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Guerra de espiões contra Trump: quem será o próximo?

Vazamentos que levaram à queda do general durão fazem parte de um processo hostil que vai avançar mais. E não é nada impossível que chegue ao presidente

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 16 fev 2017, 07h24 - Publicado em 15 fev 2017, 15h09

Em tempos excepcionais, medidas excepcionais – e até, em princípio, ilegais. Esta parece ser a orientação dos serviços de inteligência que, através de vazamentos de informações sigilosas, já conseguiram derrubar o general Michael Flynn, o assessor de Segurança Nacional que durou apenas 24 dias no cago.

Os tempos são excepcionais porque todos os vazamentos apontam para indícios com uma capacidade nuclear de destruição: um conluio entre Donald Trump e a espionagem russa para facilitar sua eleição. O resultado lógico final seria impeachment ou renúncia.

O alvo mais estridente dessa campanha foi Flynn, um general da reserva que trabalhou a vida toda na inteligência militar e, estranhamente, não desconfiou que seus telefonemas para o embaixador russo em Washington não eram monitorados.

É possível, mas não provável, que ele imaginasse estar usando comunicações criptografadas invioláveis. Flynn tem pleno conhecimento da formidável capacidade de interceptação dos serviços de inteligência. No caso, do FBI, responsável pela contraespionagem americana, e da NSA, a agência que tudo sabe, tudo vê, tudo ouve e tudo grava.

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Também é possível, mas não provável, que se considerasse protegido pelas normas que proíbem a divulgação da identidade de cidadãos americanos que sejam interceptados, por acaso ou de propósito, pelos serviços de inteligência.

A interdição tem motivos óbvios: os serviços de espionagem teriam uma arma imbatível para interferir na política interna americana se saíssem divulgado segredos captados na sua imensa rede de escuta.

Eli Lake, um jornalista altamente bem informado que foi do Daily Beast para a Bloomberg e conseguiu manter laços profissionais tão bons com Flynn a ponto de ser procurado para uma entrevista antes da queda, resumiu: “A revelação seletiva de detalhes de conversas privadas monitoradas pelo FBI e a NSA dá à burocracia estatal o poder de destruir reputações sob o manto do anonimato. É isso que acontece em estados policialescos”.

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Ele lembra que a última vez que um telefonema interceptado foi vazado para a imprensa foi em 2009. Um dos grandes escândalos das revelações de Edward Snowden sobre o alcance das escutas da NSA foi que até senadores americanos haviam sido interceptados – embora nenhum vazamento tenha acontecido.

Flynn tropeçou nos seus próprios erros, de avaliação e de conduta, cuja extensão continua a ser investigada, mas foi empurrado para a fogueira pelos vazamentos seletivos.

O jornal Washington Post, que tem dado furos sucessivos por causa desses vazamentos, faz exatamente o que se espera da imprensa: divulga informações passadas por fontes privilegiadas e, em geral, confiáveis. A motivação dessas fontes é outra questão.

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Na hipótese mais benigna, os serviços de inteligência têm informações tão comprometedoras sobre Trump que estão travando uma guerra nas sombras, da qual o público tem apenas algumas fatias de percepção, para derrubá-lo.

Uma intervenção sem precedentes, mas que seria para o “bem”. Na hipótese mais sombria, haveria uma guerra de facções no coração de um dos organismos mais poderosos dos Estados Unidos – a comunidade de informações – por motivação político-partidária.

A motivação partidária é mais clara em vazamentos de consequências menos estrondosas do que a queda do general Flynn, embora altamente prejudiciais, como a divulgação das conversas telefônicas de Trump do o presidente do México e o primeiro-ministro da Austrália.

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A gravidade da suspeita que permeia os vazamentos mais pesados – de uma colaboração entre o esquema Trump com o aparato russo de informações – é tão assustadora que justifica uma campanha dessa natureza?

Esta é uma dúvida que vai permear as etapas seguintes de um processo que parece ter um objetivo nada misterioso. Falando a Eli Lake, o deputado republicano Devin Nunes, da Comissão de Inteligência da Câmara, fez um prognóstico: “Primeiro, foi Flynn. A próxima será Kellyanne Conway; depois, Steve Bannon, e daí Reince Priebus”.

Além da investigação que segue sobre Flynn, e que abrange um número muito maior de contatos do que se sabia – furo vazado para o New York Times -, também estão em foco colaboradores de Trump afastados durante a campanha justamente por contatos heterodoxos com os russos: Paul Manafort, Roger Stone e Carter Page.

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E o infame dossiê feito por encomenda de oposicionistas por um ex-espião inglês não desapareceu da história. Fontes dos serviços de informação vazaram recentemente que muitas informações constante do dossiê foram confirmadas – nenhuma delas relacionada de modo direto a Trump ou à parafilia sexual mencionada no documento. Esta parte, evidentemente, é a que mais interessa e não é impossível que volte à tona.

São tempos tão estranhos que muita gente, do centro até os extremos da esquerda, terá eventualmente que decidir se vai torcer pelo FBI, CIA, NSA e outros órgãos normalmente abominados como foco do mal. À direita, o dilema é contrário: concluir que os heróis, geralmente anônimos, do aparato de inteligência passaram para o lado escuro da força.

Uma pequena história para relaxar, mas que também indica a natureza bizarra do momento atual. Emily Ratajkowski, modelo que surgiu como uma deslumbrante e nua visão de beleza num clip de Robin Thicke e Pharrell, reclamou por rede social que um jornalista do New York Times sentado ao lado dela num desfile de moda havia comentado que Melania Trump é prostituta.

A palavra usada foi mais forte, o New York Times informou que o envolvido havia sido advertido – atenção, por comentário feito numa conversa particular – e o jornalista resolveu sair do armário. É Jacob Bernstein, filho de um dos jornalistas celebrizados pelo caso Watergate, Carl Bernstein, e da escritora Nora Ephrom.

Temos portanto a seguinte situação: Emily do sobrenome impossível, que se tornou uma espécie de Kim Kardashian magrinha pelas fotos audaciosas, eleitora de Bernie Sanders, em nome do feminismo e do direito de nenhuma mulher ser julgada pelos comportamento sexual, defende Melania, ex-modelo que já posou nua e está processando um tabloide inglês que reproduziu “rumores” de que tenha sido garota de programa de luxo. O jornalista que fez um comentário grosseiro, mas privado, é repreendido pelo Times e pede desculpas em público.

Nem os russos conseguiriam inventar uma história dessas.

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