, pela segurança aumentada, os aeroportos de grande movimento os substituem como alvos preferenciais. Cidadãos de vários países são vitimados e todas as pessoas que alguma vez foram pegar um avião ou buscar parentes chegando de viagem se sentem ameaçadas. Espalhar o medo é a lógica fundamental do terror.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.