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A queixa de Kesha: estupro é crime grave

Cantora perde primeiro processo contra produtor a quem acusa de abuso

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h21 - Publicado em 27 fev 2016, 13h56
Tique-taque: o relógio está andando para Kesha

Tique-taque: o relógio está andando para Kesha

Quem vê por fora, ou em cima do palco, salta logo para conclusões sobre a cantora americana Kesha: parece funkeira, com letras muito abusadas, corpo cheio de curvas, toneladas de maquiagem e cabelo roxo ou seja lá qual for a cor do momento. Ela começou a carreira como Ke$ha, com o cifrão no lugar da letra S, apologia ao dinheiro digna dos grandes, ou pequenos, rappers – o nome dela é esse mesmo, Kesha Rose Sebert, mas da maneira como é pronunciado em inglês pode soar como cash, ou dinheiro vivo.

As lágrimas que molharam seu rosto na sexta-feira, quando perdeu um de seus processos contra a gravadora Sony, no qual pedia que não fosse mais obrigada a trabalhar com o produtor Dr. Luke, a quem acusa de abuso sexual e emocional, contam uma história diferente. Kesha é instável, infeliz, insegura. Nas suas próprias palavras, “destruída e traumatizada”.

Quando passou dois meses numa clínica de recuperação, em 2014, Kesha estava sofrendo de bulimia, o mesmo distúrbio que atormentou a princesa Diana: os doentes comem e depois vomitam, movidos por um medo patológico de engordar. Kesha conta que quando foi descoberta pelo produtor, as 18 anos, ele disse que ela parecia uma geladeira de tão gorda e determinou que fizesse regime para emagrecer. As curvas de funkeira, na verdade, eram fonte de tormento para ela.

Kesha também acusa o produtor, cujo nome real é Lukasz Gottwald, de outros abusos, inclusive estupro com o uso de drogas que deixam a vítima fora de ação. Gottwald abriu seu próprio processo contra a cantora, por falsa denúncia de crime. A questão da violência sexual ainda não foi a julgamento.

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Outras cantoras do primeiríssimo time da música pop fizeram manifestações de apoio a Kesha. Adele, a cantora inglesa de voz celestial que também tem contrato com a Sony, falou nela ao receber um prêmio; Taylor Swift doou 250 mil dólares para ajudar com as despesas com advogado e Lady Gaga postou um vídeo cheio de emoção. A história de Lady Gaga tem suas próprias turbulências. No ano passado, ela contou que havia sido estuprada por um produtor quando tinha 19 anos e demorou até conseguir superar emocionalmente a brutalidade. O advogado de Kesha perguntou por rede social “adivinhem quem foi” e é claro que muita gente respondeu Dr. Luke. Gaga negou categoricamente que tivesse sido ele.

Em alguns casos que se tornaram infames nos Estados Unidos, o desejo de acolher as vítimas de violência sexual, compensando assim tanto tempo em que muitas mulheres foram acusadas de “facilitar”,  acabou gerando o efeito oposto: denúncias falsas e altamente prejudiciais para os homens envolvidos.

Em 2014,  a revista Rolling Stone teve que desmentir inteiramente  uma reportagem em que uma jovem que havia estudado na Universidade de Virginia acusava de estupro  sete colegas, membros daquelas típicas irmandades americanas. Tudo mentira – e três dos acusados, facilmente identificáveis através de detalhes mencionados na reportagem, estão processando a revista. Lena Dunham, a jovem autora da série Girls, onde expõe até o limite fraquezas de caráter e excesso de peso, também se enrolou em sua bem precoce autobiografia ao contar um caso de violência sexual sofrido na faculdade.  O acusado, um “republicano”, claro, foi identificado e conseguiu comprovar que era tudo mentira.

A “menina do colchão”, que andava por Columbia com um colchão nas costas como protesto contra um suposto estupro, armou contra o namorado alemão: disse que tinham um relacionamento, certa noite fizeram sexo várias vezes e ele partiu para uma modalidade contra-lateral, sem o consentimento dela. Era para protestar contra a inação da universidade que Emma Sulkowicz, filha de psicanalistas famosos, a mãe de origem chinesa e o pai de família judia,  andava com o colchão. Na verdade, ela recuou nas acusações e transformou tudo numa performance artística. O namorado mostrou as mensagens carinhosas dela, depois da violência denunciada, e agora está processando Columbia. A família dele, de classe média, fez um empréstimo para bancar o caso.

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Uma denúncia falsa de estupro, além do grave prejuízo ao acusado, também prejudica muitas mulheres que foram vítimas reais de ataques, mas temem cair na zona de sombra, aquela que fica na área de dúvida.

Pela atenção que passou a despertar, Kesha agora tem uma responsabilidade não desejável, mas inevitável: falar não apenas em nome próprio, mas no de muitas vítimas reais, que sofrem com denúncias mentirosas de falsas violentadas.

“Eu falo sobre homens do mesmo jeito que os homens falam sobre mulheres. Acham chocante apenas porque eu não tenho pênis”, já disse Kesha sobre suas letras. Ela aprendeu a compor com a mãe, que era pobre e solteira, e fez vários sucessos para outras cantoras.  O relógio da justiça já está dizendo tique-taque para Kesha. Ela tem de ir adiante até baixar a polícia, como diz numa de suas músicas. Mesmo que perca outro processo, que deixe demonstrada sua honestidade.

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