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Julian Assange seria o instrumento de Putin para detonar Hillary?

Democratas defendem a tese alucinante da intervenção russa na campanha, mas não vão até o fim nas conclusões

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h21 - Publicado em 26 jul 2016, 11h01
Homem de Moscou: se tese dos clintonistas está certa, Assange é colaborador da trama

Homem de Moscou: se tese dos clintonistas está certa, Assange é colaborador da trama

Dentre os muitos aspectos espantosos da atual campanha presidencial americana, nenhum se compara à acusação de que Vladimir Putin mandou surrupiar e vazar os e-mails do comitê do Partido Democrata para prejudicar Hillary Clinton e ajudar Donald Trump.

A acusação não partiu de algum maluco conspiracionista, como tantos que existem nos Estados Unidos, mas do diretor de campanha de Hillary, Robby Mook.

Apesar de não terem nada de parecido com o que os brasileiros estão acostumados, de “acarajés” para cima, os e-mails divulgados estão causando um bom estrago na convenção democrata.

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Os simpatizantes de Bernie Sanders acham, nada surpreendentemente, que são a prova da manipulação das eleições prévias em favor de Hillary e estão vaiando até o hino nacional. Em lugar de um otimista clima de união e vitória, o ambiente na convenção está mais para rebelião das bases. Sanderistas estão repetindo até um dos mais fortes slogans proferidos contra Hillary durante a convenção republicana: “Cadeia para ela”.

Os e-mails foram divulgados na sexta-feira passada pelo site WikiLeaks e já provocaram a queda da presidente do Partido Democrata, Debbie Wasserman Schultz. A acusação de Robby Mook foi levada a sério por jornais como o New York Times e o Guardian (“Se um republicano dissesse coisa semelhante, já estariam trazendo a cadeira elétrica”, disse, com razão, o filho de Trump).

Segundo as acusações de Mook e companhia, endossadas pela imprensa anti-Trump, os computadores do comitê democrata foram hackeados em abril. Duas empresas de segurança contratadas pelo partido concluíram que a invasão tem a “assinatura” de organizações de espionagem eletrônica do governo russo. O FBI também está investigando o caso.

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Esse tipo de espionagem faz parte da vida, mas duas conclusões tiradas a partir daí merecem mais atenção. Primeira: democratas e simpatizantes disseram que Putin “com toda certeza” está apoiando Trump, nas palavras do Guardian. 

Entre as provas, as declarações amenas trocadas publicamente por ambos e entrevistas de Trump mostrando certa reticência em relação à cláusula de defesa coletiva da OTAN. Esta cláusula é a garantia, desde 1949, de que a então União Soviética não se expandiria além das fronteiras estabelecias no pós-guerra. Com o fim do regime comunista, foi estendida a antigos satélites, como Polônia e Países Bálticos, eternamente ameaçados pelos russos.

A segunda conclusão não tem sido sequer mencionada. Se Putin está usando o WikiLeaks para uma campanha jamais vista de intervenção nas eleições americanas, o legendário criador do site, Julian Assange, está sendo o instrumento fundamental da espionagem russa.

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A suspeita de colaboração remonta à época dos vazamentos originais do WikiLeaks e chega até o caso de Edward Snowden. As grandes levas de revelações do WikiLeaks, fornecidas pelo soldado americano que mudou o nome e a identidade sexual de Bradley para Chelsea Manning, hoje cumprindo pena de  35 anos de prisão, prejudicaram os Estados Unidos de verias maneiras. O maior comprometimento foi de informações sigilosas.

Espionar os adversários, e os amigos também, é o fundamento dos serviços de inteligência. Mas tanto no caso de Assange como no de Snowden, que hoje vive na Rússia por intervenção declarada do fundador do WikiLeaks, o aspecto mais impressionante é que tudo tem a aparência de generosa e libertária intervenção em nome da transparência e da proteção ao sigilo.

Usar a liberdade de imprensa e os princípios do jornalismo investigativo para uma campanha de desinformação de alcance global seria, assim, um dos mais brilhantes golpes da espionagem russa de todos os tempos.

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O curioso é que os mesmos jornais que endossam a tese do apoio secreto de Putin a Trump não se perguntam sobre o papel de Assange nessa história.

Só para lembrar: Assange continua homiziado na embaixada do Equador em Londres, com medo de ser deportado para a Suécia, onde é acusado em dois casos de violência sexual. Continua a dar entrevistas e, a propósito das novas revelações do WikiLeaks, disse, sem muita elegância, que escolher entre Trump e Hillary é a mesma coisa que ter raiva ou gonorreia – esta uma doença sexualmente transmissível.

Antes de seu refúgio, ele tinha um programa na Russian Television, ou RT, canal de propaganda do governo russo que às vezes parece ser humorístico de tão exagerado.

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De todas as revelações do gênero WikiLeaks, as mais prejudiciais para os serviços de inteligência dos Estados Unidos, da Inglaterra e outros, foram as de Snowden. Nada jamais veio à tona que pudesse resvalar em Vladimir Putin, Se ele já era um colaborador antes de tirar as informações a que tinha acesso, como ex-agente da CIA, ou se tornou depois, por falta de opção, é uma questão para o futuro.

As comunicações da campanha de Trump também já foram interceptadas, sem nada muito dramático. Isso não significa que não existam mais informações. Se a Rússia estiver interferindo na campanha presidencial americana, uma ideia por si só quase alucinante, é possível levar a conspiração adiante e cogitar:s. depois de destruir Hillary, o próprio candidato republicano se implodido, especialmente se suas declarações de renda até agora não reveladas forem exposta.

Quem sobraria em campo? Bernie Sanders, desde sempre um conhecido simpatizante de Moscou. O problema do conspiracionismo é este: quando se começa, não dá mais para parar.

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