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Miguel Nicolelis: ‘A ciência já superou a ficção científica’

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Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 ago 2018, 18h35 - Publicado em 16 ago 2012, 15h04

O médico Miguel Nicolelis e o físico Pierluigi Piazzi discutiram a relação entre a ciência e a ficção científica na noite desta quarta-feira, na Bienal do Livro de São Paulo. Para Nicolelis, tanto as obras de ciência como as de ficção científica perderam seu caráter mágico. E por dois motivos: muitos de seus enredos se tornaram realidade com a evolução do conhecimento e a ficção científica atual vem mostrando um mundo sinistro, fadado à destruição. Nada encantador.

Segundo Nicolelis, a biologia influenciou escritores como Arthur Clarke (de 2001: Uma Odisseia no Espaço) e Isaac Asimov (de Trilogia da Fundação), que também eram cientistas. Mas, em determinado momento, a ficção científica foi além da realidade, criando cenários ainda distantes de serem alcançados pelo desenvolvimento científico. Como exemplo, ele citou o romance O Parque dos Dinossauros, de Michael Crichton, que depois deu origem ao filme de mesmo nome dirigido por Steven Spielberg. Na história, um cientista cria um parque com os seres pré-históricos a partir da extração de material genético preservado em insetos. O médico lembra que o procedimento mostrado no livro, de 1990, reflete “um ponto alto” da ciência biológica de vinte anos atrás. Mas hoje, 22 anos depois, esse tipo de experimento já é visto por cientistas como lugar-comum. O que era fantástico agora é padrão.

Por outro lado, nos últimos anos a ciência vem superando a ficção científica em muitos aspectos. Em áreas como a neurociência, os escritores ainda não atingiram o limite da imaginação dos cientistas, segundo Nicolelis. A autonomia do cérebro em relação ao resto do corpo é um campo que está em franco desenvolvimento em laboratório, com os primórdios de uma tecnologia que permite transmitir pensamentos à distância, mas não registra o mesmo avanço na ficção.

Explica-se. Num experimento feito no Japão, as informações cerebrais que comandam os movimentos de um macaco foram transmitidas, via computador, para um robô. Quando o cérebro do animal ordenava um movimento, ele era executado também pelo robô. O mais surpreendente era que o processo eletrônico chegava a ser 20 milissegundos mais rápido do que o “comum”. Ou seja, se o cérebro enviasse ao mesmo tempo uma mensagem ao corpo do macaco e ao robô para que eles pisassem o chão, o robô executaria a tarefa antes.

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O novo mundo terrível – De acordo com Miguel Nicolelis, a ficção científica atual se vale de uma reciclagem de antigas ideias, empregadas para o “lado negro da força”. O mundo que ela mostra é caótico, à beira da destruição: “É uma realidade de terror. A ciência fornece material para a criação de um mundo pior do que o nosso”, disse ele. Se nos tempos de Asimov e Arthur Clarke a ciência era uma forma de conhecer um universo novo e mágico, hoje ela é vista como “condutora da nossa destruição”.

O médico contou que, quando visita escolas e diz que é cientista, as crianças até se seguram nas cadeiras, apreensivas. “É como se eu fosse revelar para elas de qual forma a Terra vai ser aniquilada”, brincou.

O físico e professor Pierluigi Piazzi concordou com o médico sobre o poder mágico da ficção científica que se fazia antes, aquela que o inspirou a estudar ciência. Para ele, o gênero não só influencia a formação de novos profissionais da área, mas também contribui para a criação de leitores, uma vez que suas histórias são instigantes. E, num país que lê pouco, a ficção científica pode ajudar a melhorar o quadro ainda modesto de jovens leitores.

 

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