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Por Vilma Gryzinski
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Cadê Theresa? Pensando em assumir governo britânico

Ministra Theresa May faz sua jogada para tomar liderança dos conservadores em meio às guinadas causadas pelo Brexit

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h22 - Publicado em 27 jun 2016, 16h59
Durona e decotada: num quadro que lembra a cena final de Hamlet, Theresa May movimenta seus trunfos

Durona e decotada: num quadro que lembra a cena final de Hamlet, Theresa May movimenta seus trunfos

A foto com que Theresa May, a ministra do Interior, causou o maior rebuliço no Parlamento britânico, quando apareceu em março com um decote de arregalar os olhos dos colegas, pode vir a ser, de novo,  infinitamente reproduzida.

Ela está se posicionando para ser eleita líder do Partido Conservador, em outubro, e assim se tornar primeira-ministra. Isso se não acontecerem mais reviravoltas causadas pelo Brexit e for necessário convocar eleições gerais. Mesmo nessa hipótese, se ela ganhar a liderança e o partido continuar a ser o mais votado, Theresa May será a segunda mulher a governar o país, depois de Margaret Thatcher.

É uma batalha de impressionar até a rainha Cersei, de Game of Thrones. Ou aquele conhecido dramaturgo que inspirou várias cenas da série. Um comentarista já comparou o quadro político no Reino Unido atual à cena final de Hamlet: não sobra ninguém vivo.

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O primeiro-ministro David Cameron já anunciou que sai em outubro e o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, pode ser saído bem antes.

Ambos são baixas do plebiscito em que 52% dos britânicos votaram por sair da União Europeia. Para Cameron, não tinha outro jeito. Foi ele quem prometeu o plebiscit, em 2013, para acalmar a ala eurocética de seu próprio partido, o Conservador. Cameron se jogou na campanha pela permanência e perdeu. É a vida.

Corbin, ao contrário, teve uma participação bem relutante e enfrenta uma rebelião dentro de seu próprio partido. Em quatro dias, 31 integrantes da cúpula trabalhista abandonaram o shadow cabinet,  o governo paralelo que o partido que estiver na oposição mantém. Acusam Corbyn de ter falhado miseravelmente em conquistar os eleitores tradicionais do partido para o “sim” – o que faz prever um futuro desastre eleitoral.

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Boris Johnson, o ex-prefeito de Londres de cabelos amarfanhados e um plano bem reto para chegar ao poder, pareceria a escolha natural.  Ele arriscou tudo quando resolveu apoiar o Brexit e se tornou o nome mais conhecido, e formidavelmente convincente, da campanha.

Depois da vitória, fez outro de seus magníficos discursos, em tom sóbrio, colocando-se como o potencial condutor de uma saída soft, sem gestos que aumentem ainda mais a instabilidade criada pelo voto “sim”.

Mas Boris enfrenta uma grande oposição dentro do Partido Conservador. Dos 330 deputados do partido, 138 apoiaram o Brexit. Mesmo entre eles, muitos acham que Boris fez um cálculo oportunista – oportunismo e política não são exatamente opostos, mas é preciso saber administrar as ambições. Entre os que eram contra, Boris tem imagem pior ainda, claro.

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Entra aí Theresa May. Ela sempre falou mal da União Europeia pela complacência com criminosos  de todo tipo, mas apoiou o voto pelo “sim”. E, acima de tudo, tomou cuidado para ficar fora das paixões acionadas durante a campanha, em ambos os lados.

Como principal responsável pela segurança interna, pode dizer que, até agora, não aconteceu nenhum atentado terrorista de grandes proporções durante seu turno.  Para contrabalançar a imagem de durona com pregadores do terror islâmico e criminosos comuns estrangeiros, ele tem proibido a entrada no país de americanos conhecidos por acusar a religião muçulmana de ser um berço natural do extremismo.

Mesmo antes do plebiscito, Theresa May já era candidata a substituir Cameron. Se os fatos não tivessem interferido, o primeiro-ministro deixaria o governo em 2018, depois de dois mandatos completos.

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O candidato de Cameron à própria sucessão era George Osborne, o ministro da Economia que consertou a casa, mas rifou seu futuro ao apoiar a campanha pelo “sim” até com ameaças de medidas punitivas contra os eleitores. Dizer ao povo que a comida vai sumir de cima da mesa se não votar como o governo quer pega muito mal entre os britânicos.

Depois do plebiscito, Osborne voltou a ser um operador sagaz e antenado com a seriedade que o momento exige. Como foi ele quem mais arregalou os olhos quando Theresa May apareceu no Parlamento com o vestido vermelho de decote abusado, pode ser que saiba de algum segredo desconhecido pelo resto do partido.

Mas a ministra de 59 anos, que não está nem aí para as críticas a suas escolhas curiosas, e quase sempre erradas, em matéria de roupas e sapatos, não tem jeito de quem não se preparou para o poder. Em 2011, durante a onda de saques e quebra-quebras que engolfou Londres, ela cometeu o erro de dizer, pretensiosamente, que “nós não usamos canhões d’água para administrar” conflitos sociais.

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A  ministra e quase todo o governo estavam de férias, e polícia ficou olhando, sem fazer nada, durante três dias. Todos os responsáveis identificados depois foram levados à justiça

Theresa May pretende subir com seus sapatos de oncinha até o território sagrado de onde Margaret Thatcher dominou os destinos do país durante dez anos. Como ela, em proporção menor, evidentemente, Theresa é profundamente odiada pelas esquerdas. E cultuada, aberta ou secretamente, pelos que adoram uma dominação.

Não tem frases  fabulosas como as de Thatcher, mas  leva um certo jeito. Já disse: “Como Indiana Jones, eu não gosto de cobras – embora isso possa levar alguns a perguntar por que estou na política.” O serpentário está fervendo.

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