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Maduro mata elefanta de fome e rouba música ‘Despacito’

Detalhes perversos cercam o grande golpe de domingo, quando regime venezuelano pretende consumar farsa de Assembleia Constituinte de fancaria

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 26 jul 2017, 09h10 - Publicado em 26 jul 2017, 08h37

Os urubus voando em círculos sobre o zoológico de Caricuao são o aviso derradeiro. Ruperta, a elefanta de 46 anos cruelmente submetida a um regime de inanição, vai morrer em breve. O fim está perto, anotou uma reportagem do Los Angeles Times.

O sofrimento do pobre animal, tão forte que sua agonia acompanhada no mundo todo durou anos, é evidentemente uma metáfora poderosa do que está acontecendo com os próprios venezuelanos.

Sem comida, sem remédios, sem recursos e perigosamente perto de ficar sem esperança nenhuma de saída do poço onde estão aprisionados.

Como estratagema de autopreservação, uma manobra que inevitavelmente vai afundar o país num caos ainda maior, o regime preparou a eleição de uma Assembleia Constituinte nesse domingo. O cinismo justificado só pode concluir: não importa quem vota, mas quem conta.

À espera de seu último lance de falsa esperteza, o farsesco e cruel tirano dá risada, conta piadas, espoja-se nos aplausos do fieis até o fim, os batalhões chavistas criados na mamata do dinheiro fácil e mantidos mesmo depois que o dinheiro ficou difícil para todos os outros, menos eles.

A última de Nicolás Maduro foi apresentar uma versão da música Despacito em que os venezuelanos são instados a ir votar devagarinho, com calma, como se vivessem num paraíso de paz e harmonia, “apesar das balas do inimigo”.

JAULA CHAVISTA

O porto-riquenho Luiz Fonsi, que canta o inesperado sucesso mundial com o parceiro Daddy Yankee, desautorizou a paródia, sobre a qual nunca foi consultado, “muito menos em meio à deplorável situação” da Venezuela.

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Anotem aí, artistas que defendem os avatares do chavismo, a simplicidade e a força das palavras de Fonsi: “Minha música é para todos aqueles que queiram desfrutar dela, não para ser usada como propaganda por aqueles que querem manipular a vontade de um povo que está pedindo aos gritos sua liberdade e um futuro melhor”.

Se ouvir Despacito ajudasse em alguma coisa os venezuelanos, muitos até fariam o sacrifício. Mas, como os animais no zoológico de Caricuao, eles definham dentro da imensa jaula criada por Hugo Chávez .

Depois de deixarem de acreditar no cântico messiânico e desvendar a verdade sobre a “robolución”, os venezuelanos descobriram também que o maior feito do “socialismo do século 21” foi se tornar blindado, com o aparelhamento de todas as instâncias do poder e a “refundação” das Forças Armadas como instituição a serviço do regime – e dos generais sem honra nem vergonha.

A estirpe desses oficiais a serviço do regime pode ser constatada pelos resultados obtidos desde que foram “convocados” para assumir o abastecimento de produtos básicos. Surgiram assim os generais do óleo, do arroz, do feijão, da carne bovina, do trigo, do papel higiênico e outros epítetos irônicos.

O desabastecimento ficou igual ou piorou. A farinha de milho, o produto alimentar mais básico do país, subsidiada a cerca de 800 bolívares é vendida, sob supervisão militar, a 8 000.

O histórico pai da pátria e herói nacional vive a infâmia póstuma de nominar uma moeda totalmente podre e de receber continência de oficiais dedicados a escorchar o povo ou comandar o tráfico de drogas. Ou ambos.

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URUBUS CHEGANDO

No zoológico de Caricuao, restam hoje 150 dos 700 animais recenseados em 2006. Pavões, flamingos, patos selvagens, catetos e bodes já viraram churrasco há muito tempo. No ano passado, um grupo invadiu o espaço de um raro cavalo de raça. O garanhão negro foi esquartejado e dividido lá mesmo.

Ruperta, a elefanta que está morrendo de fome, levou um tombo recentemente e se machucou. A alimentação dela estava reduzida a abóboras. Os urubus voam cada vez mais perto.

Mas o regime continua fazendo o que sabe fazer de melhor. “É proibido dizer coisas negativas”, disse ao Los Angeles Times um dos tratadores de Ruperta. “Não podemos falar sobre o que está acontecendo porque podemos perder nossos empregos”.

Outro funcionário do zoológico constatou: “Às vezes, nós estamos mais com fome do que eles”.

Sobre a Venezuela, tristemente condenada a servir de exemplo sobre o que de pior um regime populista autodenominado de esquerda pode fazer, continuam a planar os urubus.

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