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Nove anos para o Nine? Fora do Brasil, nem notícia mais é

Até o jornal que pôs o Redentor como assaltante deixou condenação de ex-presidente para uma página muito distante; salvam-se comentários

Por Vilma Gryzinski 13 jul 2017, 07h18

O mundo precificou o Brasil há algum tempo. E o preço é muito, muito baixo. Não estamos falando aqui do interesse de investidores, do dinheiro sem fronteiras ou do que é colocado em produção, mas de leitores e dos próprios jornalistas.

A condenação de um ex-presidente apelidado Nine a nove anos e meio de prisão de um país que tem a nona maior economia do mundo em princípio deveria ser uma notícia forte. O fato é que, noves fora, zero.

Na maioria dos jornais, a sentença, que não é exatamente uma surpresa, apareceu em reportagens burocráticas, aquele tipo que os editores sentem que “tem que dar”, sem nenhum entusiasmo.

Foi assim a reportagem do New York Times, que pelo menos  apareceu na “primeira página” digital e seguiu os princípios fundamentais da honestidade jornalística, com entrevistas mostrando diferentes pontos de vista.

El País, Libération, Telegraph, todos fizeram reportagens apenas com as informações básicas ou soterradas na Sibéria.

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“DIA HISTÓRICO”

Curiosamente, o mais interessante estava nos comentários dos leitores. Muitos brasileiros, evidentemente. E muitos fazendo observações pertinentes, como se explicassem aos estrangeiros o caráter excepcional e a importância do papel de juízes, promotores e cidadãos comuns na revolta contra a corrupção.

Muitos, também, expondo um ponto de vista mais à direita, com argumentos elaborados. Comentando no New York Times, Alex avisou: “Para aqueles que não acostumados à a política brasileira: nos comentários abaixo vocês verão muitos partidários de Lula reclamando de injustiça e condenado ‘as elites’. Quase tudo tem motivação ideológica e, portanto, uma distorção profunda.”

“Um dia histórico quando todos os homens são tratados de forma igual perante a lei”, escreveu Gustavo. “Todos os comentários politicamente motivados não captam a importância das diferentes instituições como fundamento da democracia. Um passo na direção certa, independentemente de se gostar ou não de Lula”.

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As reações dos leitores americanos foram focadas, por motivos óbvios, na divisão política nos Estados Unidos. Uma parte torcendo para que a hora de Donald Trump chegue logo, outra para que chegue logo a hora de Hillary Clinton, Barack Obama e um longo etc.

Uma curiosidade: comentando a reportagem de Frances Martel, a jovem editora de origem cubana que tem um nível mais qualificado de curiosidade sobre o Brasil, João Marcos comparou: “Nossos políticos são muito mais corruptos do que os americanos”.

Depois de uma explanação sobre os diferentes casos de corrupção, concluiu: “Aqui no Brasil somos literalmente governados por uma quadrilha. Realmente espero que a América, sendo um país civilizado, processe Obama e Killary”.

Vários leitores do Breibart não só adoraram, evidentemente, como sugeriram a João Marcos que se candidatasse a emigrar para os Estados Unidos. “Não vão deixar, seu QI é muito alto e você não é um criminoso que quer mamar na previdência”, brincou um deles, em tom característico do site.

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OUTRO PLANETA

Até o Guardian, que investe na cobertura do Brasil de um ponto de vista de esquerda, deixou a notícia numa, página tão distante que, para chegar a ela, o leitor precisou fazer uma verdadeira expedição.

Depois de numerosas reportagens indicando extrema má vontade com os fatos, por serem “desfavoráveis” à esquerda, o jornal  britânico se entusiasmou com os novos desdobramentos no Brasil, por motivos óbvios.

Em junho, fez um minucioso levantamento das investigações, condenações e reviravoltas políticas dos últimos anos, com um título direto e preciso, “Operação Lava Jato: é este o maior escândalo de corrupção da história?”.

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Só errou, por dois motivos, na ilustração, a silhueta do Cristo Redentor com um revólver numa mão e um saco de dinheiro na outra.

O primeiro erro é conceitual: se a estátua representa o Brasil, deveria estar no papel de assaltado e não de assaltante. As vítimas da corrupção são, evidentemente, os brasileiros.

As muitas caricaturas que mostram a estátua da Liberdade e Donald Trump sempre mostram o símbolo dos Estados Unidos sofrendo algum abuso por parte do presidente – até decapitada já foi, numa capa furiosa e violenta da revista alemã Der Spiegel.

O segundo erro do Guardian foi o uso de uma imagem religiosa. Desrespeitar símbolos religiosos é um dos princípios fundamentais da liberdade de expressão – mas só, para as publicações ideologicamente à esquerda, quando são cristãos.

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O jornal que condenou como “incendiários” os cartuns do profeta Maomé do jornal satírico Charlie Hebdo, que resultaram na chacina de onze jornalistas e outros, colocou o Cristo como bandido.

O papelão, como sempre, foi da BBC. O ex-presidente, condenado com sentença lavrada, “enfrenta acusações” e “poucas pessoas polarizam o debate político mais do que ele” – este um dos recursos jornalísticos mais batidos de todos os tempos.

E o juiz Sergio Moro “é outra figura” que divide a opinião pública. Além de torcer pelo dragão, como sempre, a BBC deve estar fazendo suas reportagens em outro planeta.

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