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A guerra do futebol: Trump pega a bola e bota fogo no campo

Não é inútil discutir a atitude de esportistas durante o hino nacional, mas também não é vital. Adivinhem qual a opção de um certo presidente?

Por Vilma Gryzinski 26 set 2017, 09h38

Pátria, religião, família e futebol. Americano, evidentemente. Tudo o que as esquerdas odeiam sobre os Estados Unidos está em algum lugar dessa quadra.

Por isso, é muito interessante acompanhar como vai se desenrolar um conflito de baixa intensidade que corria no meio e que Donald Trump elevou a furacão categoria 5.

Por enquanto, a situação é a seguinte:  20% dos jogadores de futebol aderiram a alguma variação do protesto iniciado há um ano por Colin Kaepernick, ao se ajoelhar durante o hino nacional, depois que Trump sugeriu, em linguagem bem crua, a demissão dos “filhos da ****” que desrespeitam tudo o que a Bandeira Estrelada representa.

A audiência dos jogos de domingo caiu 10% e torcedores mais exaltados botaram fogo em camisas de seus ex-ídolos. Um jogador menos conhecido, Alejandro Villanueva, virou herói dos que amam o hino ao se tornar o único de seu time a sair do vestiário, meio que por acaso, na hora da execução – e a camisa dele se tornou a mais vendida. Ele foi do Exército e se atrapalhou nas explicações, mas ganhou com um dos lados.

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O mais conhecido jogador de todos, Tom Brady,  ridicularizado pela imprensa antitrumpista ser considerado de direita, conseguiu algumas simpatias ao descer brevemente do muro para criticar Trump e elogiar os colegas.

Com a ressalva que todos não precisam “concordar em tudo”, uma vez que “é difícil concordar com a esposa em tudo no dia a dia”. Todo mundo sabe a quem ele está se referindo.

MÃO NO CORAÇÃO

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É claro que o assunto se tornou um dos mais comentados de todos os tempos. Nada mobiliza tantas paixões e nenhuma outra figura política conseguiria falar em linguagem remotamente parecida com a de Trump.

Para entender o que o futebol lá deles representa na cultura americana é preciso fazer a conexão com as classes sociais. Nos Estados Unidos, futebol é o esporte do povo do interior, do pessoal põe a mão no coração quando ouve o hino com o mesmo respeito com que ouve  o pastor.citar trechos bíblicos. Beisebol, por exemplo, é considerado mais classe média.

Tem também a linguagem corporal de um ritual de machos, com jogadores gigantescos se chocando como bisões no cio. Os fãs mais desconfiados cogitam até de uma futura atenuação nas regras do jogo, com o pretexto dos casos de encefalopatia traumática crônica sofridos por jogadores.

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Esse público tradicional já estava aborrecido com a “politização” do futebol desencadeada há um ano por Colin Kaepernick, o iniciante do protesto ajoelhado na hora do hino para não “mostrar orgulho por um país que oprime negros e pessoas de cor”.

Kaepernick virou praticamente um mártir dos antitrumpistas e progressistas em geral, unidos pela convicção de que todos os casos em que cidadãos negros foram mortos pela polícia são consequência do racismo.

É uma questão de alta complexidade. Houve casos em que abusos policiais aparentes foram desmentidos durante as investigações e houve casos de aparente leniência do sistema judiciário.

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ATÉ QUANDO?

Devido ao teor político e emocional de extrema volatilidade, é também muito difícil ter uma visão imparcial do conjunto desses episódios: ou “a polícia está na rua para matar negros” ou “a polícia é perseguida” quando age em legítima defesa ao abordar indivíduos que se comportam de maneira perigosa.

Kaepernick estava sem contrato, embora bem longe da insolvência: em breve e não muito destacada carreira, já fez 22 milhões de dólares. Um número relativamente pequeno de jogadores, inclusive de basquete, havia levado o protesto adiante.

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Com as genuflexões generalizadas depois da declaração crua de Trump – acompanhada, claro, por tuítes mais abusados ainda -, criou-se um problema do tipo que não precisava existir: todo mundo que ajoelhou vai continuar ajoelhando em todos os jogos? Até quando?

Por trás dela, existe uma questão mais importante: Trump vai se barricar com os “fiéis”, cerca de 35% do eleitorado que o aprova com entusiasmo e aplaude as críticas aos jogadores milionários que não mostram respeito pelo hino como representação musical da pátria?

O jogo bruto pode ter sido um agrado à base, depois da abertura que fez a um possível acordo com o Partido Democrata num aspecto da questão imigratória, entre outras manifestações de flexibilidade.

Jogar só para uma turma inviabiliza qualquer tipo de governo. Principalmente depois que esta turma descobrir que, mais chato do que jogadores que fazem protestos, é um domingo sem futebol e cerveja.

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