Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Mundialista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Vilma Gryzinski
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

O show de Melania e as jogadas de Trump na Arábia Saudita

E chega de bobagem: estrangeiras não precisam usar véu em visitas oficiais ao país. O que interessa é se há acordo histórico sobre Síria e palestinos

Por Vilma Gryzinski 21 Maio 2017, 12h01

Uma discussão que mistura ignorância com má fé criou um véu de ruídos inúteis em torno da viagem de Donald Trump à Arábia Saudita. Da qual sairá direto para Israel.

Só é possível torcer para que Trump tenha endireitado o tabuleiro estratégico e avançado algumas jogadas, tendo como objetivo entreabrir portas de saída para dois problemas infernais.

Um, é a guerra na Síria, com participação de literalmente dezenas de outros países e grupos de interesses, dentre os quais o Estado Islâmico é o mais chocante. O pano de fundo fixo é um conflito político-religioso entre sunitas e xiitas.

A Arábia Saudita é o país sunita mais importante, do Oriente Médio, em termos de dinheiro, habilidade estratégica e poder de influência, tanto através da formação religiosa de quadros, na sua própria versão do fundamentalismo, quanto pela capacidade de intervenção militar direta ou via terceiros.

Continua após a publicidade

Historicamente, o Egito sunita é muito maior e mais importante – mas é muito mais pobre também, além de enrolado com suas próprias rebeliões fundamentalistas internas, provindas tanto da Irmandade Muçulmana quanto do Estado Islâmico.

Do lado dos xiitas, a potência é o Irã. Sem o regime dos aiatolás, não existiria o Hezbollah no Líbano e as minorias religiosas sírias que cerram fileiras atrás do regime de Bashar Assad já teriam sido varridas da existência ou da Síria.

SERPENTE RADICAL

Este é o aspecto mais terrível da guerra civil: cada cidadão sírio se vê forçado a tomar partido, quando não armas, pois a luta se tornou existencial. Se não acabarmos com eles, eles acabam conosco é o imperativo. É por isso, também, que o Estado Islâmico ganhou tantos adeptos: só ele, com suas monstruosidades, parece representar uma resistência à altura ao regime de Assad, com suas atrocidades.

Continua após a publicidade

Entre os atores de grande peso, a Arábia Saudita é essencial. E, sem Estados Unidos, evidentemente não existe Arábia Saudita na configuração atual. Refazer as costuras dessa aliança é vital para pelo menos desenhar um grande acordo sobre a situação síria.

O argumento mais óbvio, invocado por Trump, é combater a serpente do fundamentalismo belicista e messiânico instalada no seio do Islã. Se a Rússia, patrona do Irã embora muito longe de ser sua controladora, entrar no jogo, existe uma chance de um acordo para encaminhar uma solução ao inferno instalado na Síria.

A outra questão, muito menos violenta e muito mais complicada, é avançar para a coexistência não só sem guerras mas sem ódios intransponíveis entre Israel e os árabes que vivem em suas fronteiras.

Continua após a publicidade

Estes palestinos se dividem entre cidadão legítimos, aqueles vivendo em regiões sob uma ocupação em circunstâncias únicas – menos brutal do que a imagem em geral projetada, mas insustentável política e moralmente – e os do enclave de Gaza, o território controlado pelo Hamas e mantido com o dinheiro dos países do Golfo, entre os quais a Arábia Saudita.

Todas estas possíveis acomodações, por mais impossíveis que pareçam, são do mais fundamental interesse americano.

Como já deu para perceber, a viagem de Trump tem um alcance um pouquinho maior do que a venda de armas, como os Idiotas Sem Fronteiras andam espalhando. Embora emplacar uma venda de 110 bilhões de dólares, acertada e entravada durante o governo Obama, não faça nada mal a um presidente que resumiu assim seu resultado: “Empregos, empregos, empregos”.

Continua após a publicidade

JUDEUS NO PALÁCIO

Sobre o guarda-roupa de Melania Trump na Arábia Saudita. As mulheres locais têm que se cobrir inteiramente, como embrulhos negros, mas nenhuma estrangeira é obrigada a cobrir a cabeça, exceto se for visitar uma mesquita – nesse caso, um ato perfeitamente normal, como não entrar de shortinho na Basílica de São Pedro.

Melania calibrou meticulosamente suas roupas para combinar recato com seu estilo de mulher de bilionário exibido. Na chegada e recepção inicial, usou um macacão preto de Stella McCartney, de mangas compridas, com um cinto dourado Saint Laurent e meio quilo de ouro num colar.

Ou seja: estava bem “coberta”, como é do protocolo não escrito, e ainda conversando com a cultura local de um país onde só existem dois tipos de joias: as grandes e as muito grandes. Repetiu a combinação na recepção noturna, com um Givenchy longo, de capa, cor de rosa choque, e colarzinho com uns 50 quilates de brilhantes.

Continua após a publicidade

Mas o maior sucesso entre as sauditas, que adoram roupas caríssimas por baixo dos camisolas pretos, foi Ivanka Trump. Ela usou na chegada um vestido longo preto, estampado com flores brancas e vinhos. E o marido do lado: Jared Kurshner, judeu praticante da corrente ortodoxa. Para se casar com ele, Ivanka precisou se converter ao judaísmo.

Dé um pequeno lampejo de esperança ver dois judeus recebidos com honras no palácio do rei Salman, o guardião das duas mesquitas, como são chamados os monarcas sauditas.

Descendentes de chefes tribais do deserto, ele consideram, com razão, que seu papel mais importante é manter abertos os lugares santos de Meca e Medina à peregrinação obrigatória para todos os muçulmanos.

Oxalá mantenham abertos os canais de comunicação que acabem com alguma das muitas maldições que infernizam o Oriente Médio.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.