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As fotos problema de fuzileiras nuas e feministas hackeadas

Os legendários marines e a atriz mais famosa de Harry Potter estão enredados com a exposição de imagens roubadas que congestionam as redes

Por Vilma Gryzinski 15 mar 2017, 12h25

Como processar 30 mil fuzileiros navais americanos? E, diante da divulgação de uma batelada de imagens privadas, qual pode ser a reação de uma jovem atriz que já declarou não “entender” a relação entre uma foto sua com os seios entrevistos e suas posições como feminista?

As dúvidas são mais complicadas do que as respostas mais óbvias – fotos espalhadas sem o consentimento da pessoa fotografada são criminosas.

Primeiro, o caso dos fuzileiros. Um grupo fechado do Facebook chamado Marines United tinha 30 mil integrantes, da ativa e da reserva do Corpo de Fuzileiros Navais, dedicados ao tipo de comentário que muitos homens fazem sobre mulheres quando estão entre si – pensem naquele audio de 2005 de Donald Trump que capturou uma conversa particular bem crua.

Também escavavam e divulgavam fotos e vídeos de colegas sem roupa, capturadas da nuvem ou de ex-namorados ordinários. O New York Times fez uma reportagem sobre o caso assim que aconteceu com Savannah Cunningham, de 19 anos e longa cabeleira loura, alvo de um artilharia pesada de comentários obscenos.

“Alguém precisa levantar e dizer que isso não representa os valores dos Fuzileiros Navais”, disse a corajosa Savannah sobre sua decisão de começar o treinamento como marine.

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SEMPRE ENCRENQUEIROS

O problema, evidentemente, é que ela está enganada. O lema dos fuzileiros navais é Semper Fidelis (semper fai, dizem na forma abreviada e na pronúncia anglicizada do latim), mas, entre eles, brincam que são da turma que gosta de “quebrar coisas e matar gente”.

Também protegidos pelo anonimato, muitos reclamam de servir ombro a ombro com mulheres – 15 mil de um total dozes vezes maior.  Dizem que elas são favorecidas durante o treinamento famosamente rigoroso, depois não aguentam carregar o equipamento pesado e até se expõem a riscos desnecessários ao dispensar a incômoda parafernália de proteção contra tiros e explosões.

A corporação, que funciona como força expedicionária precursora,  foi a que mais resistiu à integração de mulheres em unidades de combate. A cultura de macheza arrogante é típica de qualquer organização militarizada – alguns acham que até é essencial para formar o espírito de corpo de guerreiros profissionais, preparados para  colocar a própria vida em risco.

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O espírito de porco também faz parte do pacote. Na era digital, os trotes e outras trolagens chegaram ao ponto odioso de envio de fotos roubadas das fuzileiros nuas para sites de pornografia. Elas são identificadas por nome, patente e foto oficial com fardamento completo.

O comandante dos fuzileiros, general Robert Neller, fez mea culpa em audiência no Senado e prometeu investigar e punir tudinho. Mas continua a questão: como enquadrar 30 mil marines?

“Fontes” do comando disseram que apenas cerca de 500 usuários do grupo acessaram os arquivos com as fotos comprometedoras. O grupo, claro, foi fechado, mas já está na terceira reencarnação digital.

HERMIONE HACKEADA

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Nos Estados Unidos, invadir a nuvem ou outras formas de hacker arquivos só pode ser considerado  crime para quem faz o primeiro acesso. Compartilhar imagens subtraídas se enquadra na liberdade de expressão garantida pelo primeiro artigo da constituição.

No caso de celebridades, que vivem ameaçando abrir processo e chamando o FBI, é mais complicado ainda, pois personagens públicas recebem tratamento diferentes. Nada de lei Carolina Dieckmann para elas.

O assunto do momento, nessa área, é a atriz Emma Watson, que cresceu e fez de tudo para se livrar da imagem de sabe-tudo metidinha de Hermione Granger, a principal personagem feminina de Harry Potter.

Tem quem ache que ela continua a ser exatamente isso, depois de estudar nas estelares Brown e Oxford. Um discurso dela sobre igualdade de gênero, como embaixadora da boa-vontade da  ONU, foi classificado como “chato, lacrimoso, reclamão”, não sem uma certa dose de razão.

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Emma posou recentemente para fotos de capa da revista Vanity Fair. Numa delas, usa um colete de trama bem aberta, mostrando os seios por baixo. Devido ao caráter moralizante do feminismo atual, muita gente cobrou coerência entre a foto e as posições assumidas pela jovem atriz.

Atenção: não foi só o pessoal politicamente incorreto que reclamou de incoerência entre feminismo e o uso do corpo para se promover. No site do Independent, Biba Kang escreveu que as mulheres, coitadinhas, “freqüentemente não conseguem sucesso na mídia sem vender sua sexualidade”.

Mas o problema mesmo é o sentimento de exclusão das outras, mais coitadinhas ainda, que se sentem sem espaço para “se expressar sexualmente” por não se enquadrar no padrão magra, branca e jovem.

EXIBICIONISMO

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O chororô tem uma capacidade infinita de se reproduzir. Emma escolheu uma resposta relativamente curta e com algo de provocação: disse que não entendia a relação entre seios e feminismo. Não muito brilhante, mas não inteiramente errada.

Agora, fotos dela na intimidade foram hackeadas, aparentemente pelo pessoal do 4Chan, um dos maiores focos de tudo o que existe de politicamente incorreto e até perigoso. O termo alt-right, ou direita alternativa, associado equivocadamente ao site Breitbart News e ao agora poderoso Steve Bannon, conselheiro de Donald Trump, na verdade é a definição por excelência do 4Chan.

Memes e outras intervenções do 4Chan contribuíram para a eleição de Trump, em medida evidentemente impossível de ser quantificada. A briga, portanto, agora é entre uma turma de ultra-direita e uma atriz da esquerda festiva. No mundo de hoje, tudo acaba em Trump.

Nada disso aconteceria se as envolvidas fossem prudentes e não se deixassem fotografar em poses que não gostariam de ver expostas em público. Como pedir prudência e contrariar o exibicionismo natural do ser humano são propostas  não apenas impossíveis como inúteis, muitas fotos comprometedoras continuarão a aparecer. Se cuida, Trump.

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